Foto: Manuel de Almeida - Lusa
O presidente da República anunciou na quinta-feira a decisão de convocar o Conselho de Estado para analisar a situação do país. A reunião vai acontecer em julho, depois do debate do Estado da Nação. Marcelo Rebelo de Sousa pretende também ouvir, antes, os partidos.
"E depois, perto do final de julho, irei convocar um outro Conselho de Estado para a situação portuguesa", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa enfatizou que "já há muito tempo" que não convoca o órgão consultivo do presidente da República, insistindo na ideia de que "faz sentido ouvir os conselheiros de Estado logo a seguir aos partidos".
O objetivo, explicou, não é auscultar os conselheiros "sobre nenhum ponto específico, não é para nenhum caso especifico de intervenção", mas "em geral" sobre "o que é que eles pensam da evolução da economia, como é que irá evoluir até ao fim do ano e no ano que vem, para ouvir sobre a situação social e para ouvir sobre a situação política".A última reunião do Conselho de Estado teve lugar a 29 de março e debruçou-se sobre os fundos europeus, contando com a presença da comissária europeia Elisa Ferreira.
À chegada à Feira do Livro de Lisboa, Marcelo desfiou uma agenda decorrente de "reflexões nos últimos tempos". Começou por recordar que está marcada uma reunião do Conselho de Estado para 16 de junho sobre a Europa, que terá a participação de Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu.
"Depois, no dia 21 receberei os partidos com assento na Assembleia da Madeira para marcar as eleições na Madeira", continuou.
Ainda quanto à reunião de julho, o presidente sustentou que esta "faz sentido" nessa fase "porque está a arrancar o Orçamento do Estado para o ano que vem, porque estão a terminar os trabalhos da Assembleia da República nesta sessão legislativa".
"Estou a falar de tudo o que é trabalho do Parlamento e tudo o que é a análise da situação política. É importante ouvir", reforçou.
"Não vou entrar em realidades em processo"
Questionado sobre as notícias dos últimos dias sobre a Operação Tutti Frutti, que envolvem nomes do PSD e do PS, o presidente da República escusou-se a comentar: "Não vou agora entrar em realidades que estão em processo. São realidades que todos os dias vão surgindo ou surgem de vez em quando e que vão sendo analisadas pelo Parlamento, pelos políticos, partidos políticos, e pelos portugueses em geral".
"A razão pela qual eu entendo que é muito prudente este calendário que eu escolhi é de deixar que toda a realidade económica, social e política neste mês de maio, como eu junho, como até julho, decorra, cabendo ao presidente da República ir observando atentamente, e depois ouvindo a opinião de quem tem um parecer a dar sobre tudo isso", insistiria."Para já, planeei este calendário e não planeio nenhuma ação em concreto para o pós Conselho de Estado, a menos que eu entenda que há uma razão para falar aos portugueses sobre uma determinada matéria. Isso eu decidirei depois de ouvir o Conselho de Estado", disse Marcelo aos jornalistas.
Relativamente ao caso que envolve João Galamba e Frederico Pinheiro, o chefe de Estado adiantou que só soube do envolvimento das secretas na recuperação do computador do ex-adjunto do ministro três dias depois dos incidentes no Ministério das Infraestruturas.
Questionado sobre foi o primeiro-ministro, António Costa, quem o informou da intervenção do Serviço de Informações de Segurança, Marcelo Rebelo de Sousa redarguiu: "Eu o que posso dizer é que o primeiro contacto que tive sobre esta matéria com alguém foi no dia 29, no regresso da Ovibeja".
"Pois se eu não conto as conversas que tenho, menos ainda conto as conversas que tenho sobre uma matéria em que o que eu queria dizer disse no dia 4 [de maio]. Se eu tiver de dizer alguma coisa, direi mais tarde", prosseguiu, recusando-se assim a revelar com quem falou.