Taxas de juro. Marcelo recomenda "muito cuidado" na comunicação por parte dos bancos centrais

por RTP
Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas à margem da da 11.ª edição do Fórum Jurídico de Lisboa, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Miguel A. Lopes - Lusa

O presidente da República considerou esta quarta-feira que os bancos centrais deveriam ter "muito cuidado naquilo que dizem publicamente" em relação aos juros, uma vez que é uma matéria "muito sensível para o dia-a-dia das pessoas". A recomendação surge um dia depois de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, ter anunciado na terça-feira que os juros deverão continuar a aumentar.

Em declarações aos jornalistas à margem da da 11ª edição do Fórum Jurídico de Lisboa, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que os bancos centrais devem comunicar com cautela quando falam das taxas de juro.

"Penso que os bancos centrais deveriam ter muito cuidado naquilo que dizem publicamente", reiterou o chefe de Estado. "Isto tem um efeito de perturbação nas pessoas, nas economias e nos mercados que não é bom para ninguém", acrescentou ainda.
Marcelo Rebelo de Sousa vincou ainda que se exige "muito cuidado no discurso que se tem", sendo este um tema que "é muito sensível para o dia a dia das pessoas".

"A subida dos juros significa multiplicar por dois ou por três, em espaço de tempo recorde, a prestação na habitação, ou então lutar pela casa e contrair novo crédito para o consumo para equilibrar aquilo que se mantém no pagamento para casa própria"
, considerou o presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que é necessária "grande ponderação naquilo que se diz em matéria de juros".
"Não vale a pena neste momento estar a criar mais preocupações na vida já difícil de muitos europeus e de vários portugueses", sublinhou ainda.

As apreciações do presidente português surgem na sequência das declarações da presidente do Banco Central Europeu, que sinalizou na terça-feira uma subida contínua das taxas de juro.

Na abertura do Fórum do Banco Central Europeu (BCE), a decorrer em Sintra, Christine Lagarde afirmou que “ainda não vimos o impacto total dos aumentos cumulativos das taxas que decidimos em julho passado, de 400 pontos base”.

“Mas sabemos que a tarefa ainda não está concluída. Visando uma mudança material das nossas expetativas para a inflação, vamos continuar a aumentar as taxas em julho”, anunciou Lagarde.

Já esta quarta-feira, os governadores dos bancos centrais europeu, inglês, japonês e o presidente da Fed (dos Estados Unidos), alertaram para a persistência da inflação, dando indicação de potenciais novas subidas de juro, e recusaram alterar as metas que pretendem atingir.

Reunidos em Sintra, Andrew Bailey, governador do Banco de Inglaterra, Christine Lagarde, presidente do BCE, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal (Fed) e Kazuo Ueda, governador do Banco do Japão foram cautelosos nos prognósticos quanto ao fim deste ciclo de inflação elevada.

c/ Lusa
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