Perdido o apoio do CDS-PP na candidatura à Câmara Municipal de Loures, André Ventura saiu esta terça-feira a público para lamentar “a saída” e, ao mesmo tempo, acusar o partido de Assunção Cristas de ceder “à pressão de alguma esquerda”. Cresce a controvérsia em torno do candidato que conserva, por agora, o apoio do PSD e do PPM, depois de ter apontado o que descreveu como “excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas”, nomeadamente os ciganos.
Nas últimas horas o CDS-PP retirou mesmo o apoio a André Ventura, propondo-se tomar “um caminho próprio” nas autárquicas em Loures. E exprimiu “profundo incómodo” face à postura reiterada pelo candidato lançado há cinco dias pelo líder laranja.
André Ventura não demorou a reagir à decisão dos democratas-cristãos.
“É ceder à pressão de alguma esquerda, que está aterrorizada com esta candidatura. Sinto total confiança do meu partido, o PSD, e vou até ao dia 1 de outubro com esta candidatura”, retorquiu em declarações recolhidas pela agência Lusa.
“Lamento a saída do CDS-PP de um projeto que eu acho vencedor e no qual as pessoas se reconhecem. Embora esteja no seu direito, acho que é de lamentar”, frisou.
“Acima das regras do Estado de Direito”
Foi numa entrevista ao portal Notícias ao Minuto, publicada na semana passada, que André Ventura começou por se referir ao que considerou ser a “excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas”.
A presidência da autarquia deverá ser disputada nas eleições de 1 de outubro por Bernardino Soares (CDU), André Ventura (PSD e PPM), Sónia Paixão (PS) e Fabian Figueiredo (BE).
Na segunda-feira, nas páginas do jornal i, o candidato à presidência da autarquia de Loures apontaria o dedo a pessoas que “vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado” e que, reforçou, consideram “que estão acima das regras do Estado de Direito”. André Ventura particularizou esta posição, referindo a etnia cigana.
Entretanto, à semelhança do PS, o cabeça-de-lista do BE em Loures veio instar o líder do PSD a pulverizar a candidatura de André Ventura.
”Estendemos esse apelo ao PS e à CDU, constituída pelo PCP e PEV. Que sejam claros, que se pronunciem, e fazemos votos que recusem e façam das palavras do Bloco as suas, que digam desde já que estão indisponíveis para fazer qualquer tipo de acordo de coligação, de maioria, de governo, com o PSD e com André Ventura”, exortou Fabian Figueiredo.
Por sua vez, a coordenadora do partido, Catarina Martins, reiterou que “o incitamento ao ódio e ao racismo em Portugal não pode passar em branco”.
A Câmara de Loures é presidida desde 2013 pelo antigo líder parlamentar comunista Bernardino Soares. O atual executivo é ainda composto por quatro vereadores da CDU, quatro do PS e outros dois da Coligação Loures Sabe Mudar, que agrega PSD, MPT e PPM.
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