O ministro da Cultura renovou esta segunda-feira as críticas ao desempenho de deputados da comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, reafirmando que não compreende “o tom inquisitório”. Acusado pelo presidente da comissão, Lacerda Sales, de “falta de respeito”, Pedro Adão e Silva advogou que “há uma reflexão a fazer” sobre “a relação entre estes trabalhos nas comissões de inquérito e depois a forma como eles se transformam e traduzem num longo comentário televisivo como se estivéssemos a falar de um reality show”. E descartou retratar-se.
“Não vejo porquê. O Governo responde perante a Assembleia, mas não está escrito em nenhum lado que os ministros devem suspender o seu espírito crítico em relação àquilo que é o funcionamento do Parlamento”, afirmou.
Em entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, conhecida no domingo, o titular da pasta da Cultura disse ter havido deputados a atuar como “procuradores do cinema americano da série B da década de 80”. O deputado socialista Lacerda Sales, presidente da comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, reagiria mais tarde, em declarações à agência Lusa, considerando as palavras do ministro “uma falta de respeito”.“Relembro que o Governo responde ao Parlamento. Nenhum político está isento de respeitar as instituições, por maioria de razão o Parlamento, especialmente os ministros”, devolveu Lacerda Sales.
Confrontado com a posição de Lacerda Sales, Pedro Adão Silva declarou que “não esperava nem deixava de esperar” tal resposta.
“Eu tenho um espírito bastante democrático. Da mesma forma que espero que aceitem aquilo que são o meu espírito crítico, as minhas reflexões e preocupação na forma como encaro alguma degradação da vida pública e da vida política, como digo, nesta relação entre o funcionamento das instituições democráticos e o ciclo noticioso e comunicacional, espero a mesma abertura e a mesma capacidade de ouvir as críticas”, enfatizou o governante.
Questionado pela RTP sobre as críticas quer de Lacerda Sales, quer da oposição, à avaliação que fez, o ministro da Cultura lembrou que não se pronunciou “numa mesa de café”. “Os membros do Governo não têm opiniões pessoais. Não foi uma mesa de café. Foi num órgão de comunicação social, numa pergunta sobre a degradação da vida política e a vida democrática e eu levo muito a sério aquilo que é o funcionamento das instituições democráticas”, prosseguiu.
“Acho que há uma reflexão a fazer, uma reflexão que eu acho que é partilhada por muitos portugueses, sobre alguns momentos e alguns comportamentos na comissão parlamentar de inquérito. Acho um pouco surpreendente que ninguém se inquiete com apreensões de telemóveis na comissão parlamentar de inquérito ou com perguntas sobre com quem é que se está a trocar mensagens de SMS, ou com inquirições noite dentro. Acho que nada disto contribui para o bom funcionamento das instituições democráticas”, vincou.
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