O presidente da Iniciativa Liberal afirmou hoje esperar que o Conselho de Jurisdição tome uma "decisão exemplar, expedita e justa" sobre Tiago Mayan Gonçalves, recusando comentar se o ex-candidato presidencial deveria ter saído do partido por iniciativa própria.
Em declarações aos jornalistas após se ter reunido com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), em Lisboa, Rui Rocha foi questionado sobre o facto de o ex-candidato presidencial da IL, Tiago Mayan Gonçalves, ter manifestado este domingo vontade de continuar como militante base do partido, após ter sido revelado que falsificou assinaturas enquanto presidente de uma união de freguesias no distrito do Porto.
Na resposta, Rui Rocha salientou que o processo disciplinar a Tiago Mayan já foi aberto, frisando que agora a responsabilidade interna sobre o que lhe irá acontecer depende do Conselho de Jurisdição da Iniciativa Liberal (IL).
"Portanto, vamos aguardar. Aquilo que eu espero é que esta decisão seja exemplar no sentido de ser expedita e justa, mas é uma competência que já não me cabe a mim, cabe ao Conselho de Jurisdição da IL", disse.
Interrogado se considera Tiago Mayan um ativo tóxico para o partido e se acha que deveria ter abandonado o partido por iniciativa própria, Rui Rocha considerou que "isso é irrelevante nesta altura".
"O que é relevante é que o partido funcione, que os seus órgãos funcionem. Estas questões surgem em todos os partidos, aquilo que é diferenciador é a forma como os partidos reagem", frisou.
Rui Rocha garantiu que "o partido vai reagir e está a reagir de acordo com os seus estatutos, não havendo invasão de competências de diferentes órgãos e permitindo ao órgão competente que avalie a gravidade dos factos e que tome a decisão pertinente".
Questionado se este caso pode prejudicar a IL nas autárquicas, Rui Rocha afirmou que o partido "não se define pelo comportamento de alguns dos seus atores".
"Define-se pela reação que tem a estes casos. E eu espero, como disse - e é a única coisa que posso pedir - que esta reação seja exemplar, no sentido de ser expedita e justa, de avaliar os dados, os comportamentos e aplicar uma consequência que seja exemplar", disse, reiterando que "a expulsão é uma das consequências possíveis".
Interrogado se este processo lhe dá mais força para se recandidatar à liderança da IL, Rui Rocha respondeu: "Este processo é absolutamente irrelevante desse ponto de vista".
"É algo, como eu tenho dito, sobre o qual vou pronunciar-me apenas no final do ano, mas é absolutamente irrelevante do ponto de vista dessa decisão", afirmou.
Este domingo, numa carta enviada à agência Lusa, Tiago Mayan afirmou que, nos próximos tempos, irá afastar-se de qualquer participação ativa, mas irá manter-se como cidadão e membro base da IL.
Nessa carta, o presidente demissionária da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, que renunciou ao cargo após assumir ter falsificado assinaturas, garantiu que nunca se apropriou de quaisquer fundos".
Na quinta-feira, Tiago Mayan demitiu-se do cargo de presidente da junta, alegando falta de "condições pessoais para continuar a exercer" o cargo e assumindo que o motivo era da sua "inteira responsabilidade".
Em causa está a assunção por Tiago Mayan da falsificação de assinaturas do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, numa ata datada de 16 de setembro, elaborada e falsificada pelo ex-candidato presidencial apoiado pela IL, segundo uma outra ata de uma reunião entre o júri e o executivo da junta, na quarta-feira.
O liberal, que nesta sequência desistiu de disputar a liderança da IL na convenção eletiva que está prevista para o início de 2025, assumiu ter sido um ato "manifestamente irrefletido e censurável" do qual se arrepende "profundamente".