Universidade Verão do PSD. Marcelo desafia sucessores a serem melhores que ele em Belém

por RTP
Nuno Veiga - Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa desafiou os sucessores a fazerem melhor do que ele na Presidência da República. Na Universidade de Verão do PSD assumiu que sempre apostou na proximidade, mesmo que isso significasse uma espécie de competição ou concorrência com forças populistas.

"Tentar aparecer primeiro, onde é necessário aparecer. É um fogo, é um fogo. É um acidente, é um acidente. É um problema na administração pública, é um problema na administração pública. É um problema pessoal, ou social ou local. Se eu conseguir chegar ao fim do mandato tendo preenchido esse objetivo. Posso não ter preenchido outros, mas esse está atingido, espero que os meus sucessores esse não percam e, naquilo que eu falhei, façam muito melhor do que eu”, desejou.

Marcelo afirmou ainda que até que gostava que essa marca dos mandatos que cumpriu se mantivesse com os próximos presidentes.

O que eu gostaria de deixar, eu acho que provavelmente aquilo que talvez deixe é ter sido um presidente de proximidade”, definiu.

O chefe de Estado considerou que o grande problema dos políticos é a “descolagem das pessoas”, e disse ter feito “tudo o que era possível para responder a essa quebra, a essa desvinculação”.

“Ter procurado a proximidade em todas as circunstâncias, às vezes com riscos, como seja o risco de, para se estar junto das pessoas, estar-se em competição com forças ditas populistas, uma concorrência não querida, não desejável, nem desejada”, disse, justificando a necessidade de aparecer primeiro seja num fogo, num acidente ou num problema registado na administração pública.

Na sua décima participação da Universidade de Verão do PSD – a primeira de forma presencial desde que é Presidente da República -, o diretor da iniciativa, o eurodeputado Carlos Coelho, considerou-o uma das almas da academia de formação política e brindou-o com um filme das suas anteriores participações, a primeira em 2005.
Russofobia é atentado à inteligência
Num discurso de mais de duas horas, o Presidente da República afirmou ser contra a russofobia e considerando mesmo que é uma ofensa à inteligência.

"Eu nunca alimentei a russofobia. Independentemente daquilo que se pense sobre a guerra é um disparate total aquilo que se assistiu. Que é não se toca mais compositores russos, não se passa mais filmes russos. Toda a história russa é esquecida, toda a cultura russa é omitida. Isso não existe. Isso é uma coisa sem senso. E quem pensa assim, e reage assim, perde boa parte da sua razão quando defende a causa que quer defender. É uma forma estúpida de defender uma causa".
Na longa intervenção, procurou fazer uma “pré-história da guerra”, passando pela anexação da Crimeia e pelas responsabilidades do ex-presidente Donald Trump no aumento da influência da Federação Russa, e deixou elogios à capacidade de resistência do povo ucraniano e de liderança do presidente Zelensky.

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou ainda a capacidade da União Europeia atuar unida nesta guerra – “se se tem desunido, perdia o seu papel no mundo” – e, a uma pergunta se o país beneficiaria de ter um português à frente do Conselho Europeu, respondeu de forma genérica.

“Se Portugal ganha em ter um português em postos chave na organização do mundo? Isso ganha, parece uma evidência”, disse, sem se alongar sobre o tema, numa pergunta que parecia ter como destinatário o futuro do primeiro-ministro António Costa.
“Há questões mais graves” do que o beijo polémico 

No meio de um discurso focado na Ucrânia, Marcelo Rebelo de Sousa disse também que há coisas muito menores que ocupam a atenção mediática, referindo-se ao beijo que o agora suspenso Presidente da Federação espanhola de futebol deu a uma jogadora.

Há coisas tão menores que ocupam a atenção das pessoas. Beijou melhor, ou beijou pior. Ainda que tenha beijado. Também são questões de princípio fundamentais. Mas, perdemos tanto tempo, no dia-a-dia, às vezes com coisas menores de importância, de detalhe, insignificantes”, frisou.
Marcelo retomou o assunto, já fora do evento, ao ser questionado pelos jornalistas.

Não, uma questão de investigação de um crime de assédio sexual é uma questão grave, mas há questões mais graves, como seja a morte em guerra, de vidas humanas de um lado e de outro em número massivo. Portanto, em termos de destaque noticioso cada qual é livre, mas uma coisa é um ato criminoso individual para se investigar, outra é uma guerra com mortes e a vida humana vale sempre mais do que tudo isso”, afirmou.

c/Lusa


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