“São quatro anos decisivos na vida de Portugal”. Marcelo apela ao voto em véspera de eleições

por Andreia Martins - RTP
"Pedir aos portugueses que votem parece justo e mesmo urgente”, reitera o Presidente da República na mensagem aos portugueses Rui Ochôa - Presidência da República

Na mensagem do Presidente da República um dia antes das eleições legislativas, Marcelo Rebelo de Sousa lembra a elevada abstenção registada nas eleições europeias e adverte que os sinais económicos e políticos “preocupantes”, no mundo e na Europa, “são mais claros do que em maio”. Por isso, o chefe de Estado considera que “pedir aos portugueses que votem parece justo e mesmo urgente”.

“São quatro anos da vossa vida, da nossa vida. São quatro anos decisivos da vida de Portugal”. É assim que o Presidente da República olha para o futuro do país, a poucas horas do arranque das eleições legislativas. 

Na mensagem que antecede a realização do escrutínio, Marcelo Rebelo de Sousa pede aos portugueses para que não deixem de votar, independentemente do entendimento ou motivação de cada um.  

“Por convicção, por confiança, por rejeição, por realismo, por exclusão de partes. Seja qual for a razão do vosso voto, não deixem de votar amanha”, reitera.  



O Presidente da República sublinha que quem não vota estará a “entregar aos outros uma decisão que é nossa”. Considera ainda que é “perder autoridade para lamentar, para contestar, para recusar”. Um resultado da “apatia, do desinteresse ou do comodismo, dos que optem por não optar”, sublinha.  

“Neste dia 5 de outubro, que simboliza liberdade de pensar e de decidir e também democracia na escolha e na responsabilização de quem manda, o que vos peço é muito simples”, refere ainda o chefe de Estado, lembrando que hoje se celebra o Dia da Implantação da República.
“Sinais preocupantes, mais claros que em maio”

Na comunicação ao país, Marcelo Rebelo de Sousa não deixa de assinalar os números da abstenção “muito elevada” nas últimas eleições europeias, em maio.  

A taxa total de abstenção nas eleições de maio de 2019 para o Parlamento Europeu chegou aos 69,27 por cento – a mais elevada de sempre desde a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1986.

“Hoje, véspera das eleições para a Assembleia da República, repito o apelo de maio, com ainda maior empenho. Os sinais económicos e políticos preocupantes – no mundo e na Europa – são hoje mais claros do que em maio”, alerta o Presidente, sublinhando em concreto a incerteza em relação ao Brexit e os possíveis efeitos do ambiente internacional na economia nacional. 

Mas o Presidente destaca outros desafios que o país enfrenta no futuro próximo, com os quais o próximo Governo e a nova Assembleia da República terá de lidar. Desde superar os “efeitos negativos da quebra da natalidade e do envelhecimento”, as alterações climáticas, as “crises vindas de fora”, mas também a aposta em “mais crescimento, mais emprego”, bem como no “combate à pobreza e desigualdades”.

Sem esquecer as assimetrias regionais entre o litoral e o interior e entre as regiões autónomas, o Presidente da República sublinha que é necessário “assegurar melhor educação e melhor saúde”, garantir uma segurança social “para um futuro mais longo” e ainda preparar “mudanças na ciência e na tecnologia que moldarão o futuro”.  

Marcelo destaca também os momentos decisivos para o país nos próximos quatro anos, nomeadamente a Conferência Mundial sobre os Oceanos, que terá lugar em Portugal no próximo ano, a presidência portuguesa da União Europeia em 2021 e o “revigorar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), com as cimeiras de 2020 e 2022, ou ainda os debates a realizar nas Cimeiras Ibero-Americanas, também em 2020 e 2022.  

“Perante tudo isto pedir aos portugueses que votem parece justo e mesmo urgente”, assinala o chefe de Estado.  

Marcelo Rebelo de Sousa sublinha ainda que os portugueses têm ao seu dispor “várias escolhas”, chegando a um total 21 diferentes partidos em alguns círculos eleitorais, e que o período pré-eleitoral e eleitoral permitiu várias iniciativas e o confronto de ideias entre as várias forças partidárias, com debates e entrevistas que ajudaram à “ponderação dos eleitores”. 

Mais de 10,8 milhões de eleitores recenseados no território nacional e no estrangeiro são chamados este domingo às urnas para escolher a nova constituição da Assembleia da República, de onde sairá um novo Governo.

Serão eleitos 230 deputados, divididos por 22 círculos: 18 no Continente, dois nas regiões autónomas e círculos da emigração "Europa" e "Fora da Europa"). As urnas abrem no domingo às 8h00 e encerram às 19h00.
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