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Sócrates ataca "duplo critério moral" sobre escutas do caso Marquês e Influencer

por Lusa
António Cotrim - Lusa (arquivo)

O ex-primeiro-ministro José Sócrates criticou hoje o "duplo critério moral" de silêncio da sociedade sobre as escutas na operação Marquês em contraste com a "viva indignação" no caso `Influencer`, em que está envolvido António Costa.

Numa nota enviada às redações, Sócrates ataca o recurso às escutas nas investigações judiciais, uma "violência ilegítima do Estado português" sobre o indivíduo, afirmando que "este método deixou de ser exceção e se transformou em regra".

Há 10 anos, refere na nota, o antigo chefe de Governo afirma-se vítima desse método, uma "violência ilegítima do Estado Português" que foi "normalizada e tolerada por todos -- pela política, pelo jornalismo, pelo poder judiciário".

"O silêncio sobre o que aconteceu no processo Marquês comparado com a viva indignação que agora é usada no processo `Influencer` representa um duplo critério moral que considero absolutamente inaceitável", escreveu.

A publicação de escutas telefónicas, refere ainda Sócrates, "é usada em Portugal como meio que visa comprometer a reputação individual de adversários políticos" e à "nojeira de hoje", do processo `Influencer`, "junta-se a tentativa de esquecimento da nojeira de ontem", no caso Marquês.

Na quarta-feira, o Ministério Público abriu uma investigação a fugas de informação no processo Influencer, depois de ter sido divulgada a transcrição de escutas a conversas telefónicas entre o ex-primeiro-ministro, António Costa, e o então ministro das Infraestruturas, João Galamba.

No processo Operação Marquês, Sócrates foi acusado pelo MP, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 09 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa ilibou o ex-governante de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento por três crimes de branqueamento e três de falsificação.

A decisão de janeiro da Relação determinou a ida a julgamento de um total de 22 arguidos por 118 crimes económico-financeiros, revogando a decisão instrutória, que remeteu para julgamento José Sócrates, Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando Vara, Ricardo Salgado e o antigo motorista de Sócrates, João Perna.

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