Está consumada a saída de Mário Centeno do Executivo de António Costa. O até agora ministro das Finanças cede a pasta a João Leão, atual secretário de Estado do Orçamento, foi anunciado esta terça-feira. De saída do Governo, confirmou a RTP, está também Ricardo Mourinho Félix, até agora secretário de Estado das Finanças.
"O Presidente da República recebeu do Primeiro-Ministro as propostas de exoneração, a seu pedido, do Ministro de Estado e das Finanças, Professor Doutor Mário Centeno, e de nomeação, em sua substituição, do Professor Doutor João Leão", lê-se no site de Belém.
"O Presidente da República aceitou as propostas", acrescenta a nota, antes de indicar que a tomada de posse do novo titular da pasta das Finanças terá lugar a 15 de junho, pelas 10h00.
O cenário da substituição do ministro das Finanças - e da eventual transição para o cargo de governador do Banco de Portugal - vinha sendo aventado há várias semanas.
Mais recentemente, em entrevista à Antena 1, Mário Centeno deixara entreaberta a porta de saída, ao confessar que ainda não tinha falado com António Costa e Silva, o gestor nomeado por António Costa para delinear um plano de recuperação económica do país.
O ministro das Finanças tinha ainda dito, na mesma entrevista, que apenas se comprometia a trabalhar no fim de semana para o orçamento suplementar.
Também Ricardo Mourinho Félix, até agora secretário de Estado das Finanças, está de saída do Governo, apurou na Assembleia da República o jornalista da RTP Tiago Contreiras.
“A vida é feita de ciclos”, explica Costa
Em declarações esta terça-feira, no final do Conselho de Ministros, António Costa lançou elogios a Mário Centeno e agradeceu “profundamente” o trabalho realizado pelo ministro durante ao longo de quase seis anos.
“Foi, por minha proposta, e a pedido do senhor ministro de Estado e das Finanças, decidido pelo senhor Presidente da República marcar para a próxima segunda-feira de manhã a exoneração de Mário Centeno e a nomeação do professor doutor João Leão para ministro de Estado e das Finanças”, começou por afirmar o primeiro-ministro.
“A vida é feita de ciclos e quero aqui expressar publicamente que compreendo e respeito que o doutor Mário Centeno queira abrir um novo ciclo na sua vida. Este foi um longo ciclo. Pela segunda vez, em 46 anos da nossa democracia, um ministro das Finanças cumpriu integralmente uma legislatura de quatro anos, e pela primeira vez na nossa democracia (…) ainda preparou o início da outra legislatura e assegurou a aprovação do primeiro Orçamento” da mesma, salientou Costa.
O chefe do Executivo aproveitou para “agradecer profundamente” a “dedicação ao longo destes quase seis anos de trabalho em conjunto”, elogiando a forma como Centeno “prestigiou Portugal na presidência do Eurogrupo”.
Em declarações esta terça-feira, no final do Conselho de Ministros, António Costa lançou elogios a Mário Centeno e agradeceu “profundamente” o trabalho realizado pelo ministro durante ao longo de quase seis anos.
“Foi, por minha proposta, e a pedido do senhor ministro de Estado e das Finanças, decidido pelo senhor Presidente da República marcar para a próxima segunda-feira de manhã a exoneração de Mário Centeno e a nomeação do professor doutor João Leão para ministro de Estado e das Finanças”, começou por afirmar o primeiro-ministro.
“A vida é feita de ciclos e quero aqui expressar publicamente que compreendo e respeito que o doutor Mário Centeno queira abrir um novo ciclo na sua vida. Este foi um longo ciclo. Pela segunda vez, em 46 anos da nossa democracia, um ministro das Finanças cumpriu integralmente uma legislatura de quatro anos, e pela primeira vez na nossa democracia (…) ainda preparou o início da outra legislatura e assegurou a aprovação do primeiro Orçamento” da mesma, salientou Costa.
O chefe do Executivo aproveitou para “agradecer profundamente” a “dedicação ao longo destes quase seis anos de trabalho em conjunto”, elogiando a forma como Centeno “prestigiou Portugal na presidência do Eurogrupo”.
