Proposta de referendo para abolir touradas na rentrée do PAN: "É tempo de dar a voz ao povo"

por João Alexandre

Lusa

O PAN insiste no fim das touradas em Portugal e, depois de várias iniciativas no parlamento, o tema volta a ter destaque na rentrée política do partido com uma proposta de referendo que quer dar aos portugueses a possibilidade de se pronunciarem sobre o tema.

"Está na altura de darmos também a voz ao povo português para que se possa pronunciar através deste referendo, porque não faz sentido que o poder político continue a ceder à pressão dos lobbies que existem neste setor", diz, em declarações à Antena 1, a porta-voz do PAN, na antecipação do evento que vai juntar, em Vila Nova de Gaia, ativistas nacionais e internacionais sob o mote “Hora da Abolição”.

Além da "vontade" da maioria dos cidadãos que, confia Inês Sousa Real, é favorável ao fim dos espetáculos tauromáquicos, o partido acredita ainda que os mais recentes episódios de violência podem ajudar a gerar a mobilização necessária para colocar um ponto final nas touradas.

"[Este verão] Além de um senhor de 51 anos que perdeu a sua vida precisamente numa largada, em Évora, houve duas crianças - uma criança de dez anos e uma adolescente de 20 anos - que foram colhidas e que ficaram gravemente feridas. O próprio Comité de Direitos Humanos da Nações Unidas já instou Portugal a afastar crianças e jovens da tauromaquia", diz Inês Sousa Real, que defende, por isso, que o tempo é de avançar para a abolição: "Olhando para aquilo que são sondagens e os vários estudos da opinião pública, mais de 70% dos portugueses querem a abolição e são também contra também o financiamento público desta atividade".

A proposta de avançar com um referendo surge ainda na sequência do processo de abolição e ilegalização das touradas na Colômbia - que colocou um ponto final na tradição em maio.

"Queremos seguir o exemplo inspirador da Colômbia. Já em Espanha, o Ministério da Cultura acabou com o prémio anual de 30 mil euros que era dado ao setor da tauromaquia precisamente porque não quer associar a dimensão cultural à violência contra animais", refere a porta-voz do PAN, que vai ter este fim de semana a companhia de Esmeralda Hernández, senadora responsável pela lei de abolição das touradas.

Em declarações à Antena 1, a ativista e senadora sul-americana defende a importância de a abolição ter em conta um processo de transição: "Foi determinante que tenhamos podido chegar a um processo de concertação que permitiu alcançar um ponto de encontro, um período de transição e um processo de reconversão laboral".

"Creio que um referendo é uma iniciativa muito importante porque pode refletir o nível de apoio ou rejeição dos cidadãos. Penso que quando há vontade popular e social de mudança essa vontade é imparável, portanto, acredito que estamos no caminho da abolição da tauromaquia", diz ainda Esmeralda Hernández.

Além da proposta de referendo para abolir as touradas, a rentrée política do PAN, este sábado, em Vila Nova de Gaia, serve para preparar as eleições autárquicas do próximo ano.


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