Acompanhamos aqui os desenvolvimentos da crise política em Portugal na sequência da demissão, na terça-feira, do primeiro-ministro.
Acompanhamos aqui os desenvolvimentos da crise política em Portugal na sequência da demissão, na terça-feira, do primeiro-ministro.
Miguel A. Lopes - Lusa
Magalhães e Silva consultou a maior parte do processo de acusação que envolve o seu cliente, empresário Lacerda Machado, nas investigações ao alegado tráfico de interesses e de corrupção nos negócios do lítio e do hidrogénio verde, concluindo que o Ministério Público classificou de forma "errada", como criminal, um "processo político-administrativo".
Os advogados dos cinco arguidos abandonaram pela meia noite do Campus de Justiça após terminarem a consulta do processo e recusando prestar quaisquer esclarecimentos aos jornalistas.
O ex-ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes é suspeito de corrupção passiva e prevaricação no caso do lítio e hidrogénio, com o Ministério Público (MP) a apontar suspeitas à sua atuação relativamente ao consórcio H2 Sines.
Segundo a indiciação do Ministério Público (MP), a que a Lusa teve acesso, Matos Fernandes, que não foi constituído arguido, terá no ano 2020 -- em conjunto com o ministro das Infraestruturas e então secretário de Estado da Energia, João Galamba -- imposto ao Resilient Group a integração das empresas REN, EDP e Galp no seu projeto de hidrogénio verde designado Green Flamingo.
Em julho desse ano, João Galamba, que já é arguido no processo, acaba por afastar o Resilient Group, sob o argumento de que se identificaria com o consórcio H2 Sines, assente na REN, EDP e Galp. A estas empresas juntaram-se depois a empresa portuguesa Martifer e a dinamarquesa Vestas, sendo que o MP considera indiciado que Matos Fernandes colaborou após deixar o Governo com a Copenhagen Infrastructures Partner, na qual a Vestas investiu.
Os procuradores indicaram ainda que o ex-governante foi também entretanto contratado como consultor pela Abreu Advogados, escritório que presta assessoria jurídica à Copenhagen, e que manteve contactos considerados suspeitos com o chairman da Martifer, Carlos Martins.
O nome de Matos Fernandes surge associado também a suspeitas na concessão da exploração de lítio na mina do Barroso, no concelho de Boticas, à empresa Savannah. De acordo com os procuradores, o ex-ministro -- em ação concertada com João Galamba e Rui Oliveira Neves, então diretor da Galp (e um dos cinco detidos no âmbito desta investigação) -- terá imposto de forma indevida a entrada da petrolífera na participação da Savannah Lithium.
A atividade de Matos Fernandes está ainda a ser investigada em relação à aprovação de legislação sobre a gestão de resíduos, uma vez que a Abreu Advogados assessora empresas deste setor e a Associação das Empresas de Gestão de Resíduos não perigosos (APERA), sendo este um setor que estava integrado na sua tutela.
O MP entende também que o ex-ministro terá prejudicado o combate à seca em favor de um melhor resultado do PS nas legislativas de 2022. Matos Fernandes tinha sido alertado para o agravamento da seca no dia 17 de janeiro e apenas convocou a comissão permanente da seca -- com vista a parar a produção de energia em cinco barragens e a cessação da utilização de água para rega na albufeira de Bravura - a 01 de fevereiro, dois dias depois das eleições.
Além destas matérias, a indiciação aponta igualmente que o antigo governante impôs os nomes dos arquitetos Inês Lobo e Alexandre Alves Costa no júri do concurso para a construção da nova ponte do metro do Porto sobre o rio Douro, como se estes tivessem sido escolhidos pela Ordem dos Arquitetos. Porém, os procuradores assumiram desconhecer ainda a motivação para esta atuação e os seus resultados.
A operação de terça-feira do MP assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.
Este processo visa as concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas; um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, e a construção de um `data center` na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.
O primeiro-ministro, António Costa, que apresentou a demissão na terça-feira, é alvo de uma investigação autónoma do MP num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados.
O PS assumiu que preferia um cenário sem novas eleições, mas diz-se pronto para ir a votos. Carlos César considera que um ato eleitoral "não assegura estabilidade", mas admite ir a eleições em março de 2024.
Foto: João Marques - RTP
A luta pela sucessão no PS poderá ser entre o ministro José Luís Carneiro e o ex-ministro Pedro Nuno Santos.
Todo os ministros cancelaram ou alteraram a agenda. Os únicos ministros que saíram hoje à rua foram os que tiveram audições no Parlamento, no âmbito do Orçamento do Estado.
