Tarifas. PS quer "sinal" para as empresas, PSD aponta "concertação" de Bruxelas

por João Alexandre
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Em dia de reunião do Conselho de Ministros sobre as "tarifas recíprocas" anunciadas - e, entretanto, suspensas - pela Administração norte-americana, o PS insiste que o Governo de Luís Montenegro não soube antecipar o momento e defende que o Executivo da AD deve avançar rapidamente com apoios direcionados às empresas e às exportações.

"Aquilo que é preciso assegurar é dar um sinal às empresas de que o Governo estará disponível para apoiar quer na tesouraria, quer nas dificuldades de escoamento de produção que possam existir", afirmou, em declarações à Antena 1, o socialista António Mendonça Mendes.

Para o ex-secretário de Estado e atual coordenador económico do programa eleitoral do PS, o Governo da coligação PSD/CDS-PP está a "agir tarde" e com "prejuízos" que vão ser sentidos pelo tecido económico nacional.

"Esse sinal, ao ser dado mais tarde, causa seguramente um prejuízo do ponto de vista daquilo que é a atividade económica, porque os agentes económicos vivem sempre com as expectativas. E, tudo o que é incerteza é sempre mau", insistiu António Mendonça Mendes, no programa Entre Políticos, onde deu como exemplo o programa de ajudas de cerca de 14 mil milhões por parte do Governo espanhol liderado por Pedro Sanchéz e lamentou a "demora" por parte do Governo português: "Aquilo que está hoje a fazer no Conselho de Ministros deveria ter feito pelo menos na semana passada".
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No mesmo sentido, o socialista chama a atenção para o "redireccionamento dos vários blocos comerciais e dos mercados" e para o impacto da "guerra de tarifas" na economia europeia e nacional, sublinhando que Portugal tem uma "economia muito exposta" e com cerca de metade das exportações direcionadas, sobretudo, para três mercados: Espanha, Alemanha e França.

António Mendonça Mendes recusa ainda que o anúncio da suspensão da imposição de tarifas por parte dos EUA não dá razão ao Governo de Luís Montenegro: "Podemos admitir que o estrago não é maior, mas o estrago já está feito. Seguramente que já houve repercussão. É muito importante que os governos atuem na hora certa".
PSD defende alinhamento com restantes governos da UE
O PSD rejeita que o Governo de Luís Montenegro se tenha atrasado na resposta aos anúncios feitos por Donald Trump sobre a imposição de tarifas aduaneiras a largas dezenas de países e considera que, mais do que uma posição individual de qualquer estado-membro, a União Europeia precisa de responder a uma só voz.

"Obviamente que a maior concertação tem de ser feita, desde logo, pela União Europeia. Portugal, ou qualquer outro país, é uma ilha num grande naufrágio que é a imposição unilateral [dos EUA] que prejudica de forma avassaladora as regras básicas de relacionamento entre países. Ora, o nosso Governo terá de fazer aquilo que os demais governos [da UE] terão de fazer se tal se vier a consumar", afirmou, na Antena 1, o deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Cristóvão Norte.

Para o social-democrata, a oposição não tem motivos para criticar uma "alegada demora" do Executivo da AD na resposta até porque, entende Cristóvão Norte, o momento é de dar resposta não apenas ao imediato, mas ao surgimento de uma nova era.

"Um novo tempo em que há produtos que eram exportados para outros países do mundo - designadamente para os Estados Unidos - e que passam a ser muito mais dispendiosos, com aspetos que se prendem com a inflação e com um conjunto de aspetos indesejáveis. A que é que isso conduz? Não é áquilo que é desejável, mas que é, porventura, uma inevitabilidade", questiona o deputado.

Cristóvão Norte assinala: "É, cada vez mais - e a exemplo do que se falou há dois ou três anos -, procurar encontrar mecanismos que tornem as economias mais autónomas, menos dependentes do comércio internacional e que, em áreas nevrálgicas para a afirmação dos países, permitam garantir a autonomia".
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Já quanto ao tipo de relação que deve ser mantida com a administração norte-americana, o deputado e candidato do PSD nas próximas legislativas considera que, para que a relação se mantenha, são necessárias duas condições: #A primeira é nós querermos manter essa relação. A segunda é a outra parte também querer manter a relação. Se a outra parte não quiser manter a relação intacta, por muito que nós façamos juras de amor, com certeza que essas juras de amor não têm tradução particular".
Iniciativa Liberal quer Governo "ao lado" das empresas
Para Joana Cordeiro, deputada e candidata da IL, o cenário atual é já de contração por parte das empresas que "já se retraem porque não sabem o que é que vai ser o futuro", mas admite que é preciso ser "cauteloso" na resposta, até porque, sublinha, o a situação atual é "muito volátil".

"É importante o Governo dar um sinal de que está ao lado das empresas e de que as vai apoiar sempre que isso for preciso. Portanto, avançar com algum tipo de apoio para as empresas exportarem para novos mercados, ajudar a diversificar as suas linhas de produtos, apoios deste género", salienta, que recusa criticar qualquer tipo de "atraso" na resposta por parte do Governo de Luís Montenegro: "Dizer que medidas concretas já deviam estar tomadas, não".

E, insiste a deputada da IL: "Acho que há um sinal que deve ser dado. Isto para as empresas portuguesas é, e facto, muito complicado".

Joana Cordeiro sublinha, no entanto, a necessidade de "cautela" tendo em conta um ambiente global de "volatilidade" e acrescenta: "As tarifas encarecem os produtos para as pessoas. Portanto, são más para quem importa e são más para quem exporta. E, depois, no fundo, quem vai sofrer essas consequências são as pessoas".
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PCP quer "intervenção própria" do Governo como resposta a "chantagem" dos EUA
O PCP considera que o Governo de Luís Montenegro devia ter agido mais rapidamente e com uma "intervenção própria" independente das medidas anunciadas por Bruxelas, mas sublinha que Portugal deve ter voz no espaço da UE.

"Deve intervir no plano da União Europeia na defesa dos interesses do nosso país. Não pode ser numa lógica de submissão, porque estamos perante uma ação sem precedentes, uma ação de chantagem e de pressão por parte dos Estados Unidos", afirmou, na Antena 1, a líder parlamentar do PCP.

Segundo Paula Santos, a resposta não pode ser "numa lógica de cedência a essa pressão ou a essa chantagem", mas sim autónoma, e adianta: "Consideramos que a postura e a atitude não podem ser nesse sentido. Deve haver uma intervenção própria".

Os comunistas entendem como necessária a diversificação das relações económicas, numa "lógica de cooperação", a redução dependência externa e a substituição das importações pela produção nacional, em particular em áreas como os alimentos ou os medicamentos, mas também a valorização do mercado interno aliado a um aumento do poder de compra.
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