Remodelação. Costa confia anúncio a Belém e dispara à moção do CDS

por Carlos Santos Neves - RTP
“Já está tudo acertado com o senhor Presidente da República”, afirmou o primeiro-ministro, à entrada para a Convenção Europeia dos socialistas Tiago Petinga - Lusa

A remodelação a operar no Executivo socialista está sobre a mesa do Presidente da República e cabe agora a Marcelo Rebelo de Sousa anunciar a redistribuição de pastas “no momento oportuno”, afirmou este sábado o primeiro-ministro. Em Vila Nova de Gaia, para a Convenção Europeia do PS, António Costa comentou também a moção de censura do CDS-PP: “Foi um nado morto”.

“Já está tudo acertado com o senhor Presidente da República e a Presidência da República, no momento oportuno, anunciará as alterações que houver a fazer”, sintetizou Costa aos jornalistas, à entrada para uma reunião do Secretariado Nacional do PS, a preceder a Convenção Europeia.À chegada ao hotel de Gaia, António Costa afirmou também que o parecer da Procuradoria-Geral da República a avaliar como ilícita a greve cirúrgica dos enfermeiros “é muito claro”.


O anúncio dos novos nomes do Governo, insistiu o primeiro-ministro, acontecerá na “data e hora” que Belém definir.

António Costa foi também questionado sobre o peso das eleições para o Parlamento Europeu neste redesenhar do Executivo. Trata-se, nas palavras do secretário-geral socialista, de um “princípio claro”: quaisquer candidatos devem deixar o Governo para “não haver confusões”.

Nos últimos dias foram avançados nomes que poderão estar de saída do elenco governativo, entre os quais Pedro Marques, atual titular da pasta do Planeamento e Infraestruturas, e Maria Manuel Leitão Marques, a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa. Um dos cenários aventados por diferentes órgãos de comunicação social aponta para que Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, venha a ascender a ministro com a tutela da habitação.

Na passada quinta-feira, durante a conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, o secretário de Estado da Presidência, Tiago Antunes, havia remetido quaisquer comentários sobre mexidas no Executivo para o primeiro-ministro.

Por sua vez, o ministro do Ambiente e da Transição Energética afiançou que este foi um tema excluído da agenda do Conselho de Ministros.

“Esse assunto é um assunto que não foi discutido em Conselho de Ministros e falar em últimos atos no dia dos namorados não me parece grande ideia”, ironizou João Pedro Matos Fernandes.
“Um nado morto”

Quanto à moção de censura do CDS-PP, iniciativa parlamentar apresentada na sexta-feira pela líder dos democratas-cristãos, Assunção Cristas, António Costa foi taxativo.

”Essa moção de censura foi um nado morto, visto que, ficou esclarecido, não teria maioria parlamentar para ser aprovada. Faz parte de uma certa disputa que existe hoje na nossa direita para ver quem se destaca mais, se o CDS-PP, se o PSD ou se os partidos emergentes como o Chega ou o Aliança”, reagiu o primeiro-ministro.

Sandra Machado Soares - RTP

Dizendo-se “tranquilo e concentrado” na governação, Costa desvalorizou também a questão do sentido de voto do PSD perante a moção de censura do CDS-PP.

“A minha curiosidade é saber como vai correr a convenção que resulta de seis semanas de trabalho sobre o tema da Europa e que é fundamental para termos um bom programa para afirmar Portugal na Europa e defender os interesses dos portugueses”, vincou.
“O parecer é muito claro”
O chefe do Governo falou ainda do parecer da Procuradoria-Geral da República sobre a greve dos enfermeiros nos blocos operatórios, que avaliou o protesto como ilícito.

“O parecer é muito claro. A greve conforme foi decretada é ilegal e não nos surpreende porque já o tínhamos dito”, considerou.

Os sindicatos, continuou Costa, devem cumprir a lei e reavaliar as ações de protesto, concentrando-se no objetivo de repor uma carreira que inclua as categorias de enfermeiro, enfermeiro especialisa e enfermeiro gestor.

“Estamos disponíveis para dialogar como temos feito com os sindicatos que têm tido uma postura dialogante. Já com os outros que têm optado por um caminho de violação da lei tem sido mais difícil”, apontou, depois de recordar que, nos últimos três anos, o Serviço Nacional de Saúde integrou mais de quatro mil enfermeiros e que está a ser aberto um outro concurso para contratar mais de 400.
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