Algumas imagens da cidade do Porto na época:
Ilustração Portuguesa - Hemeroteca Nacional de Lisboa
Acompanhando a pressa dos portuenses em ter a sua nova estação, o artista Jorge Colaço concluiu a sua obra em azulejos muitos antes de o vestíbulo estar pronto.
Motivos históricos, regionais, alegóricos, Mestre Jorge Colaço recheou o projecto de arquitectura de Marques da Silva com imagens, hoje restauradas.
Há cem anos, a par da pontualidade dos comboios, os homens que partiram para combater em França olharam também eles para estas imagens.
Estação de S. Bento - Créditos: Dario de Sá e Silva; DR
Estação de S. Bento - Créditos: João Paulo Frade; DR
"Adeus, adeus, terra de Portugal! Farrapos de panorama, relâmpagos de beleza, entreluzindo pela janela do comboio." - Jaime Cortesão
Imagens da exposição “Ei-los que partem…” - 5 a 23 de outubro 2016 nas comemorações dos 100 anos da Estação de São Bento.
Diário do Soldado nº 413, Laurindo Soares da 1ª Companhia do Batalhão de Sapadores dos Caminhos-de-Ferro - Museu Militar do Porto
Últimas despedidas - Arquivo Histórico Militar
Militares numa estação de caminho-de-ferro - Arquivo Histórico Militar
Zona de embarque - Arquivo Histórico Militar
Militares a embarcarem - Arquivo Histórico Militar
Milhares de homens iam chegando a Lisboa de comboio para embarcarem em navios. O transporte das tropas para França tinha de ser feito por mar visto a Espanha ser neutral e não admitir a passagem de tropas beligerantes.
Apenas alguns pequenos grupos militares seguiram por comboio até Paris, mas vestidos à civil e disfarçados de turistas para não ofender a neutralidade de Espanha.
A Ilustração Portuguesa noticiava "os elogios feitos ás tropas portuguesas pela forma elevada e serena por que partem a unir-se aos exércitos anglo-franceses".
Ilustração Portuguesa - Hemeroteca Municipal de Lisboa
Mas até o embarque no comboio para Lisboa podia ser problemático:
Últimas despedidas - Arquivo Histórico Militar
No cais de embarque - Arquivo Histórico Militar
Muitos homens não queriam embarcar no comboio que os levaria à capital. Houve uma série de motins em batalhões de Infantaria: de Lagos, Penafiel, Lamego.
Em Janeiro de 1917, as tropas de um batalhão de Infantaria de Leiria insubordinaram-se tentando dificultar o embarque no comboio e depois tentaram não embarcar no cais de Alcântara. Motim semelhante em Santarém, com a recusa de embarque no comboio para Lisboa.
Mais animados, os sapadores dos Caminhos de Ferro. Na Gazeta dos Caminhos de Ferro este meio é descrito como "um maravilhoso sistema de transportes de homens e víveres", e também "como uma verdadeira arma de guerra".
O batalhão de sapadores dos Caminhos de Ferro consistia em 1000 homens.
À chegada a França, os ingleses julgavam que se tratava de companhias de trabalhadores e não de companhias de caminhos de ferro de engenharia, o que deu azo, mais uma vez, a alguns desentendimentos com os ingleses. No entanto, no relatório final feito pelo comando inglês o nosso papel foi enaltecido.
A construção, conservação e exploração de linhas férreas até muito próximo das primeiras linhas de defesa era fundamental. E claro, o meio para colocar o mais à frente possível os grandes canhões.
Assim, com maior ou menor vontade de chegar à frente de combate, entre Fevereiro e Março de 1917 foram transportados cerca de 20.000 homens chegando a Lisboa de comboio para partir para Brest de navio.