Teresa Morais (PSD) desafia partidos a incluírem mais mulheres nas listas eleitorais

por Lusa

A deputada social-democrata Teresa Morais desafiou hoje os partidos a incluírem mais mulheres nas listas eleitorais, numa sessão evocativa dos 50 anos da universalização do direito das mulheres ao voto, em que foram deixados alertas sobre os desafios existentes.

"O momento que hoje celebramos é uma referência democrática fundamental sem a qual não poderíamos mesmo falar da existência de democracia. O voto universal das mulheres foi uma condição essencial para um Estado democrático que tardou e desesperou muitas gerações de mulheres que lutaram pelo sufrágio universal feminino e que são, todas elas, merecedoras de admiração e de profundo agradecimento", salientou a vice-presidente da Assembleia da República.

O parlamento evocou hoje os 50 anos da universalização do direito das mulheres ao voto em Portugal.

Na sua intervenção, a deputada do PSD considerou que "a igualdade no exercício da ação política tem muito por onde melhorar", denunciando uma "sub-representação das mulheres em comissões parlamentares em áreas de soberania, em delegações parlamentares e em instituições internacionais".

Afirmando que "este percurso tem sido demasiado longo e demasiado lento", Teresa Morais disse que sugeriu que a Conferência de Líderes discutisse a "forma como se compõem as comissões parlamentares e as delegações externas da Assembleia da República".

Na sua opinião, o passo que falta dar para a "verdadeira paridade" passa por mais exigência "na representação mínima obrigatória de mulheres e de homens nas listas eleitorais, e o problema resolve-se".

"Acabe-se com a conversa estafada de que é difícil trazer as mulheres para a política. Aprofundem-se as condições de equilíbrio entre a vida familiar, pessoal e profissional e elas virão, como já vieram muitas das deputadas que aqui hoje se encontram", sustentou.

Também numa intervenção, a líder parlamentar da IL afirmou que o direito das mulheres ao voto "não foi apenas uma vitória simbólica, foi a afirmação definitiva de que as mulheres têm o mesmo papel na construção do futuro de Portugal", mas considerou que "verdadeira igualdade só se alcança garantindo que cada pessoa tenha as mesmas oportunidades de demonstrar o seu valor e a mesma liberdade para escolher o seu caminho".

Mariana Leitão alertou que "as mulheres continuam a ser oprimidas, reprimidas e excluídas, postas à margem de sociedades sem acesso à educação, sem acesso ao mercado de trabalho, forçadas a uma submissão completa à família e inseridas em sociedades onde não têm direitos ou liberdade".

"Por isso, hoje deve ser mais do que um dia evocativo, deve ser também um dia de reflexão sobre os desafios que persistem e sobre as ameaças concreta que em diversos países e contextos políticos colocam em risco a liberdade das mulheres, muitas vezes de forma violenta e sistemática", salientou.

Manuela Tender, do Chega, classificou este avanço no direito ao voto como "um marco importante na promoção da igualdade de direitos e de uma cidadania plena", mas alertou que as mulheres "são confrontadas com outros preconceitos e ameaças que carecem de uma intervenção mais ativa na sua defesa por parte das instituições", nomeadamente acesso a lugares de topo, injustiça salarial, dispensa de mulheres grávidas, pensões baixas, violência doméstica ou insegurança.

Pelo CDS, o deputado João Almeida afirmou que o CDS se orgulha "muito da defesa que faz e fez sempre do papel das mulheres na vida pública" e não aceita "lições daqueles que, noutros dias e noutras circunstâncias, não têm a coragem ou a frontalidade de dizer mulher e inventam pessoa que isto ou pessoa que aquilo".

O deputado centrista -- o único homem que interveio na sessão - assinalou que o partido e bancada parlamentar já foram liderados por mulheres, e afirmou que o CDS deu "muitos outros lugares de destaque a mulheres muito antes de outros partidos o fazerem".

 

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