Com a demissão do primeiro-ministro, a venda da TAP pode estar em risco. O Governo queria avançar com a privatização este ano mas agora o negócio fica em suspenso. Também a decisão sobre o novo aeroporto pode atrasar.
Foto: José Sena Goulão - Lusa
A dissolução da Assembleia da República é o cenário mais provável para esta crise política.
Depois de identificados, os cinco detidos na sequência das operações policiais de quarta-feira vão começar a ser interrogados e conhecer as medidas de coação, mas só a partir desta quinta-feira.
Diogo Lacerda Machado terá usado a relação próxima com António Costa para facilitar a construção de um mega centro de Dados em Sines. As suspeitas constam num despacho do Ministério Público a que a RTP teve acesso.
A defesa de Lacerda Machado nega que a amizade do arguido com António Costa tenha sido usada para beneficiar a empresa Start Campus e diz que nada do que fez se pode qualificar como corrupção.
O Ministério Publico acredita que João Galamba influenciou a concessão do negócio do lítio e do hidrogénio. O ministro das Infraestruturas terá autorizado a exploração de lítio a uma empresa com apenas três dias.
Luís Montenegro revelou em Belém que propôs ao presidente da República a realização de eleições antecipadas "o mais rápido que for possível", com "respeito democrático" por processos de outros partidos, admitindo um prazo de "dois meses", sem se comprometer com datas.
O ex-dirigente socialista Francisco Assis defende que os mais altos responsáveis do PS devem entender-se em torno de uma nova liderança "agregadora", de unidade e "sem medo" de enfrentar eleições legislativas antecipadas.
Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo atual presidente do Conselho Económico e Social (CES), que tem sido apontado por membros da chamada "ala moderada" dos socialistas como um dos possíveis candidatos à sucessão de António Costa no cargo de secretário-geral do PS, a par do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
"Nas presentes circunstâncias políticas pede-se aos mais altos responsáveis do PS que tudo façam para que haja um entendimento em torno de uma candidatura à liderança do partido. O PS não deve ter medo de enfrentar eleições antecipadas e deve unir-se em torno de uma nova liderança agregadora e combativa", sustentou Francisco Assis.
Na mesma declaração à agência Lusa, Francisco Assis advertiu que o país vive "um tempo excecional que reclama um especial sentido de responsabilidade individual e coletiva".
"Não podemos passar a ideia de que estamos agarrados ao poder e com receio do voto popular. O PS é um grande partido democrático e tem todas as condições para enfrentar com sucesso os desafios do futuro", acrescentou.
Na terça-feira, em conferência de imprensa, o presidente do PS, Carlos César, afirmou que os socialistas estão preparados para qualquer cenário: Eleições ou mudança de liderança do Governo.
Os cinco detidos no âmbito do inquérito por corrupção em projetos de exploração de lítio e hidrogénio devem hoje apenas ser identificados pelo juiz, prevendo-se que os interrogatórios se iniciem na tarde de quinta-feira, adiantou fonte judicial.
Segundo a mesma fonte, as defesas dos detidos estão hoje a consultar 130 páginas do processo referentes aos factos que lhes são imputados, devendo a consulta do processo continuar na manhã de quinta-feira, no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
Hoje apenas deverá ficar concluída a identificação dos cinco detidos.
Na tarde de quinta-feira devem iniciar-se os interrogatórios dos cinco arguidos detidos, não havendo ainda uma ordem determinada para as audições.
A mesma fonte explicou ainda que se pretende dar celeridade ao processo, tendo em conta que há arguidos detidos.
A operação de terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.
Segundo documentos a que a Lusa teve acesso, Lacerda Machado terá usado a sua amizade com o primeiro-ministro para influenciar decisões do Governo e de outras entidades relativamente a projetos da sociedade Start Campus.
Além de Magalhães e Silva, advogado de defesa de Diogo Lacerda Machado, entraram também no Tribunal de Instrução Criminal os defensores do presidente da Câmara de Sines, do chefe de gabinete do primeiro-ministro, dos dois administradores da sociedade Start Campus e da empresa de Sines Start Campus.
Este processo visa as concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real; um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e o projeto de construção de um `data center` na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.
Deste caso, decorre uma investigação autónoma ao primeiro-ministro, no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados, o que levou António Costa a apresentar a sua demissão ao Presidente da República.
"O Governo para ser demitido precisa agora de um decreto de demissão", lembrou o politologo José Filipe Pinto, da Universidade Lusófona.
