Rio diagnostica falta de sensibilidade social ao Governo de Passos
A cumprir a última etapa à frente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio mostra-se crítico da gestão comunicacional do Governo de PSD e CDS-PP, sustentando que se impõe “mais sensibilidade social” no atual contexto de austeridade. Em entrevista à RTP Informação, o autarca social-democrata voltou ontem à noite a avaliar como “um erro tremendo” do Executivo “dividir os portugueses” entre os sectores público e privado. Sobre a candidatura de Luís Filipe Menezes à autarquia da Invicta, escusou-se a emitir, nesta fase, uma “opinião em concreto”. Para não “provocar instabilidade desnecessária”.
Na sexta-feira, Rui Rio foi o porta-voz dos autarcas da Área Metropolitana do Porto no lançamento de uma “ação de comunicação” com o objetivo de “mostrar inequivocamente sucessivas faltas de respeito” do poder central para com a região. E deu como exemplos o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, o diploma das competências das áreas metropolitanas, o turismo, a Casa da Música, as portagens e a própria RTP.
“Pode haver mais sensibilidade social. Pode não se dizer assim, às vezes com um certo prazer que eu não consigo entender, vamos despedir mais 400, ou mais 500, ou mais 600. Como se isto fosse uma coisa fantástica”, apontou Rio na RTP Informação.
“Eu não vejo nada de fantástico, numa taxa de desemprego de 16 por cento, em anunciar despedimentos ou deixar escapar para a comunicação social despedimentos, por exemplo”, acrescentou.
“Pode haver uma maior sensibilidade social. Pode haver mais coerência, ou seja, os cortes são para todos, então são para todos. Considerei, como sabe, um erro tremendo dividir os portugueses entre os públicos e os privados e gerar uma guerra entre públicos e privados”, acentuou Rui Rio.
“Uma instabilidade desnecessária”
Questionado sobre a candidatura de Luís Filipe Menezes à Câmara do Porto, nas autárquicas deste ano, Rio não quis esclarecer a sua posição. Tão-pouco se está disposto a apoiar a possível candidatura do empresário Rui Moreira. O ainda autarca portuense só admite emitir uma opinião “mais em cima das eleições”.
“Não vou emitir hoje, nem nestes tempos próximos, uma opinião em concreto sobre as autárquicas de 2013, principalmente no Porto”, atalhou o político social-democrata, argumentando que tem por “obrigação” acautelar “estabilidade na gestão” camarária.
“Admito, quando for adequado, mais em cima das eleições, sem provocar uma instabilidade desnecessária com tanta antecedência, emitir uma opinião, dar a opinião que agora me está a pedir”, indicou Rui Rio.
“Agora, com esta antecedência toda, não contem comigo para criar instabilidade, quando eu devo ser o primeiro responsável por garantir estabilidade na gestão da Câmara do Porto. Essa é a minha obrigação. É isso que as pessoas exigem”, concluiu.