Fábrica Breguet
O que muitos acabavam por não incluir nos gastos eram ‘curiosos
pormenores' como referiu no entanto um artigo do jornal a Capital em maio de
1916. Sobretudo, os custos dos aeroplanos usados como arma.
Diz o jornal que um aeroplano "todo equipado para a guerra"
pode custar cinco ou seis mil escudos mas não dura mais do que cinco ou seis
meses"... o motor a partir daí já só serve para sucata vendida a peso.
A Capital
Um certo exagero, que ignora os prodígios dos mecânicos que
mantinham no ar as máquinas às vezes anos seguidos.
Mas o jornal faz também as contas aos custos de combustível
e de óleo de lubrificação.
O motor mais fraco, o Le Rhône de 80 Cavallos pode consumir "até
28 litros de gasolina e 3 litros de óleo" por hora.
Motor Rhône Morane
O de potência superior de 110 cavalos pode consumir por hora
"45 litros de gasolina". Ambos equipavam os caças Morane e Nieuport, cujas velocidades
máximas rondavam os 130 a 140 quilómetros por hora.
Já o motor Salmson dos Voisin, de 150 cavalos consome "60
litros de gasolina e 4 de óleo" e os Renault dos Bréguet, "de 200 cavalos,
gastam até 75 litros de gasolina e 5 de óleo".
Um simples raid de
observação de 250 quilómetros de uma simples esquadrilha podia assim custar só
em combustível e óleo "mais de 100 mil réis".
Mas um raid de
bombardeiros, composto por três esquadrilhas, "custa só em óleo e combustível
mais de um conto e quinhentos e leva apenas quatro horas a efetuar" diz o
artigo.
O Jornal lembra ainda que as avarias e os acidentes são
comuns - sendo os propulsores de "uma inverosímil fragilidade."
E cita dois casos mórbidos e fatais. Num, o "cachecol"
enrolou-se na hélice e partiu-a em mil pedaços". No outro, foi mesmo uma
carabina, deixada cair: a "hélice partiu-se logo e uma das pás destacada do
resto e animada de prodigiosa velocidade cortou o aparelho ao meio".
Outro ponto de interesse para o articulista: a forma de
comunicar entre piloto e observador.
Como o "ruído do motor é de ensurdecer e ambos tiveram a
precaução de encher os ouvidos com algodão em rama, entendem-se por escrito ou
por sinais."
Em caso de combate, o piloto coloca o aparelho "na posição
mais favorável para que o atirador possa atirar. Encontrada essa posição, pára
um instante o motor" e "tem a palavra a metralhadora". Os virtuosos do ar
dispensam geralmente o observador e "em combate comandam o aparelho com as
pernas e com as mãos servem-se da metralhadora que atira através da hélice",
que foi reforçada para não se partir.
Em caso de queda atrás das linhas inimigas, resta ao aviador
"incendiar o aparelho" com o combustível que lhe resta e aguardar a detenção,
prometendo sob compromisso de honra que "não tentará escapar".