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Sondagem Católica. AD mantém-se à frente num Parlamento fragmentado

por Andreia Martins (texto), Sara Piteira (infografia) - RTP
Foto: Tiago Petinga - Lusa

A poucos dias das eleições legislativas, a Aliança Democrática e o PS sobem ligeiramente na derradeira sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público. A coligação liderada por Luís Montenegro continua na frente, com 34 por cento nas estimativas dos resultados, seguindo-se o PS, com 28 por cento. Houve desde a última semana uma ligeira diminuição no número de indecisos, que são agora 16 por cento. Destaque para a grande fragmentação do Parlamento, com a maioria dos deputados a serem eleitos à direita.

À medida que a campanha se aproxima da reta final, os eleitores vão ficando um pouco mais esclarecidos e decididos em relação ao seu voto. Mas, de acordo com a sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público, ainda há 16 por cento de indecisos. Na última sondagem eram 20 por cento.

Neste inquérito, a AD e o PS sobem ligeiramente, mas mantém-se a diferença de 6 por cento entre os dois partidos registada na última sondagem. A AD tem 34 por cento dos votos e PS conta com 28 por cento.

Segue-se o Chega, que desce ligeiramente (16%) mas continua a ser a terceira força política, a uma larga distância dos dois primeiros. A Iniciativa Liberal mantém-se nos 6 por cento, assim como o Bloco de Esquerda, com uma estimativa de 5 por cento dos votos, tal como na última sondagem.

Quem sobe mais nesta estimativa em relação à anterior é mesmo a CDU, que passa a ter 5 por cento dos votos. Segue-se o Livre, que desce ligeiramente para os 3 por cento e o PAN, que desce para 1 por cento.

Contas feitas, a distribuição de mandatos mantém-se praticamente inalterada na comparação com a sondagem de 28 de fevereiro. Tal como nesse inquérito, prevê-se que nenhum dos partidos alcance os 116 deputados necessários à formação de uma maioria absoluta.

A Aliança Democrática consegue, na melhor das hipóteses, obter até 98 mandatos. O Chega pode conseguir entre 33 e 41 deputados, uma enorme subida em relação às eleições de 2022, em que garantiu 12 mandatos. Já a Iniciativa Liberal poderá eleger entre seis e dez deputados.

Ou seja, um hipotético acordo entre AD e IL após as eleições não seria suficiente para alcançar a maioria absoluta, mas é ainda assim superior à junção de todos os votos à esquerda. Já a junção dos mandatos de AD e Chega permitiria alcançar uma maioria absoluta mesmo com o pior resultado possível de ambos os partidos (121 deputados).

Destaque para o PS, que poderá obter entre 70 e 80 mandatos. Ou seja, na melhor das hipóteses, o partido liderado por Pedro Nuno Santos perde um terço dos 120 deputados que conseguiu eleger em 2022.

À esquerda, o Bloco de Esquerda poderá obter entre quatro e sete mandatos (atualmente tem cinco deputados no Parlamento) e a CDU consegue entre quatro e seis deputados (elegeu seis deputados em 2022).

O Livre pode passar de um deputado único eleito há dois anos a um grupo parlamentar entre dois e três deputados. De acordo com esta sondagem, o PAN pode ficar fora do Parlamento ou reelege a deputada que já tem, na melhor das hipóteses.

Juntando-se a todos os partidos de esquerda e ao PAN, o PS ficaria aquém dos 100 mandatos, com 97 deputados.

As estimativas de resultados e distribuição de mandatos decorrem da intenção direta de voto resultante desta sondagem. Neste ponto, a AD tem 27 por cento de intenção direta de voto e o PS tem 22 por cento. Já o Chega tem 13 por cento e a IL conta com 4 por cento. Seguem-se o BE e a CDU, ambos com 3 por cento. O Livre tem 2 por cento e 1% para o PAN. Há 16 por cento que respondeu que “não sabe”, outros 3 por cento dizem que não votariam e outros 3 por cento recusam-se a responder. A categoria “Outros, branco e nulo” também reúne 3 por cento.


Tendências sociodemográficas de voto
Este inquérito foi realizado pela Universidade Católica e a recolha de dados decorreu entre os dias 28 de fevereiro e 5 de março, em plena campanha eleitoral.

Uma vez que o voto antecipado já decorreu no último domingo, 1 por cento dos inquiridos que respondeu ao inquérito indicou já ter votado. Entre os inquiridos que aceitaram responder, 85 por cento adiantam que irão certamente votar.

Tal como na sondagem da última semana, a Universidade Católica voltou a traçar as tendências demográficas do voto por sexo, idade e nível de escolaridade. Há menos indecisos em relação à última semana, mas o número continua a ser bastante elevado em alguns grupos.

Com base nas respostas recolhidas neste inquérito, 26 por cento das mulheres vão votar na AD e 22 por cento votam no PS, mas ainda há uma percentagem de 21 por cento que “não sabe” em quem irá votar.

A maioria dos votos dos homens também vai para a AD (27 por cento), seguindo-se o PS (22 por cento) e logo depois o Chega (20 por cento). Há ainda 11 por cento que não sabe a quem irá atribuir o seu voto.