O jurista adianta que o presidente da República pode aceitar uma nova figura do PS para primeiro-ministro e manter a legislatura com um novo Governo.
Reuters
Mesmo em plena crise política, o Sindicato Nacional dos Enfermeiros decidiu manter a greve em curso às horas extraordinárias, até dia 25 de novembro, e a paralisação nacional marcada para dia 20.
Os aumentos do salário mínimo, da função pública e das pensões previstos para o próximo ano podem ocorrer mesmo se o Presidente da República decidir dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas, segundo especialistas consultados pela Lusa.
No cenário em que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dissolvesse a Assembleia da República antes da aprovação final global do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) medidas como o aumento das pensões e dos salários da função pública não tinham de cair, segundo os especialistas.
A atualização das pensões segue uma fórmula de cálculo prevista por lei, sendo posteriormente publicado o aumento anual por portaria. Por seu lado, os aumentos da função pública são negociados com os sindicatos do setor e aplicados por decreto do Governo.
Também a atualização do Salário Mínimo Nacional (SMN), que é fixado por decreto do Governo, após ouvidos os parceiros sociais, e não pelo OE2024, pode avançar.
José Luís Moreira da Silva, sócio da SRS Legal, salienta que a Constituição "tem as palavras-chave sobre a restrição dos poderes dos governos em duas situações: antes da aprovação dos programas do Governo na Assembleia da República (AR) e após a demissão do Governo", "mas é muito lacunar sobre os poderes de governos de gestão corrente, dizendo que o Governo limitar-se-á à prática dos atos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos".
O advogado recorda que "o que se vem retirando da prática política e das interpretações do Tribunal Constitucional (TC) é que o governo de gestão não está impedido de aprovar leis, mas está restrito a situações de necessidade, ou seja, situações que seriam prejudicadas caso fossem deixadas apenas após eleições para o novo governo".
"Face a isto, parece que o governo poderá ainda aprovar o novo valor do Salário Mínimo Nacional e as pensões. A questão que se pode colocar é se essas medidas não poderão ser vistas como eleitoralistas", refere José Luís Moreira da Silva.
Para Mário João Fernandes, consultor da Abreu Advogados, "o limite fixado pela Constituição assenta na necessidade (importância, indispensabilidade, natureza inadiável) do ato a praticar e na proporcionalidade do mesmo face à menor legitimidade de um governo de gestão".
"O governo de gestão não se confunde com um vazio de governação, mas não deve ser permitida a concretização de testamentos políticos, distribuindo prebendas e nomeações ou aprovando medidas que se possam confundir, no caso de um Governo demitido e com a AR dissolvida, com atos de pré-campanha eleitoral", defende.
Contudo, considera que, "no caso de atualizações remuneratórias, iguais ou inferiores ao valor da inflação verificada, ou de pensões que se limitem a executar fórmulas que constam de legislação em vigor e na execução do orçamento de Estado em vigor, por via das verbas nele cabimentadas, não haverá, por parte de um Governo demitido, decisão política inovatória pelo que é respeitada a fórmula constitucional da `capitis deminutio` plasmada na `gestão dos negócios públicos`".
Pedro da Quitéria Faria, sócio na Antas da Cunha ECIJA, assinala que apesar de a Constituição prever que as propostas de lei caducam com a demissão do Governo é prudente "não olvidar que existiu um reforço do Acordo sobre Rendimentos em sede de Concertação Social onde foi decidido o aumento do SMN para 820 euros em 2024".
Com base num acórdão do Tribunal Constitucional de 2002, Pedro da Quitéria Faria considera que o critério decisivo dos atos que um governo de gestão pode assumir serão os "da estrita necessidade da sua prática" ou se são "algo inadiável ou absolutamente necessário".
"Admito que neste caso muito específico, seja legal e constitucionalmente admissível por todo este enquadramento que o governo em funções possa proceder do ponto de vista legislativo ao aumento do SMN em 2024", sustenta, apontando que o mesmo se aplica aos aumentos para a função pública.
Por seu lado, o advogado e ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Rogério Fernandes Ferreira defende que "o governo de gestão não pode aprovar [os aumentos da Função Pública], a não ser que resulte de lei anterior ou possa resultar ir buscar a lei do orçamento anterior (dotação provisional por duodécimos)".
Quando o Orçamento do Estado para 2022 foi chumbado e o Presidente convocou eleições antecipadas, o país foi regido em regime de duodécimos até o novo Governo entrar em funções.
Nessa altura, tanto as pensões como os salários da administração pública foram atualizados em janeiro.
O primeiro-ministro pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que António Costa é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
O Presidente convocou os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.
