Um debate, nove candidatos, cinco capítulos: o essencial do confronto

por Christopher Marques e Andreia Martins - RTP
O derradeiro debate decorreu na Fundação Champalimaud em Lisboa. Pedro A. Pina - RTP

O debate a dez acabou por ser a nove. Apesar do falecimento de Almeida Santos, nove dos dez candidatos a Belém marcaram presença no derradeiro debate antes da primeira volta das eleições presidenciais. Só Maria de Belém acabou por não comparecer, tendo cancelado todos os eventos de campanha.

A homenagem ao histórico socialista mantinha-se presente na Fundação Champalimaud, pelas muitas gravatas pretas que ostentavam os candidatos. No derradeiro confronto antes das eleições de domingo, as questões orçamentais voltaram a estar em discussão. Não debateu Maria de Belém, debateram os restantes.

Também o combate à corrupção esteve em cima da mesa, não fosse Paulo de Morais um dos candidatos presentes. Cândido Ferreira trouxe a questão da licenciatura de Sampaio da Nóvoa a debate e quase todos os candidatos se mostraram contra a decisão do Tribunal Constitucional em relação às subvenções vitalícias dos políticos.

Em geral, a temperatura permaneceu morna na Fundação Champalimaud. Houve ainda espaço para algumas picardias e momentos mais humorísticos, promovidos pelo candidato Vitorino Silva.
Orçamento do Estado
A aprovação do Orçamento de Estado para este ano dividiu os candidatos presidenciais no debate. Marcelo Rebelo de Sousa promete, se for eleito, aprovar o Orçamento.

O candidato, que vai à frente nas sondagens, refere que o primeiro-ministro confirmou que pretende cumprir a meta dos três por cento nos défices e cumprir as regras da moeda única.

Marcelo acredita que o futuro Presidente da República “deve fazer os possíveis e os impossíveis para viabilizar o Orçamento do Estado”. O candidato frisou ainda que as eleições presidenciais não são uma “segunda volta” das legislativas de outubro.
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Sobre o Orçamento, Sampaio da Nóvoa tem uma posição diferente e prefere não se pronunciar sobre cenários. O candidato da área socialista reforça que o Presidente deve apelar à estabilidade, mas volta a enfatizar que não se promete aprovar um documento que não existe ainda.

Marisa Matias diz que está convencida que o respeito pelos acordos à esquerda permitirão aprovar mais do que um orçamento. A candidata diferencia este orçamento e os retificativos, como é o caso do recentemente aprovado, fruto da resolução aplicada ao Banif.

Edgar Silva promete, enquanto Presidente da República, empenhar-se para que os compromissos assumidos sejam cumpridos. O candidato salienta que, mais do que com a dívida financeira, está preocupado com a "dívida social que está por saldar".

O candidato garante que será um "português na defesa dos interesses nacionais" caso seja eleito Presidente da República. Promete empenhar-se em "tudo o que seja necessário e possível" para que sejam cumpridos os compromissos assumidos perante os portugueses.
Corrupção
Com Paulo de Morais presente no debate, a corrupção tinha de ser um dos temas marcantes. O candidato mantém que esta é uma das suas lutas. Morais rejeita que tenha dito que os políticos são todos corruptos, mas frisa que há uma minoria que o é. “Uma minoria que manda mais e manda nos outros todos", assegura o candidato.

Antes, Marisa Matias tinha lamentado que Paulo de Morais coloque “todos os políticos no mesmo saco”, considerando que este é um favor que se faz aos corruptos.
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Edgar Silva defendeu que Belém deve ter um papel no combate à corrupção, tendo ainda defendido o fim do sigilo bancário e o reforço dos poderes de intervenção do Ministério Público.

