Em pleno Verão há quem garanta que nada sabe tão bem quanto uma cerveja geladinha. Conforme o copo e a região esta refrescante bebida ganhou nomes muitíssimo variados: tulipa, lambreta e aqui no Porto "fino". O que é que a cerveja tem a ver com a Primeira Guerra Mundial é o que lhe revela o próxima Postal da Grande Guerra!


Pois é, em Lisboa e arredores é imperial – o que talvez não saiba é que a culpa é dos alemães, mais propriamente da fábrica de cerveja Germânia. Criada há mais de um século, o seu proprietário era Carlos Barral Filipe, um médico-cirurgião que apostava nas propriedades benfazejas deste elixir, estendeu a fábrica por um quarteirão inteiro de uma avenida de Lisboa. 


Conhecida dos lisboetas pelas galeras de distribuição puxadas a mulas - a imperial andava pelas ruas de Lisboa – imperial a águia negra, a águia germânica, entenda-se.


E se a bebida caía bem no estômago, o mesmo não acontecia com a ave de rapina desde que a Grande Guerra começara. Apressa-se a fábrica a tapar a águia em 1914…

Onde antigamente se ostentava a águia negra, atravessando lisboa, nos carros da cerveja, e hoje encoberta pelo modesto letreiro, Sociedade Portuguesa Germânia, a letras verdes e encarnadas!

Portugal venceu a Alemanha… nas carroças!

Mas quando a Alemanha declara guerra a Portugal em 1916, já nem o nome cai bem…



Um incidente Na fábrica “Germania”

"Uma comissão de revolucionários do grupo Defesa da república, de Arroios,porque lhe constasse que se preparavam manifestações hostis contra a fábrica da cerveja Germania, foi ontem a esse estabelecimento e falou com um dos proprietários,

O Século

o qual se apressou a explicar que o escudo que a fábrica ostenta não era alemão, como alemã não é a fábrica, pois que os seus proprietários são portugueses."


Para evitar, porém, que houvesse qualquer mal-entendido, o Sr. Henriques Carvalho mandou imediatamente cobrir o escudo e declarou que não podia despedir o técnico alemão que ali tem, porque, não havendo quem saiba fabricar a cerveja, se tal fizesse, se veria forçado a encerrar a fábrica, ficando mais de 300 operários sem colocação.


O gerente técnico, Richard Eisen lá pode ficar em Portugal para a tão nobre tarefa de fabricar a cerveja, o nome imperial manteve-se nas bocas do povo, que o paladar já se habituara ao néctar, o nome Germânia é que não podia ser.

E se ainda não adivinhou, a Germânia deixou de sê-lo e passou a Portugália ali na Almirante Reis em Lisboa.



Agradecimentos:
Central de Cervejas (imagens e documentação)