Rui Rio. "É mais vantajoso para o PSD ir sozinho do que com uma coligação à sua direita"
Rui Rio considera que o PSD ganha em ir sozinho para as legislativas, rejeitando uma coligação à direita. Em entrevista à RTP, o líder social-democrata disse ainda entender que, não havendo um cenário de maioria absoluta nas eleições de 30 de janeiro, "aqueles que perdem devem ter disponibilidade para viabilizar um Governo e garantir a governabilidade do país".
“O facto de termos colocado o PSD outra vez no centro dá-nos vantagens, quer em termos ideológicos, mas até em termos de conseguir captar os votos das pessoas moderadas que, se nós estivéssemos mais encostados para a direita, podiam sair”, afirmou na entrevista desta noite à RTP.
Rui Rio defendeu ainda que deve haver “disponibilidade para viabilizar um Governo” caso não se alcance uma maioria absoluta em janeiro.
“Não quer dizer que eu, ganhando as eleições, ache que o Partido Socialista, por exemplo, me deve apoiar”, explicou, considerando contudo que todos devem estar disponíveis para negociar - com equilíbrio, pois não se pode “desvirtuar totalmente o programa de quem ganhou”.
PSD projeta governo até 16 ministérios
Se for eleito primeiro-ministro, Rui Rio disse pretender um Governo com 15 ou 16 Ministérios, mas não avançou, para já, nomes de possíveis titulares das pastas.
Questionado sobre a razão pela qual decidiu afastar quase todos os apoiantes de Paulo Rangel das listas de deputados, o presidente do PSD sublinhou que “a marca das listas de deputados é a marca da estratégia que venceu, não é a marca da estratégia que foi derrotada”.
“Acho que era até um bocadinho tonto dizer o contrário: que eu sou tão democrata, tão democrata, que escolhi muitos mais daqueles que não concordam comigo do que dos que concordam comigo”.
Regionalização por referendo
Relembrando que foi contra a regionalização em 1997 e 1998, Rui Rio explicou que, desde então, em Portugal, “ficámos pior”, com o país “mais centralizado em torno das áreas metropolitanas, particularmente Lisboa, e com o interior cada vez mais desertificado”.
“Se estamos pior, há aqui um ato de inteligência da minha parte”, afirmou, defendendo agora uma posição diferente, de abertura à regionalização, que “deve ser feita por referendo”.
“O processo deve ser para unir”, considerou, frisando que não é a favor “da regionalização de qualquer maneira, porque há muita coisa a definir”, nomeadamente o controlo das finanças públicas.
Rio acusa PJ de “circo mediático” para favorecer PS
Ainda em entrevista à RTP, Rui Rio criticou o facto de o diretor da Polícia Judiciária, “que é um cargo de nomeação do Governo, ter aproveitado o facto de a polícia sul-africana ter detido João Rendeiro para fazer um foguetório para conseguir, com isto, beneficiar indiretamente o Partido Socialista”.
Por essa razão, o líder social-democrata acredita que, “se não houvesse eleições à porta, o diretor da PJ tinha o seu comportamento normal, que era fazer uma conferência de imprensa, dar uma entrevista” e não o “andar de canal em canal” a falar sobre o caso.
Para o presidente do PSD é lamentável que o diretor da PJ tenha feito um “circo mediático em torno da detenção que a polícia sul-africana fez”, beneficiando assim o Governo socialista.
Rui Rio esclareceu, porém, que não considera que a Judiciária esteja “ao serviço do PS” em todas as investigações. “Mas não deixo de criticar o esforço de marketing do diretor da PJ, quando a Justiça deve ser serena e deve ser contida, não deve dar este espetáculo”, afirmou.
Acrescentaria que também não concorda com a divulgação da fotografia de João Rendeiro em pijama.
Sobre o caso de Manuel Pinho, Rio criticou a “não acusação” do antigo ministro da Economia no âmbito do caso EDP, defendendo que o Ministério Público não foi “suficientemente diligente” quando deixou prescrever alguns dos alegados crimes.
“Quando me acusam de confundir o poder judicial e o poder político é por pura ignorância”, defendeu-se. “Uma coisa é o poder político ter influência nas sentenças e no que é ou não investigado”, o que “seria errado”. Pelo contrári, apontou “mais controlo democrático” no funcionamento da Justiça.
Sobre o caso de Manuel Pinho, Rio criticou a “não acusação” do antigo ministro da Economia no âmbito do caso EDP, defendendo que o Ministério Público não foi “suficientemente diligente” quando deixou prescrever alguns dos alegados crimes.
“Quando me acusam de confundir o poder judicial e o poder político é por pura ignorância”, defendeu-se. “Uma coisa é o poder político ter influência nas sentenças e no que é ou não investigado”, o que “seria errado”. Pelo contrári, apontou “mais controlo democrático” no funcionamento da Justiça.