Sondagem Católica. PS é o partido com mais intenções de voto mas sem maioria absoluta

por RTP
Mário Cruz - Lusa

A sondagem da Católica para a RTP e jornal Público revela que o PS continua como o partido que reúne mais intenções de voto (37%), mas sem deputados suficientes para conseguir uma maioria absoluta. Os socialistas terão de procurar apoio de outros partidos para governar, mas desta vez bastará um único partido à esquerda para ter maioria no Parlamento. O PSD pode chegar aos 30% e o Bloco de Esquerda volta a aparecer como a terceira força política. O PAN poderá, pelo menos, duplicar o número de deputados, e Iniciativa Liberal e Livre podem conseguir eleger um deputado. No caso de um acordo pós-eleitoral, uma solução tipo “geringonça” é a que reúne maior aceitação entre os inquiridos.

Na última semana antes das eleições, 61 por cento (%) dos inquiridos garantiam que iam votar. No extremo oposto, 10% garantiam que de certeza não iam votar. Para 17%, votar poderá ser algo que “em princípio vão fazer" e 12% apenas ainda não sabiam se iam votar.

Baseados nas respostas daqueles que disseram ir votar “de certeza”, a estimativa de resultados eleitorais aponta para os socialistas à frente com 37% (intervalo 35% a 39%) à data da inquirição.
Em 2015, o PS conseguiu 32,32% dos votos, a coligação Portugal à Frente (PSD e CDS) chegaram aos 38,56%, o BE teve 10,19%, a CDU (PCP e PEV) teve 8,25% e o PAN chegou aos 1,39%.
PSD surge em segundo lugar, a sete pontos, com 30% (intervalo 28% a 32%).

O Bloco de Esquerda surge como a terceira força política mais votada, com 10% (intervalo de 9% a 11%) tal como nas eleições de 2015.

Para a CDU, a estimativa de resultados eleitorais é de 6% (intervalo de 5% a 7%).

O CDS-PP chega aos 5% (intervalo de 4% a 6%) e o PAN 3% (intervalo de 2% a 4%).


Dos partidos sem assento parlamentar, o Iniciativa Liberal e o Livre são os que estão mais próximos de eleger um deputado, por Lisboa.
A sondagem foi realizada entre os dias 26 e 29 de setembro de 2019. Foram obtidos 3226 inquéritos válidos, sendo 55% dos inquiridos mulheres. A margem de erro máximo é de 1,7%, com um nível de confiança de 95%.
As estimativas eleitorais são obtidas calculando a percentagem de intenções diretas de voto em cada lista em relação ao total de votos válidos (excluindo abstenção, não respostas e indecisos) e apenas são considerados os inquiridos que disseram que “de certeza” vão votar.

As estimativas são baseadas nas seguintes intenções diretas de voto:



Nas intenções diretas de voto, destaque para uma maior abstenção entre os mais jovens e uma maior dispersão de intenções de voto.

A intenção de votar é mais forte entre as pessoas com menor grau de instrução.
Distribuição de deputados
Os resultados desta sondagem da Católica apontam para uma bancada socialista com, no mínimo, 97 deputados e, no máximo, 107, do total de 230 deputados. O PSD teria entre 79 e 87 deputados.
Em 2015, o PS elegeu 86 deputados, o PSD 89. O BE teve 19 deputados, o PCP 15, o PEV elegeu 2. O CDS-PP conta com 18 deputados e o PAN elegeu um parlamentar.
O Bloco de Esquerda teria entre 18 e 24 assentos parlamentares, enquanto a CDU elegeria entre 8 e 13 deputados.  O CDS-PP conseguiria entre 7 e 11 deputados.

De acordo com as estimativas, o PAN teria, pelo menos, 2 deputados e, no máximo, 4. Na atual legislatura, o partido Pessoas-Animais-Natureza tem apenas um deputado.



O Iniciativa Liberal e o Livre são os que estão mais próximos de eleger um deputado, por Lisboa.
Se o PS ganhar sem maioria absoluta?
Os inquiridos foram questionados sobre qual a melhor solução pós-eleições caso o PS vença, sem maioria absoluta. É este o cenário considerado nesta sondagem como o mais provável, de acordo com este estudo e com outras sondagens publicadas.