Costa referiu ainda a “extraordinária capacidade de trabalho, o excelente espírito de equipa (…) e a constante preocupação de assegurar e cuidar nas decisões e o sentido profundamente humanista que sempre inspirou a ação” de Mário Centeno.
O primeiro-ministro agradeceu a João Leão por ter aceite o convite para assumir as novas funções naquele que é um momento “desafiante para a estabilização da situação económica e social do país”.
“Quanto à governação do Banco de Portugal, dei oportunidade de no futuro discutir o assunto com o próximo ministro de Estado e das Finanças” e “conversar com o próprio governador”, pelo que “na altura própria o Governo tomará decisões nessa matéria”, explicou Costa.
Questionado sobre se este é o momento adequado para alterar o responsável pela pasta das Finanças, António Costa considerou que “é o timing certo”.
“É o timing em que não só temos a execução plena do Orçamento do Estado para 2020, como temos aprovado ao nível do Governo a proposta de orçamento suplementar que dá (…) essa realidade nova que veio surpreender a nossa vida coletiva com a emergência da Covid”, declarou.
“É o timing em que não só temos a execução plena do Orçamento do Estado para 2020, como temos aprovado ao nível do Governo a proposta de orçamento suplementar que dá (…) essa realidade nova que veio surpreender a nossa vida coletiva com a emergência da Covid”, declarou.
Centeno fala em "enorme honra"
Mário Centeno quis referir “a enorme honra que foi responder a todos os desafios que, desde o final de 2014, trilhámos em conjunto, desde a elaboração do cenário macroeconómico que foi a base do programa do 31.º Governo Constitucional, até toda a trajetória de recuperação da credibilidade da política económica e orçamental portuguesa”.
“É o fim de um ciclo longo para a história da democracia portuguesa. São 1664 dias como ministro das Finanças, que acresce mais de 900 dias em acumulação de cargo com a presidência do Eurogrupo”, acrescentou.
“É o fim de um ciclo longo para a história da democracia portuguesa. São 1664 dias como ministro das Finanças, que acresce mais de 900 dias em acumulação de cargo com a presidência do Eurogrupo”, acrescentou.
Já João Leão aproveitou para agradecer o convite para o cargo de ministro das Finanças, que disse ser “uma honra” assumir, ainda para mais numa “fase tão exigente para o país”. A Mário Centeno, lançou também um agradecimento e palavras de elogio depois de vários anos de trabalho em conjunto.
“Juntos preparámos e executámos cinco Orçamentos do Estado, em anos de trabalho muito intenso que foram fundamentais para atingir o primeiro excedente orçamental da democracia num contexto de convergência europeia, criação de emprego e recuperação de rendimento e redução das desigualdades”.
“Construímos bases financeiras sólidas para que o país possa enfrentar com melhores condições esta crise criada pela pandemia”, acrescentou.
Quem é o novo ministro das Finanças?“Juntos preparámos e executámos cinco Orçamentos do Estado, em anos de trabalho muito intenso que foram fundamentais para atingir o primeiro excedente orçamental da democracia num contexto de convergência europeia, criação de emprego e recuperação de rendimento e redução das desigualdades”.
“Construímos bases financeiras sólidas para que o país possa enfrentar com melhores condições esta crise criada pela pandemia”, acrescentou.
Nascido em 1974, em Lisboa, João Leão é doutorado em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, além de licenciado em Economia e mestre em Economia pela Universidade Nova de Lisboa. João Leão é desde 2008 professor de Economia no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa.
João Leão foi secretário de Estado do Orçamento entre 2015 e 2019 no XXI Governo da República, função que manteve desde 2019 no XXII Governo da República.
Foi ainda diretor do Gabinete de Estudos do Ministério da Economia entre 2010 e 2014 e assessor do secretário de Estado adjunto da Indústria e do Desenvolvimento entre 2009 e 2010.
Presidiu à Comissão Científica do Departamento de Economia do ISCTE entre 2009 e 2010 e dirigiu o Doutoramento em Economia (2011-2012).
Foi membro dos Conselho Económico e Social e Conselho Superior de Estatística entre 2010 e 2014. Integrou a delegação portuguesa no Comité de Política Económica da OCDE em 2010 e 2012 e integrou grupos de trabalho no âmbito da OCDE.