Coimbra, 08 abr (Lusa) - O PS vai assinalar os 40 anos da sua criação em Coimbra, no dia 19 de abril, com a presença do secretário-geral, António José Seguro, e de todos os antigos líderes do partido desde 1973.
A escolha de Coimbra para acolher esta comemoração será uma oportunidade para o PS reconhecer o "papel fundador" que a cidade do Mondego teve na génese do partido, a partir da estrutura local da Ação Socialista Portuguesa (ASP).
As reuniões da ASP de Coimbra, que precederam o congresso fundador do Partido Socialista, na antiga Alemanha Federal, na fase final da ditadura, eram promovidas por antifascistas como Fernando Valle, já falecido, António Arnaut e António Campos, entre outros.
"Os símbolos dão significado às coisas que fazemos. É preciso prestar tributo a este papel fundador que Coimbra teve", afirmou hoje, em conferência de imprensa, a presidente do PS, Maria de Belém Roseira.
A opção por esta cidade para realizar o jantar de aniversário, no pavilhão do Olivais Futebol Clube, é também uma forma de contrariar a "macrocefalia lisboeta" e de valorizar a experiência dos mais antigos militantes do PS, um conhecimento que importar converter em "capacidade de transformação do mundo", disse.
Maria de Belém Roseira defendeu a construção de "uma sociedade socialista, em que o homem não seja a fera do outro homem", um ideário que "cada vez mais se justifica", na sua opinião.
No encontro com os jornalistas, na sede dos socialistas de Coimbra, a presidente do PS estava acompanhada do presidente da Federação Distrital do partido, Pedro Coimbra, da autarca de Góis Lurdes Castanheira, em representação das Mulheres Socialistas, e dos fundadores António Arnaut, António Campos e António Pereira.
A escolha de Coimbra para o jantar comemorativo dos 40 anos do Partido Socialista constitui "uma grande honra e uma grande distinção", segundo o líder distrital, Pedro Coimbra.
O dirigente socialista anunciou que, além do atual secretário-geral, António José Seguro, também os seus antecessores, desde Mário Soares a José Sócrates, deverão participar no jantar do pavilhão do Olivais.
"É preciso o PS regressar um pouco às origens, ao socialismo ético de falava Antero de Quental", que, com José Fontana, esteve na criação do primeiro Partido Socialista em Portugal, em 1875, defendeu António Arnaut.
Frisando que o socialismo "tem de ser uma palavra congregadora das boas vontades", Arnaut recordou que o consultório de Miguel Torga (o médico Adolfo Rocha), na Baixa, "foi durante anos" a sede da ASP e do PS em Coimbra, apesar de o escritor nunca se ter filiado no partido.
"Se não fosse Coimbra - e se não houvesse Fernando Valle - não tinha havido PS", enfatizou António Campos, preconizando que, hoje, "os partidos devem reformar-se", adequando-se às mudanças na sociedade.