Depois de apresadas dezenas de navios alemães nos portos portugueses e tendo a Alemanha declarado guerra a Portugal em Março de 1916, decide o governo expulsar de Portugal todos os súbditos alemães, exceptuando os alemães de sexo masculino entre os dezasseis e os 45 anos que foram enviados para campos de concentração ou depósitos de concentrados.
E mais: decidiu retirar-se a nacionalidade portuguesa aos alemães naturalizados portugueses, aos filhos de alemães, mesmo que nascidos em Portugal, e até quem tivesse apenas bisavós alemães precisava de autorização para ficar em território luso.
Isto criou
uma vaga de requerimentos entre os cidadãos alemães, ou filhos de alemães
residentes em Portugal, como foi o caso de Carolina Michaëlis de Vasconcelos,
para os quais se abriu uma excepção.
Aquilo com
que o governo não contava era que houvesse uma ilustríssima figura - tão
ilustre que nunca poderia ser expulsa - um facto aproveitado pela imprensa da
época.
Estando em
vigor a "censura preventiva", muitos destes textos não chegaram a ser
publicados.
O humor
aparentemente também era considerado "boato ou informação capaz de
alarmar o espírito público ou de causar prejuízo ao Estado, quer à sua segurança
interna quer externa", ou fazendo" afirmação ofensiva da dignidade ou do
decoro nacional".
Ao expulsarem os alemães, o governo esqueceu-se que o hino nacional
"A Portuguesa" era afinal fruto do " sr.
Alfredo Keil filho d'um allimão. Logo a Portuguesa é neta d'um allimão e
portanto está incursa na lei publicada há dias. D'aqui é que não há que fugir.
A Portuguesa é allimã
e allimã dos quatro costados."
Mas os próprios aliados, neste caso França, haviam já
criticado o hino nacional.
Biblioteca Nacional de Portugal