Presidente do PSD/Setúbal diz que futuro do partido "não passa por Rui Rio"

por Lusa

O presidente da Comissão Política Distrital de Setúbal do PSD, Paulo Ribeiro, defendeu hoje a saída de Rui Rio da liderança do partido, considerando que a "derrota nas legislativas de 30 de janeiro é fruto da estratégia dos últimos cinco anos".

"Rui Rio não tem condições para continuar na liderança do PSD. Penso que é necessário um período de reflexão, mas acredito que, depois desse período de reflexão, o futuro do PSD não passa por Rui Rio", disse à agência Lusa Paulo Ribeiro, que nunca foi apoiante do líder social-democrata.

"Estou de consciência tranquila porque, ao longo dos anos, eu e outros companheiros fomos alertando que o PSD com Rui Rio não ia a lado nenhum. Eu nunca fui apoiante de Rui Rio e o distrito de Setúbal nunca votou maioritariamente em Rui Rio", lembrou Paulo Ribeiro.

Para o presidente da distrital de Setúbal, "o PSD foi penalizado [pelos eleitores] porque não se percebeu para que é que servia este PSD". "

"As pessoas não percebiam este PSD que dizia que não queria nada com a direita e com o centro-direita. E Rui Rio perdeu mais tempo a dar a mão ao PS - quando o PS sempre disse que não queria a mão dele para nada -, do que propriamente a criar uma alternativa ao PS", sustentou.

Paulo Ribeiro considerou que o líder do PSD também é o responsável máximo pelo surgimento de partidos como o Chega e Iniciativa Liberal, porque "deixou completamente destapada aquela franja do eleitorado".

"Houve um grupo do eleitorado que habitualmente até votava em nós, mas que deixou de se rever no discurso do PSD. E sugiram novos partidos. Esse é o legado que Rui Rio deixa ao PSD", sublinhou.

Questionado sobre as mudanças que considera necessárias, Paulo Ribeiro defende que o PSD tem de ser capaz de mostrar aos portugueses que tem políticas diferentes das que têm sido seguidas pelos governos do PS.

 "O PSD nunca se situou com grande conforto na dicotomia esquerda/direita, mas sempre foi um partido com consciência social, que continua a ter. Na economia tem uma perspetiva de valorização da iniciativa privada, dando atenção à função do Estado como regulador", disse.

"O que vamos ter de voltar a fazer no futuro próximo é mostrar claramente que somos uma alternativa ao PS e que, além de sermos uma alternativa, temos políticas diferentes, completamente diferentes", acrescentou Paulo Ribeiro, reiterando a convicção de que o futuro do PSD já não poderá passar por Rui Rio.

Nas eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro, o PSD ficou em segundo lugar, com 27,80% dos votos e 71 deputados.

O PS alcançou a maioria absoluta e uma vantagem superior a 13 pontos percentuais sobre o PSD. Com 41,7% dos votos e 117 deputados, quando faltam atribuir apenas os quatro mandatos dos dois círculos da emigração, António Costa alcança a segunda maioria absoluta da história do Partido Socialista, depois da de José Sócrates em 2005.

O Chega alcançou o terceiro lugar, com 7,15% e 12 deputados, a Iniciativa Liberal (IL) em quarto, com 5% e oito deputados, e o Bloco de Esquerda em sexto, com 4,46% e cinco deputados.

A CDU com 4,39% elegeu seis deputados, o PAN com 1,53% terá um deputado no parlamento, e o Livre, com 1,28% também um deputado. O CDS-PP alcançou 1,61% dos votos, mas não elegeu qualquer deputado para a Assembleia da República. O PEV perdeu também a representação no parlamento.

 

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