O PCP ainda é oposição aos socialistas. Foi esta a ideia-chave que serviu de base, esta sexta-feira, ao discurso de abertura do XXI Congresso do PCP, a decorrer em Loures. Um dia depois de a abstenção do partido ter ajudado a viabilizar o Orçamento do Estado para 2021, o secretário-geral dos comunistas, Jerónimo de Sousa, quis deixar claro que foi por causa de um PS “amarrado a opções de classe” que a fórmula da maioria parlamentar de esquerda não foi “mais longe”.
A denominada geringonça, sustentou o secretário-geral do PCP, não foi “mais longe” porque “o PS continuou amarrado a opções de classe que limitaram o alcance e extensão da resposta que seria necessária”.
O XXI Congresso do PCP realiza-se até domingo no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures.
É também por responsabilidade dos socialistas, ainda segundo Jerónimo, que perduram “opções essenciais da legislação laboral, a não recuperação pelo Estado de sectores estratégicos, que têm estado presentes em décadas de política de direita”.
Jerónimo de Sousa lamentou que a “nova fase da política nacional”, com início em 2015, após a governação de PSD e CDS-PP, não tenha alterado “de forma significativa a situação que há muito se apresentava desastrosa” em termos económicos. Um quadro “brutalmente” agravado pela crise da pandemia.
“O impacto da epidemia, o seu aproveitamento pelo grande capital e a ausência de resposta necessária por parte do Governo do PS, associados a fragilidades estruturais do país convergem para um cenário de quebra acentuada do PIB, para o agravamento significativo da dívida pública”.
“Ofensiva anticomunista”
Depois de anunciar as adesões ao PCP de 1500 novos militantes, Jerónimo denunciou uma “ofensiva reacionária e anticomunista”, ao abrigo da qual “os inimigos dos trabalhadores” visam “atacar, enfraquecer e destruir o partido”. Sérgio Vicente, Matilde Gomes - RTP
O dirigente comunista admitiu que o partido tem vindo a debater-se com uma “redução do efetivo” nos últimos quatro anos. E que as admissões não cobriram as saídas. Ainda assim, fecharia o discurso com a exortação a “um partido mais forte e mais influente”
PCP “não se dá ao privilégio e ao egoísmo para se resguardar”
Quanto às críticas que têm sido desferidas ao partido, por causa da realização de um congresso em tempo de restrições sanitárias, Jerónimo de Sousa argumentou que esta reunião magna tem também por objetivo deixar patente que o PCP não quer resguardar-se “enquanto centenas de milhares de trabalhadores estarão nos seus locais de trabalho todos os dias”.
O PCP, disse, “não se dá ao privilégio e ao egoísmo para se resguarda, enquanto centenas de milhares de trabalhadores estarão nos seus locais de trabalho todos os dias, resistindo à intensificação da exploração a pretexto da epidemia e têm que utilizar transportes”.
Jerónimo garantiu que o XXI Congresso “demonstrará, mais uma vez, que a realização de atividades é compatível com a prevenção da saúde”, uma vez que foram adotadas “medidas de prevenção da saúde”.
Desta feita, os cerca de 600 delegados presentes em Loures sentar-se-ão em cadeiras e nas bancadas, sem disporem de mesas. Não estarão presentes quaisquer delegações estrangeiras.
c/ Lusa
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