Foto: Rafael Marchante - Reuters
O antigo administrador da TAP, Miguel Frasquilho, acha que a atual crise política não ameaça o processo de privatização.
Já chegaram ao Campus de Justiça, em Lisboa, vários advogados e os arguidos da operação de que levou à demissão do primeiro-ministro.
EPA
"Estamos a seguir as notícias sobre Portugal", diz Ursula von der Leyen. A presidente da Comissão Europeia, numa curta declaração, assegurou que os acontecimentos de ontem estão a ser acompanhados pelas autoridades europeias, mas cabe às autoridades portuguesas investigar.
Foto: José Sena Goulão - Lusa
A saída de Costa obriga a alteração de liderança no Partido Socialista. Pedro Nuno Santos é um dos nomes mais apontados, enquanto na linha de continuidade, emergem os nomes de Fernando Medina ou Mariana Vieira da Silva. Já Marta Temido rejeitou ontem essa possibilidade, na RTP.
É essa a indicação, que serão ouvidos em tribunal às 16h00. Estão no comando metropolitano da PSP até esse momento. Apenas o autarca de Sines ficou detido em Setúbal.
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa
Foi o último partido a reagir à demissão de António Costa.
Num discurso já com traços de campanha eleitoral, Luís Montenegro diz querer ir a eleições e pede que os portugueses mostrem o cartão vermelho ao PS.
António Costa está ainda naquela que é a residência oficial do primeiro-ministro, já que o Governo ainda está em funções.
Depois do anúncio do pedido de demissão de António Costa, os vários partidos vieram a público tomar posição sobre qual consideram ser o melhor caminho para o futuro político do país.
Foto: José Sena Goulão - Lusa
O Presidente da República convocou o Conselho de Estado para amanhã e já está hoje a receber os partidos. Amanhã deve anunciar ao país o que decidiu quanto ao futuro imediato, sendo o mais provável, a dissolução do parlamento e a convocação de novas eleições.
A informação avançada pela Procuradoria Geral da República indica que outros suspeitos invocaram o nome e a autoridade do primeiro-ministro para desbloquear procedimentos.
O Ministério Público suspeita que Diogo Lacerda Machado usou a relação próxima com António Costa para favorecer a construção de um enorme Centro de Dados em Sines.
Foto: RTP c/Lusa
O secretário-geral do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Paulo Lona, rebateu as críticas à nota do Ministério Público conhecida ontem ao final da manhã, sobre a falta de informação sobre a investigação aos negócios do lítio e hidrogénio verde.
O presidente da Câmara de Boticas afirmou hoje que o município está a ultimar uma ação de impugnação à continuidade da mina do Barroso, incluída na investigação que levou à demissão do primeiro-ministro.
"Esta é sem dúvida uma grande argumentação para que o projeto não vá para a frente", realçou à agência Lusa o social-democrata Fernando Queiroga, referindo-se à investigação divulgada na terça-feira.
O autarca disse que o município está a ultimar a ação que dará entrada no tribunal no prazo estimado de 15 dias e que tem como objetivo travar o avanço da mina do Barroso, que obteve a 31 de maio uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, embora condicionada à concretização de medidas de compensação e mitigação.
A investigação visa as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas), um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines e o projeto de construção de "data center" desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.
A mina do Barroso foi o primeiro projeto de lítio em Portugal que obteve uma DIA favorável.
O projeto desenvolvido pela empresa Savannah prevê uma exploração a céu aberto, tem uma duração estimada de 17 anos, a área de concessão prevista é de 593 hectares, e é contestado por associações locais e ambientalistas, bem como pela Câmara de Boticas.
"Só nos dá mais força para continuarmos a nossa contestação e se a empresa continuar com o processo, como já emitiu um comunicado a dizer que vai continuar, nós também vamos continuar com o nosso processo", afirmou.
Fernando Queiroga lembrou que já foi também submetida uma providência cautelar por parte da Junta de Freguesia.
Em fevereiro de 2022, a Junta de Covas do Barroso interpôs uma ação no Tribunal Administrativo e Fiscal contra o Estado Português e o Ministério da Economia por causa da exploração de lítio na mina do Barroso. Entretanto, a empresa Savannah Resources informou que se constituiu como contrainteressada no processo, através da sua subsidiária em Portugal, a Savannah Lithium.
Quanto à investigação, o autarca disse não ter conhecimento de nada e afirmou que "nunca nenhum membro de qualquer órgão do Estado ou organismo intermédio" o "tentou seduzir ou levar para outra decisão" que não a que sempre teve de oposição ao projeto mineiro.