Na divisão pelas várias faixas etárias, os eleitores mais jovens, entre os 18 e os 35 anos, votam maioritariamente na AD (25 por cento) e no Chega (18 por cento). Há ainda 16 por cento de indecisos. Seguem-se a Iniciativa Liberal (11 por cento) e só depois o PS.

Entre os 35 e os 64 anos, os eleitores deverão optar pela AD (26 por cento) ou pelo PS (19 por cento). No entanto, há uma percentagem ainda elevada de indecisos (19 por cento). Segue-se o Chega, com 16 por cento das intenções de voto.

Por fim, entre os eleitores acima dos 65 anos, alarga-se a vantagem do PS em relação aos restantes partidos (36 por cento). Mais atrás, o AD reúne 29 por cento dos votos. Nesta faixa etária, há 11 por cento de indecisos.

Em relação ao nível de escolaridade, os eleitores que têm até ao 3.º ciclo optam preferencialmente pelo PS (34 por cento) e pela AD (21 por cento). Seguem-se o Chega e os indecisos, ambos nos 14 por cento.

Entre os eleitores que têm o ensino secundário, 24 por cento opta pela AD e 19 por cento no Chega. Há ainda a registar 18 por cento de indecisos e 17 por cento diz que irá votar no PS.

Por fim, nos eleitores com o ensino superior, a AD reúne a grande maioria dos votos (34 por cento). Destaca-se também o número de indecisos (16 por cento). Só depois surge o PS (14 por cento). Chega e Iniciativa Liberal obtêm ambos 8 por cento nesta faixa da população.Transferência de voto desde as últimas eleições
Tal como a sondagem de 28 de fevereiro, também este inquérito procura apurar a transferência de votos entre partidos desde as eleições de 2022, uma forma de perceber se há grandes flutuações no eleitorado.

Este inquérito da Universidade Católica revela que os inquiridos que votaram no PSD e CDS há dois anos vão agora votar na Aliança Democrática, que junta os dois partidos e o PPM em coligação. Há também uma transferência significativa de votos do CDS-PP para o Chega (19%).

Entre os eleitores que votaram PS em 2022, muitos vão manter o voto no partido (53%) mas há também um número importante de indecisos (18%) e de eleitores que pretendem votar na AD (10%).

Já os inquiridos que votaram no Chega em 2022 vão manter o sentido de voto (86%). Há 7% destes inquiridos que admitem votar na AD.

Entre eleitores que votaram na Iniciativa Liberal, prevê-se uma grande transferência de voto para a AD (38%) e só 36% admite manter o sentido de voto. Há ainda 17% que assume que ainda não sabe em quem irá votar.

À esquerda, a CDU mantém grande parte dos votos (77%), mas há 6% que admite que irá transferir o seu voto para o BE.

No Bloco de Esquerda, 46% vão manter o sentido de voto mas 11% admitem passar para o PS. Destaque ainda para os 12 por cento de indecisos.

Finalmente, os inquiridos que votaram Livre ou PAN em 2022 são agora os mais indecisos (21 e 27%, respetivamente), ainda que a maioria indique que vai manter o voto. 

A Universidade Católica procurou ainda apurar qual a probabilidade de votar em cada um dos vários partidos. Há 44 por cento de inquiridos que assumem como provável ou muito provável um voto na AD, enquanto 39 por cento admitem votar no PS. Segue-se o Chega, com 23 por cento dos inquiridos a admitir votar neste partido.

Entre os inquiridos que votaram no PS em 2022, um em cada quatro admite que é pouco ou nada provável votar no mesmo partido nestas eleições. Um em cada quatro destes inquiridos assume votar na AD. No entanto, 74% diz que é provável ou muito provável atribuir de novo o voto ao PS.

Já no campo dos inquiridos que votaram PSD ou CDS, 12 por cento assumem que é pouco ou nada provável entregarem o voto à AD e 9 por cento diz que é provável ou muito provável votar no PS. Mas a grande maioria (88%) diz que irá votar na coligação.

Entre os eleitores inquiridos que não sabem ainda em quem votariam, 48% dizem que é provável ou muito provável votar PS e 43% assumem como provável ou muito provável votar na AD

Por fim, entre os eleitores que se dizem decididos, os que votam na AD assumem uma “provável” ou “muito provável” transferência de voto para a IL (32 por cento).

Os inquiridos que vão votar PS assumem como provável ou muito provável transferir o seu voto para BE (17%), Livre (16%), PAN (15%), AD (11%) ou CDU (10%).

Entre os inquiridos que vão votar Chega, há maior probabilidade de transferência de votos para a AD (21%) e IL (20%).


Ficha Técnica:

Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público entre os dias 28 de fevereiro e 5 de março de 2024. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 2405 inquéritos válidos, sendo 45% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 33% da região Norte, 22% do Centro, 31% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base nos dados do recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 40%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 2405 inquiridos é de 2%, com um nível de confiança de 95%.

*Foram contactadas 5948 pessoas. De entre estas, 2405 aceitaram participar na sondagem e responderam até ao fim do questionário.
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