Neste cenário, 37% dos inquiridos são favoráveis a um governo apoiado pelo PS e por partidos à esquerda, o que se pode assemelhar com a atual “geringonça” governativa. São os eleitores de esquerda que dão um maior apoio a esta hipótese: 56% dos inquiridos do PS, 79% dos do Bloco de Esquerda, e 83% da CDU.

28% dos inquiridos “não sabem ou não respondem.



Instados a definir quais são esses partidos de esquerda, 29 por cento dos inquiridos dizem que deveria ser o Bloco de Esquerda. A CDU é a escolhida de 22%, enquanto o PAN é a opção de 4% dos entrevistados.

Entre os eleitores do Bloco de Esquerda, 75% defendem que o Bloco deve ser o partido a apoiar um governo e 33% defendem que a CDU também deve estar nessa solução.

Entre os eleitores da CDU, 74% são favoráveis à CDU no Governo e 48% são também favoráveis ao BE. São mais os eleitores da CDU a quererem o BE na solução governativa (48%) do que os votantes do BE a quererem a CDU nessa solução (33%).

Neste caso, segundo esta sondagem, os eleitores do PSD são mais favoráveis a uma solução de tipo bloco central ou a uma geringonça de direita.
Se o PSD ganhar sem maioria absoluta?
Os inquiridos foram ainda questionados sobre qual a melhor solução pós-eleições caso o PSD vença, sem maioria absoluta.

Neste cenário, a dispersão de opiniões é maior. 24% consideram que o Governo devia ser apoiado pelo PSD com um ou dois partidos à esquerda, num cenário tipo bloco central. 20% apoiaria uma “geringonça à direita”.

Para 13% dos inquiridos, mesmo vencendo, o PSD deveria estar fora de uma solução governativa.

Dos entrevistados, 12% optariam por um Governo apenas social-democrata e 31% dos inquiridos “não sabem ou não respondem".



Entre os eleitores do PSD, há uma preferência por uma resposta com apoio à direita (49%), seja do CDS-PP ou do Aliança (partido fundado por Pedro Santana Lopes, antigo líder do PSD).

Entre os inquiridos, eleitores do PS, 34% são favoráveis a uma solução de Governo do PSD com apoio à esquerda (principalmente do PS) e 23% optam por uma repetição da solução “geringonça” de esquerda que foi adoptada nas legislativas anteriores, quando o Partido Socialista não foi o partido mais votado.
Resultados por círculo eleitoral

A sondagem da CESOP/UCP apresenta ainda um mapa de resultados por círculo eleitora. Esta distribuição de deputados - m (mínimo), M (máximo) - é feita com base nas estimativas eleitorais propostas nesta sondagem.

Diz a Universidade Católica que estimativas diferentes dariam uma distribuição diferente. E acrescenta que com base nos resultados desta sondagem é impossível estimar a distribuição de deputados pelos círculos da Europa e fora da Europa.




Estes resultados não preveem o que vai acontecer nas eleições – apenas retratam o posicionamento dos portugueses à data da inquirição, refere o CESOP – Universidade Católica Portuguesa.


Ficha técnica
Esta sondagem foi realizada pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP e para o Público entre os dias 26 e 29 de setembro de 2019. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram selecionadas quarenta e duas freguesias do país, tendo em conta a distribuição dos eleitores por círculos eleitorais, de modo a garantir que as médias dos resultados eleitorais das últimas eleições nesse conjunto de freguesias (ponderado o peso eleitoral dos seus círculos de pertença) estivessem a menos de 1 ponto percentual dos resultados nacionais das cinco candidaturas mais votados em cada eleição. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente. Todas as entrevistas foram efetuadas com recurso a tablets (CAPI), respondendo os inquiridos à sua opção de voto de forma totalmente confidencial. Foram obtidos 3226 inquéritos válidos, sendo 55% dos inquiridos mulheres, 31% da região Norte, 28% do Centro, 28% de Lisboa, 8% do Alentejo e 5% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição de eleitores residentes no Continente por sexo, escalões etários, e região na base dos dados do recenseamento eleitoral e das estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 63%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 3226 inquiridos é de 1,7%, com um nível de confiança de 95%.
* A taxa de resposta é estimada dividindo o número de inquéritos realizados pela soma das seguintes situações: inquéritos realizados; inquéritos incompletos; não contactos (casos em que é confirmada a existência de um inquirido elegível mas com o qual não foi possível realizar a entrevista); e recusas.


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