PSD avisa forças de segurança: "O país não tem condições de ir além do dinheiro que tem"

por João Alexandre - Antena 1

A poucos dias de uma nova ronda negocial entre o Governo e os sindicatos - e a poucas horas de o debate sobre o suplemento remuneratório das forças de segurança ter lugar no parlamento - o PSD deixa o aviso aos representantes sindicais de que a proposta do Executivo da AD já atingiu um limite.

"É claro que o país não tem condições de ir além do dinheiro que tem. Caso cheguemos a acordo com as forças de segurança, nós estamos a falar de uma aproximação que representa cerca de 200 milhões de euros. É um valor muito significativo", diz, em declarações à Antena 1 o social-democrata Hugo Carneiro.

O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD critica ainda o "apelo" feito pelo Chega para que as forças de segurança marquem presença na Assembleia da República durante o debate em que vão ser discutidas diversas iniciativas de vários partidos sobre a melhoria de condições dos profissionais do setor.
"O Chega promove este debate no parlamento instigando as forças de segurança contra o poder democrático e contra a autoridade do Estado. Como André Ventura sabe, as manifestações dentro da Assembleia da República são proibidas não apenas no que diz respeito às forças de segurança, ams a qualquer cidadão", afirma.
PS acusa Governo de ter "mudado de posição" após a campanha eleitoral
Os socialistas garantem que há preocupação com o equilíbrio orçamental, mas defendem que foi o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que criou falsas expetativas sobre as negociações com as forças de segurança.

"É evidente que a posição do Governo não é a mesma que tinha durante a campanha. Nessa altura parecia estar no topo das prioridades resolver a qualquer custo e sem qualquer hesitação a questão das forças de segurança", apontou, no programa Entre Políticos, o deputado Carlos Pereira. O socialista considera ainda "inaceitável" o apelo para que as forças de segurança se manifestem junto do Parlamento.
"Instigar a estar dentro da Assembleia [da República], nas galerias e, com a intenção de haver uma manifestação, é algo absolutamente inaceitável. Por outro lado, nós não estamos contra nenhuma forma de manifestação, embora estejamos a falar de forças de segurança, o que é algo diferente", justifica.
Chega entende que fraca mobilização não será "derrota" para o partido
Em declarações à Antena 1, Rodrigo Taxa, deputado do Chega, defende que o partido não fez qualquer tipo de apelo à manifestação por parte das forças de segurança. "Não instigámos a nada, não apelámos a manifestação nenhuma e também não apelámos a atos menos urbanos. O que fizemos foi apelar à presença das forças de segurança para marcarem presença no parlamento", diz.

O deputado entende ainda que uma fraca mobilização não terá qualquer tipo de significado político para o partido, mesmo depois dos apelos à participação.

"Não é derrota absolutamente nenhuma. Significa que o presidente do Chega, André Ventura, fez a intervenção política que entendeu ser oportuna e que as forças de segurança têm o seu livre arbítrio de reagirem como entenderem", responde Rodrigo Taxa.
Quanto às negociações do Governo com as forças de segurança e à abertura do Chega para negociar esta e outras matérias do Orçamento do Estado, o deputado Rodrigo Taxa garante que o partido não será uma "força de bloqueio".

"O senhor primeiro-ministro está amarrado à frase do 'não é não' e, por isso, nem é capaz de fazer uma coisa tão simples como marcar uma conversa direta com André Ventura", lamenta.

Pode ouvir o programa Entre Políticos, na íntegra, aqui.
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