Sócrates desmente "categoricamente" Francisco Louçã

por RTP
Sócrates acha lamentável que um líder político use "inverdades" para atacar outro líder político RTP

Sócrates desmente "categoricamente" o alegado convite a Joana Amaral Dias, respondendo assim ao desafio do líder bloquista que não contente com o desmentido pelo porta-voz do PS exigiu ouvir esse mesmo desmentido da boca do líder socialista. Em causa um alegado convite do PS a Joana Amaral Dias para integrar as listas e uma posterior oferta de um cargo público a troco do apoio às listas do PS.

O primeiro-ministro José Sócrates desmentiu "categoricamente" que tenha feito ou mandado fazer qualquer convite à militante bloquista Joana Amaral Dias para integrar as listas socialistas às eleições legislativas. Foi durante a cerimónia de lançamento da primeira pedra de uma das duas fábricas da brasileira Embraer, em Évora.

"Desminto categoricamente que tenha convidado Joana Amaral Dias ou que tenha pedido a alguém para a convidar", afirmou José Sócrates.

"Já ontem desmenti esse convite. Só ouvi falar do nome dela quando as listas já estavam fechadas", afirmou José Sócrates.

O primeiro-ministro esclareceu que no PS existem apenas três pessoas que poderiam ter dirigido esse convite a Joana Amaral Dias - ele próprio, o presidente da Federação de Coimbra, Vítor Baptista, e o ministro do Trabalho, Vieira da Silva -, mas que ninguém fez esse convite.

"Aliás, já não vejo a Joana Amaral Dias há pelo menos três anos", acrescentou o primeiro-ministro.

"O que lamento é que um líder político utilize uma falsidade para atacar outro, ainda por cima, insinuando que andamos a traficar influências", criticou.

"Utilizar mentiras e usar inverdades para atacar um líder político é uma coisa que não se deve fazer", concluiu.

Sócrates acusado de tráfico de influências

O dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, lançou no sábado passado duras críticas ao primeiro-ministro José Sócrates, acusando-o de tráfico de influências por ter oferecido a Joana Amaral Dias um lugar de Estado em troca do seu apoio às listas do Partido Socialista para as legislativas.

Às acusações lançadas pelo coordenador do Bloco respondeu de pronto o porta-voz dos socialistas, João Tiago Silveira, que considerou as acusações falsas e rejeitou qualquer convite à militante do BE.

O porta-voz socialista acusou ainda Louçã de ser uma "muleta da direita", o que mereceu novas considerações do dirigente bloquista: "Se o secretário-geral quisesse desmentir os factos concretos a que eu me referi era ele que tinha vindo a publico dizê-lo. O PS entende encobrir com uma mentira uma tentativa de trocar um apoio partidário por um cargo de Estado e isso é suficientemente grave para exigir que seja o primeiro-ministro a esclarecer (este episódio)".

"Gosto de palavras claras e de confrontação política quando há divergências, mas acho inaceitável e espantoso que o PS queira fazer ataques pessoais", afirmou ainda Louçã, numa referência ao facto de ter sido apelidado de "muleta da direita".

PS acusa BE de ser cada vez mais "muleta da direita"

O porta-voz dos socialistas foi peremptório ao considerar "falsas" as declarações de Francisco Louça e garantindo que "não é verdade que Joana Amaral Dias tenha sido convidada para deputada pelo secretário-geral do PS e não é verdade também que tenha sido convidada para um cargo num instituto público".

Nesse sentido, João Tiago Silveira qualificou de "falsas" as palavras do dirigente bloquista, acrescentando que estas constituem "a prova de que o dr. Francisco Louçã deixou de discutir ideias e propostas porque só pretende dizer mal do PS com base em histórias falsas".

"O dr. Francisco Louçã assume-se como a muleta da direita, já que passou a ser um comentador de factos que não existem nem existirão", deixou ainda o porta-voz. 

Vieira da Silva qualifica acusação de Louçã como "atitude inqualificável"

O ministro do Trabalho e dirigente socialista, Vieira da Silva é um dos três individuos a par com o secretário-geral do PS, José Sócrates e do presidente da Federação distrital do partido, de endereçar os convites para a composição das listas de candidatos a deputados pelo PS nas próximas eleições legislativas de Setembro.

Posto perante a acusação ontem proferida por Francisco Louçã de que o PS teria convidado a militante bloquista Joana Amaral Dias para integrar as listas de candidatos do PS por Coimbra e posteriormente de tentar conseguir o seu apoio através de oferta de cargos públicos, Veiria da Silva reage desmentindo "categoricamente".

"Essa afirmação não é mais do que uma grosseira mentira que se destina provavelmente a desviar as atenções das dificuldades que o BE terá com a lista do PS. Mas esse é um problema do BE que não habilita Francisco Louçã, nem lhe permite, a utilização de insinuações caluniosas quando elas não correspondem minimamente à verdade", declarou o ministro do Trabalho e da Solidariedade Social.

"A capacidade e o poder de convidar alguém para participar nas listas do PS resume-se, neste processo, a três tipos de pessoas, ao Secretário-Geral, a mim próprio - Vieira da Silva - e aos presidentes das distritais do PS", explicou Vieira da Silva, frisando que tem a "garantia de todos e a certeza que nenhum convite foi feito à doutora Joana Amaral Dias, pessoas aliás, por quem tenho o maior respeito e consideração, para integrar as listas do PS".

Vieira da Silva garantiu que o último contacto que teve com Joana Amaral Dias - ex-deputada ao Parlamento pelo Bloco de Esquerda - foi nos tempos em que participou na campanha presidencial.

"É uma atitude profundamente lamentável a do doutor Francisco Louça. É um comportamento que só pode contribuir para degradar a vida política", acrescentou.

Vieira da Silva considerou que, para um partido que se assume como "campeão de ideias", "estar a utilizar este tipo de expedientes de maneira nenhuma pode significar uma credibilização dessa actuação".

 

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