Henrique Neto defendeu que a promiscuidade entre política e negócios é um dos problemas de Portugal.
Licenciatura de Nóvoa

Um dos momentos quentes do debate aconteceu quando Cândido Ferreira colocou em causa a carreira académica de Sampaio da Nóvoa. O candidato acusou o antigo reitor da Universidade de Lisboa de se referir por diversas vezes a uma "falsa licenciatura" em Teatro, no Conservatório Nacional, quando esse curso ainda não concedia o grau de licenciado.

Em resposta, Nóvoa fala de acusações caluniosas que são armas próprias "dos desesperados" e remata: "Não há ninguém neste país que tenha sido tão escrutinado do ponto de vista académico como eu, porque fui escrutinado ao longo de toda a minha vida académica, sempre em concursos de provas públicas."
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Ainda antes de conquistar um dos aplausos da noite, Sampaio da Nóvoa esclarece que tem no currículo vários cursos que não constituem licenciaturas e que a sua formação de base é em Ciências da Educação. O candidato desafia ainda Cândido Ferreira a consultar a documentação referente à sua formação académica.

Cândido Ferreira atacou também Marcelo Rebelo de Sousa, tendo-o acusado de não ter cumprido as suas obrigações militares. Marcelo referiu que a prestação do serviço militar foi adiada para prestação de provas académicas e que, posteriormente, se deu o 25 de abril.
Subvenções vitalícias
O tema das subvenções vitalícias não passou despercebido, na semana em que os juízes do Palácio Ratton anunciaram o chumbo às normas do Orçamento do Estado que alteravam o regime das subvenções vitalícias a ex-titulares de cargos políticos.

Marisa Matias, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, fez questão de sublinhar o silêncio de grande parte dos candidatos em relação a esta medida polémica, um silêncio que atribui aos apoios de Sampaio da Nóvoa e de Marcelo Rebelo de Sousa, onde se encontram signatários do pedido de fiscalização.
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A eurodeputada destaca que a própria candidata presidencial Maria de Belém foi uma das deputadas subscritoras deste documento de pedido de fiscalização sucessiva.

Marcelo Rebelo de Sousa negou as acusações e refere que "sempre foi crítico" das subvenções vitalícias a ex-políticos, considerando que a decisão do Constitucional é "difícil de aceitar do ponto de vista da justiça social". Sampaio da Nóvoa reconheceu, à entrada para a Fundação Champalimaud, que este é um tema "importante", mas ficou em silêncio durante o debate.

De resto, os candidatos Henrique Neto e Vitorino Silva foram os mais duros nas críticas apontadas ao TC. Enquanto o empresário se insurge "contra a vergonha da subvenção vitalícia", o candidato de Rans é perentório na sua indignação: "Subvenções vitalícias? Eu tinha vergonha. Doze anos no parlamento? Eu tinha vergonha".
Picardias e gargalhadas
Num debate a nove, tempo houve ainda para as tradicionais picardias. Alguns candidatos acusaram-se mutuamente sobre a forma como a campanha está a decorrer. Entre momentos mais tensos e outros mais descontraídos, todos tentaram apontar o dedo aos defeitos das candidaturas adversárias.

Henrique Neto criticou os “candidatos do sistema”, que acusa de terem estado a "enrolar" durante o debate e não a explicar o que pretendem fazer. Neto acusou mesmo Marcelo de ter “lavado as mãos como Pilatos”.
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Cândido Ferreira criticou Paulo de Morais por ausência de cumprimento das obrigações de entrega de documentos para com o Tribunal Constitucional.
 
Os momentos mais irónicos ficaram a cargo de Tino de Rans. O candidato disse que não estava ali para “intrigalhadas” e que havia partes do debate que não lhe pareciam ter interesse. Vitorino Silva protagonizou um momento que motivou os risos da plateia com a deputada Marisa Matias.

Momentos mais divertidos que motivaram gargalhadas da plateia e que marcaram este derradeiro debate. A campanha eleitoral segue agora até à próxima sexta-feira. No sábado, os portugueses refletem. No domingo, é dia de ir às urnas.
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