PS: "Governo está a criar alarme sobre a Segurança Social"
Fotografias de Gonçalo Costa Martins
Na véspera do arranque do grupo de trabalho anunciado pelo Governo para analisar a sustentabilidade da Segurança Social, o PS pede mais explicações à ministra do Trabalho e acusa o Executivo da Aliança Democrática de alarmismo em torno do tema.
Em declarações na Antena 1, Miguel Cabrita defende, no entanto, que o parlamento e o país devem discutir a Segurança Social e as pensões numa lógica de "reforço" e "alargamento" dos sistema. "Sobre as taxas de substituição, ou seja, a relação entre aquilo que nós descontamos - e ganhamos - e o que vamos ganhar na nossa reforma: o sistema português hoje tem taxas de substituição acima da média europeia e as projeções feitas apontam para que haja uma convergência com os níveis médios europeus. Agora, o quadro demográfico é desfavorável e isso tem de ser feito", conclui o deputado.
Iniciativa Liberal: "Segurança Social tem alguns problemas de sustentabilidade"
Questionado sobre as informações do Tribunal de Contas que apontam para falhas nos relatórios de sustentabilidade da Segurança Social, o deputado da IL afirma, no entanto, que não há motivo para preocupações desmedidas. "Não é motivo de alarme, mas requer uma discussão séria e não uma discussão apenas de acusações de tentativas de privatização. Não é isso que está aqui em causa", diz Mário Amorim Lopes, que insiste: "Corremos o risco de as pessoas que agora estão a descontar - e que têm, por exemplo, a minha idade - daqui a 20 ou 30 anos não terem reforma. Porque é isso que está aqui em causa".
Paulo Muacho, outro dos convidados do programa Entre Políticos, considera que o grupo de trabalho anunciado pelo Governo tem poucas condições para apresentar um trabalho neutro e independente. "Vamos, naturalmente, aguardar as conclusões desse grupo de trabalho. Mas, aquilo que já foi apresentado e as pessoas que já estão nesse grupo de trabalho já nos indiciam qual é que será a conclusão. Aliás, o coordenador que é escolhido participou também no relatório do Tribunal de Contas que, no fundo, reflete as opiniões que ele já tem há muito tempo", disse, em declarações à Antena 1, o deputado do Livre. Na opinião de Paulo Muacho, faz sentido refletir sobre novas formas de financiamento da Segurança Social, mas é também necessário observar as mudanças que estão a acontecer no mundo do trabalho.
"Com o surgimento de empresas que são muito pouco intensivas em termos de mão-de-obra, em termos de recursos humanos. Nós precisamos de olhar para todas essas transformações e perceber o que é que precisamos de fazer para garantir a sustentabilidade da Segurança Social - e que a digitalização da sociedade também não acabe por deixar as pessoas desprotegidas no futuro. Precisamos de fazer essa discussão", sublinha.
O deputado rejeita, contudo, discutir matérias como a Taxa Social única (TSU), considerando que é importante não deixar avançar o debate para a privatização do sistema de pensões.