Saúde, transportes e pensões. Montenegro anuncia no Pontal novas medidas para o país

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Luís Forra - Lusa

Depois de um início atribulado com falhas no som de palco, Luís Montenegro deixou para o final do seu discurso de rentrée o anúncio de novas medidas na área da saúde, transportes e pensões. Na Festa do Pontal, o primeiro-ministro deixou ainda recados à oposição para se vangloriar com uma situação na Saúde "muito melhor este ano do que era o ano passado".

De regresso à Festa do Pontal, desta vez como primeiro-ministro, Luís Montenegro aproveitou o discurso para destapar o véu sobre novas medidas para o país que serão implementadas nas próximas semanas.

Em primeiro lugar, na área da saúde, Montenegro admitiu que “há muita coisa para fazer”. “Temos de qualificar os nossos trabalhadores e funcionários da administração pública, valorizar as suas carreiras, dar uma perspetiva de que o serviço público pode ser prestado no setor social, até no setor privado, mas a essência do serviço público de saúde é no serviço nacional de saúde”, declarou.
No caso dos médicos, “é preciso ter a coragem de enfrentar uma visão demasiado corporativista que não tem contribuído para que os médicos fiquem no SNS”. “Vamos formar mais médicos, fazer mais escolas de medicina em hospitais, vamos levá-los e espalhá-los pelo território”, prometeu. O chefe do executivo anunciou também a criação de mais vagas para o curso de medicina, de forma a compensar as aposentações dos médicos do Serviço Nacional de Saúde.

O primeiro-ministro adiantou ainda que em setembro será apresentado um plano designado “Mobilidade Verde”, que visa “facilitar verdadeiramente a vida dos cidadãos” no que diz respeito aos transportes.

“Uma das traves-mestras desta Mobilidade Verde é a ferrovia. Vamos decidir a criação de um passe ferroviário de 20 euros mensais que dará acesso a todos os comboios urbanos, regionais e também intercidades”, anunciou.

“Quem morar em Braga e quiser ir ao Porto ou Aveiro, quem morar em Aveiro e quiser ir a Leiria e a Lisboa, quem morar em Lisboa e quiser ir Leiria ou Faro terá a oportunidade de o fazer por 20 euros por mês”, acrescentou.

As últimas medidas anunciadas por Montenegro dizem respeito às pensões. O primeiro-ministro avançou que o Governo vai aprovar um suplemento extraordinário para as pensões mais baixas, que irá variar entre os 100 e 200 euros, e será paga em outubro.
“Eu disse que se tivéssemos condições financeiras íamos ajudar mais os pensionistas e reformados que têm pensões mais baixas”, afirmou.

O "suplemento extraordinário" será de 200 euros, para quem tenha pensão até 509,26 euros, de 150 euros para as pensões entre 509,26 e 1018,52 euros e 100 euros para as pensões entre 1018,52 e 1527,78.
Situação na Saúde está "muito melhor este ano"
Durante o seu discurso na rentrée política do PSD e do Governo, Montenegro deixou também recados à oposição.

Alguns quiseram, com elevada desonestidade política e intelectual, criar a ideia de que nós tínhamos feito a promessa de que em 60 dias íamos resolver os problemas da saúde. Acho que é tão absurda essa tese que não vale a pena sequer comentá-la. Mas vale a pena dizer que o compromisso que assumimos está a ser cumprido”, disse o primeiro-ministro, vangloriando-se de seguida com uma situação na saúde "muito melhor este ano do que era o ano passado".

“Assumimos que nos primeiros 60 dias de Governo apresentaríamos um plano de emergência. Apresentamo-lo. Não vai resolver os problemas todos. É um plano para dois anos, 2024 e 2025, com objetivos determinados e calendarizados e que já estão a ser cumpridos”, disse, afirmando, de seguida, que em 60 dias, o Governo acabou com a lista de espera nos doentes oncológicos que ultrapassavam o tempo máximo de resposta garantida e criou uma linha telefónica especial para grávidas.

“Nós não estamos distraídos. Não somos daqueles que criam ilusões e falsas expectativas. A situação este ano é muito melhor do que era o ano passado, e no próximo ano, eu prometo-vos que vai ser melhor do que aquilo que é este ano”, garantiu.

Montenegro respondeu ainda ao PS e àqueles que “pululam na comunicação social” que o Governo “está a tratar daquilo que é mais fácil”.

“Aqueles que nos dizem que só estamos a tratar o que é mais fácil, são aqueles que tiveram a oportunidade durante oito anos de resolver o que era fácil”, apontou Montenegro.

“Essas pessoas acham que os portugueses são estúpidos? Os portugueses não são estúpidos e não podem considerar que quem teve os instrumentos na mão oito anos nos possa acusar de estar a fazer aquilo que é fácil, porque se fosse fácil tinha sido feito por eles”, insistiu.
“Não estamos a tomar medidas menores”
“Há quem queira dar a entender aos portugueses que estamos a resolver problemas pequenos e que não estamos a projetar a vida do nosso país para as próximas décadas”, continuou Montenegro, para acrescentar de seguida que estes quatro meses à frente do Governo “foram de transformação estratégica e estrutural”.

“Nestes quatro meses fizemos um acordo com os professores, com os polícias, com os oficiais de justiça, com os guardas prisionais. Estamos a construir entendimentos com os médicos e com os enfermeiros”, lembrou.

“Quando regulamos a imigração para dignificar os imigrantes que procuram Portugal para trabalhar, quando lançamos novas políticas de habitação que favorecem os mais jovens e pessoas com menos possibilidades, quando regulamentamos o alojamento local, quando baixamos os impostos sobre o rendimento do trabalho e a fiscalidade sobre as empresas, estamos a tratar estratégica e estruturalmente do futuro de Portugal. Não estamos a tomar medidas menores”, sublinhou.

“Vamos continuar fiéis às nossas ideias e aos nossos princípios sociais-democratas”, garantiu o primeiro-ministro.

“Não somos liberais porque não somos daqueles que entendem que o mercado resolve tudo por si, e também não somos socialistas porque não somos daqueles que entendem que o Estado tem de se meter em tudo e que todos os serviços públicos prestados ao cidadão são um exclusivo do Estado”, afirmou.

“Nós somos aqueles que acreditam na livre iniciativa das pessoas, famílias e empresas para poderem potenciar a sua capacidade. E somos aqueles que acreditam que o Estado serve para garantir as funções mais soberanas e garantir a igualdade de oportunidades e a justiça social”, rematou.
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