A vida e a morte dos soldados ou as preocupações das
famílias que ficaram em Portugal são os temas centrais de várias composições
musicais que, durante a guerra ou nos anos seguintes, foram cantados por
diversas estrelas da música portuguesa.
Ercília Costa ou António Menano, por exemplo, eram dois
compositores e fadistas bastante reconhecidos naquele período, tendo dado voz a
diversos temas sobre a temática da guerra. Algumas canções tiveram mais que uma
vida, tal como aconteceu com o "Fado das Trincheiras", composto em 1940 para o
filme "João Ratão", que após a deflagração do conflito em Angola, em 1961,
voltou à ribalta na voz de Fernando Farinha, como um dos hinos da guerra do
ultramar.
Recordamos alguns dos temas relacionados diretamente com o conflito
que foram compostos entre as décadas de 10 e de cinquenta do século passado. Em
alguns casos a gravação foi feita diretamente dos discos de 78 rotações, razão
porque a qualidade pode não pode ser a
melhor.
Fado que exalta de o heroísmo de um soldado português que em França salvou uma jovem. Apesar do ato o seu nome não ficou registado.
Carta de soldado à mulher em Portugal. Conta que ficou mutilado durante a batalha de La Lys. Lamenta-se da sua sorte e pede à mulher que nada diga aos pais.
A mulher em Portugal responde à carta do marido mutilado durante a batalha de Lys. Conforta o soldado ferido mostrando-se feliz por ele ter sobrevivido, mostrando-se ansiosa pelo seu regresso.
A canção retrata o momento em que um casal se despede porque o marido, um soldado, vai partir para guerra.
Sátira aos oficiais superiores que no final da Guerra, face ao elevado número de baixas, eram muitas vezes apontados como carniceiros sem visão estratégica ou coração.
A versão original foi escrita para o filme João Ratão, de 1940, que retrata o regresso de um soldado português a casa após ter participado na I Guerra Mundial. O tema renasceu nos anos sessenta, na voz de Fernando Farinha, após o início da guerra colonial em Angola.
O título completo é "Manel, carta para Maria de expedicionário português na I Guerra Mundial". Está escrita como se de um tango se tratasse e pretende reproduzir as passagens de uma carta escrita pelo soldado "Manel" à sua esposa Maria.
No final da guerra ficou célebre a imagem de uma cruz de madeira colocada pelos alemães sobre a campa de um soldado português onde se podia ler em alemão: "Aqui jaz um corajoso soldado português". Esta imagem está na origem deste fado de Alcídia Rodrigues. A cruz encontra-se no Museu Militar de Lisboa.