Os portugueses dariam ao PS uma maioria confortável em legislativas caso houvesse agora eleições, diz-nos uma sondagem do CESOP da Universidade Católica. De acordo com o inquérito realizado para a RTP e o Público, o Parlamento continuaria a ser dominado pelos partidos da esquerda do hemiciclo (52%), mas há a assinalar a projeção do Chega como terceira força política portuguesa (8%).
De assinalar, desde logo, que 15 meses de governação – e parte desse período em tempo de crise pandémica – não desgastou o Governo socialista de António Costa, que consegue, pelo contrário cimentar a sua liderança no Parlamento com uma subida (de 36,34% para 39%) na intenção de voto em relação aos resultados nas Legislativas de 2019. De notar, igualmente, a subida de mais de quatro pontos percentuais do Chega (de 3,32 para 8%) e da IL (de 1,29 para 5%).
Em sentido contrário, com quedas de mais de dois pontos, apresentam-se neste inquérito o CDS-PP (de 4,22 para 2%) e o BE (de 9,52 para 7%). A CDU também apresenta uma perda, se bem que ligeira (de 6,33 para 6%). Com um ganho residual de eleitorado, os social-democratas sobem de 27,8 para 28%, mantendo-se como segunda força política portuguesa.Iniciativa Liberal e Chega roubam votos a PSD
Na
guerra pelos eleitores de direita, o partido de André Ventura iria
buscar uma soma em massa de votos ao PSD. Dos inquiridos “que agora se
afirmam como potenciais eleitores CHEGA, 33% tinham votado PSD em 2019”.
O “roubo” da IL aos social-democratas é ainda maior, com os liberais a sacarem 36% dos eleitores PSD das últimas Legislativas.
Portugueses mantêm confiança no Governo
Questionados sobre o “mais provável que aconteça ao atual governo: cumprir mandato até ao fim ou cair antes do fim do mandato”, os inquiridos responderam por larga maioria (87%) que o executivo socialista irá “cumprir o mandato até ao fim”. Apenas 7% apontam para uma queda “antes do fim do mandato”.
Trata-se, contudo, de um voto de confiança que se apresenta com um senão: a maioria dos portugueses considera inadiável uma remodelação de vários ministérios-chave no esquema governativo de António Costa.
Foram 61% os inquiridos que responderam afirmativamente à questão sobre a "necessidade do primeiro-ministro de fazer uma remodelação no Governo substituindo alguns ministros”, contra apenas 24% que consideram que não é necessário António Costa ir por esse caminho.
É uma remodelação que (desses 61%) 39% considera que deve ter lugar antes de terminar a presidência portuguesa da União Europeia (janeiro-junho 2021), enquanto 18% não vê mal em esperar pelo Verão para substituir os titulares de alguns ministérios.
E alguns dos ministros de António Costa já têm os dedos dos eleitores apontados: a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, é a mais visada (27%), seguida do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita (24%), da ministra da Saúde, Marta Temido (11%), e do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues (5%).
O CESOP sublinha aqui que nesta pergunta aberta “todos os ministros tiveram pelo menos um inquirido a indicar o seu nome (ou cargo)”.
Ficha Técnica
Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP e para o Público entre os dias 11 e 14 de janeiro de 2021. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 2001 inquéritos válidos, sendo 46% dos inquiridos mulheres, 29% da região Norte, 20% do Centro, 38% da A.M. de Lisboa, 6% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários, região e voto nas legislativas2019. A taxa de resposta foi de 44%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 2001 inquiridos é de 2,2%, com um nível de confiança de 95%.