Último dia de campanha para as legislativas. Comícios e festas antecedem reflexão

por Carlos Santos Neves - RTP
No domingo, o país vai a votos com o maior número de recenseados desde 1975: 10.819.122 Lusa (arquivo)

As caravanas dos partidos completam esta sexta-feira, véspera do dia de reflexão, as agendas da campanha para as eleições legislativas. No domingo, o país vai a votos com o maior número de recenseados desde 1975. Mais de 10,8 milhões de eleitores são chamados às urnas para optar entre 18 forças políticas: 15 partidos e três coligações.

As figuras de proa de PS e Aliança Democrática concentram esforços em Lisboa no derradeiro dia da campanha, entregando-se a arruadas e aos tradicionais comícios de fecho.

Depois de uma arruada matinal em Moscavide, Loures, e um almoço na cervejaria Trindade, em Lisboa, Pedro Nuno Santos desde o Chiado antes de um comício em Almada. A campanha socialista termina com uma festa na capital.

Na quinta-feira, ao intervir num comício no Centro de Congressos de Aveiro, o secretário-geral socialista afirmou que, a cada dia de campanha, a AD alimentou receios, numa alusão à presença de Aníbal Cavaco Silva ao lado de Luís Montenegro, prevista para esta sexta-feira.

“Sabemos que estes anos foram difíceis, mas o PS lidou com as crises de forma diferente do que faria o PSD. Temos consciência que há muitos portugueses insatisfeitos, que sentem que a sua vida não ata nem desata. Mas a solução não está na AD, no PSD, nem nos seus parceiros envergonhados. Cada dia que passa, cada rosto que nos apresentam, cada discurso que fazem só nos fazem temer o pior. É o regresso ao antigamente”, lançou.
Por sua vez, o presidente do PSD, Luís Montenegro, dedica o derradeiro dia da campanha ao concelho de Lisboa. A AD inscreveu no mapa uma arruada na Avenida da Igreja, um almoço alusivo ao Dia da Mulher, um comício no Campo Pequeno e uma festa da juventude, no Capitólio. Estava prevista uma arruada no Chiado, que acabou cancelada por causa das previsões de mau tempo.

O número um da AD quis, na quinta-feira, durante um comício no Porto, mostrar-se convicto de que vai chegar ao cargo de primeiro-ministro, afirmando que quem andou “a atirar pedras” à coligação entre PSD, CDS-PP e PPM não foi capaz de “apontar” um “erro” a esta aliança.
“Se há assunto que vai resolver-se com o tempo é a minha experiência governativa”, sustentou.

Acabem com a tentativa desesperada de desvirtuar este projeto. Respeitem apenas e digam o que é que está mal. É uma coisa curiosa: todos quantos andaram sucessivamente a atirar pedras a esta candidatura foi basicamente para esconder a incapacidade que têm de apontar o erro das nossas políticas”, advogou Montenegro.
De Setúbal a Braga
A caravana do Chega de André Ventura anda pelo distrito de Setúbal até ao início da tarde. Ruma depois a Lisboa, para onde está prevista uma arruada no Chiado e o encerramento da campanha com um concerto de Quim Barreiros.

Ventura clamou na quinta-feira que os territórios de Setúbal ao Algarve acabarão por ser “bastiões Chega” e exprimiu a vontade de que domingo seja um dia de vitória “dos portugueses de bem sobre a bandidagem”.

“Se um dia esta terra foi um bastião vermelho daqui até ao Algarve, há uma coisa que tenho a certeza que vai acontecer no dia 10 à noite. Independentemente do resultado final, uma coisa é certa e segura, de Setúbal até ao Algarve será bastião Chega a partir do dia 10 de março”, prognosticou.

“O Sul será todo nosso e será o início de uma reconquista invertida”, continuou, propondo-se “correr com socialistas e comunistas”.
Já o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, irá de Leiria a Lisboa, onde estará numa arruada pela Avenida da Liberdade e encerrará a campanha no LX Factory.

Também Rui Rocha se mostrou convencido, na quinta-feira, de que, no próximo domingo, o país dará início a uma mudança de ciclo: “Se querem mudança a sério a votação tem de ser na IL”.
O secretário-geral do PCP dedica o último dia desta campanha para as legislativas ao norte do país, incluindo na agenda uma iniciativa evocativa do Dia da Mulher, em Vila Nova de Gaia, um desfile da CDU nas ruas do Porto e um derradeiro comício em Braga.

Paulo Raimundo exortou, na quinta-feira, no Seixal, os “justamente desiludidos” a votarem na CDU, reivindicando para a coligação entre PCP e PEV “seriedade e coerência”.
“Ainda há muita gente indecisa com a qual temos de conversar. Cada um terá as suas razões, mas arrisco dizer que está presente nessa indecisão a justa desilusão com anos de promessas não cumpridas”, admitiu.
“A vida até ao voto”
A coordenadora do BE passa este último dia de campanha em Lisboa, onde visita uma exposição, participa na manifestação do Dia Internacional das Mulheres e intervém num jantar de encerramento.

No penúltimo comício do Bloco, na Alfândega do Porto, Mariana Mortágua propôs-se falar aos indecisos e aos desiludidos, apelando para que não desistam.
“A tanta gente indecisa, a tanta gente zangada, a tanta gente que se pergunta vale a pena ir votar eu peço-vos que não desistam, que levem a vossa vida até ao voto”, exortou.

Por seu turno, Inês de Sousa Real, a porta-voz do PAN, junta-se a uma manifestação de enfermeiras, diante do Ministério da Saúde, em Lisboa, visita um Centro de Recolha Oficial de Animais em Oeiras e integra igualmente uma marcha do Dia da Mulher.

A porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza quis deixar claro, na quinta-feira, que o seu partido nunca aceitará um governo que “coloque a extrema-direita populista e antidemocrática” como fórmula.
“Nunca aceitaremos uma solução que direta ou indiretamente coloque a extrema-direita populista e antidemocrática na equação. Deixámos isso bem claro e continuamos a deixar”, assegurou durante um jantar numa unidade hoteleira em Lisboa.

O porta-voz do Livre faz campanha, neste último dia, na cidade do Porto, com ações destinadas a assinalar o Dia da Mulher e uma festa-comício de encerramento da campanha.
Rui Tavares anteviu na quinta-feira uma “luta renhida” no escrutínio de domingo, deixando mesmo um apelo ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que esteja atento, caso a direita “vire o bico ao prego” no que toca ao Chega.

“No próximo dia 10 nós temos em confronto o campo da esquerda, do progresso e ecologia, e o campo da direita, da direita conservadora e da direita neoliberal, e está renhida esta luta, que vai ser disputada voto a voto, deputado a deputado, deputada a deputada”, antecipou.

c/ Lusa
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