"Estou completamente a leste desta investigação. Agora, uma coisa é certa, este processo vem-nos dar mais força, mais argumentos ao que sempre fomos apresentando ao longo deste processo que sempre dissemos estar mal conduzido", reforçou.
O autarca apontou para a "brutalidade da área concedida pela Direção-geral de Energia e Geologia (DGEG) sem prévia consulta ao município, junta ou outros organismos".
"Estranhamos, de 70 hectares passou para mais de 500 hectares, sem uma prévia consulta ao município de Boticas", exemplificou.
Na terça-feira, o primeiro-ministro pediu a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
Marcelo Rebelo de Sousa convocou para hoje os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.
Fernando Queiroga, que é também presidente da distrital do PSD de Vila Real, disse esperar que o "senhor Presidente da Republica pense e pense bem", que "veja o que é melhor para o país" e considerou que há "novos rostos e novos projetos credíveis" que conseguem fazer "o país avançar", referindo-se aos sociais-democratas.
O autarca defendeu a realização de eleições antecipadas.
O deputado e ex-ministro socialista Capoulas Santos disse hoje esperar esclarecimentos rápidos da justiça sobre as suspeitas que recaem sobre o primeiro-ministro, considerando que o comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) apresenta "termos imprecisos".
Em declarações à agência Lusa, Capoulas Santos disse esperar que "a justiça esclareça tão rapidamente quanto possível" as suspeitas que existem em torno da atuação de António Costa, pois o comunicado da PGR não o faz.
"Como é que um governo de maioria absoluta e eleito democraticamente é derrubado por uma frase de um procurador que ninguém sabe quem é e em termos imprecisos", questionou o deputado do PS eleito pelo círculo de Évora.
Capoulas Santos referiu que, ainda assim, continua a confiar na justiça portuguesa e que aguarda o seu veredicto sobre este caso.
Nas declarações à Lusa, o antigo ministro da Agricultura realçou que o facto que levou à demissão de António Costa foi "um comunicado do gabinete de imprensa da PGR levantando suspeitas sobre o primeiro-ministro sem as concretizar".
"Penso que é algo insólito e, por isso, estamos a assistir àquele que será, porventura, o mais rocambolesco episódio da história da nossa democracia e, certamente, inédito em todo o mundo", afirmou.
O ex-ministro da Agricultura disse que António Costa foi "eleito democraticamente por maioria absoluta" e, agora, é "demitido pelo gabinete de imprensa da PGR", que "em duas ou três linhas levanta suspeitas sobre a idoneidade do primeiro-ministro".
"Esta questão, para já, causa enormes prejuízos ao país, à economia, com instabilidade, à confiança nas instituições e à imagem externa do país", pois a imprensa internacional noticia que "o primeiro-ministro cai por suspeitas de corrupção", disse.
O atual deputado do PS notou que a justiça é "um órgão independente", mas defendeu que "tudo tem as suas proporções".
"Ou havia matéria suficientemente objetiva que não deixasse marcha para dúvidas para acusar alguém ou havia alguma prudência naquilo que se comunica para o exterior", acrescentou.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu, na terça-feira, a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
O Presidente convocou para hoje os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.
Numa declaração no Palácio de São Bento, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário".
Os presidentes das federações do PS manifestam "total confiança na honradez" do primeiro-ministro, salientando que se demitiu de funções mesmo sem ser arguido ou acusado, e consideram essencial que todas as ações da justiça sejam clarificadas.
Esta posição comum das estruturas federativas socialistas foi divulgada hoje, num comunicado emitido na sequência da demissão de António Costa das funções de primeiro-ministro, na terça-feira, após o Ministério Público ter comunicado de que está envolvido em suspeitas que estão a ser investigadas no âmbito de um processo autónomo pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Na declaração conjunta dos presidentes das federações do PS, há uma referência ao processo judicial.
Os líderes federativos socialistas dizem ter a "expectativa na clarificação de todo este processo de análise, que leve a objetivar, de forma clara e consequente, todas as razões das diligências e das ações assumidas pela justiça".
"Perante os acontecimentos recentes no país, assumem a seguinte posição política: "total confiança na honradez do secretário-geral do PS, António Costa, um baluarte da dignidade e da lisura que sempre experienciamos".
Os presidentes das federações do PS classificam depois a demissão de António Costa das funções de primeiro-ministro como um exemplo de "extraordinária dignidade".
Uma decisão tomada mesmo "não sendo arguido ou acusado, mas assumindo o momento e as suas consequências com elevado sentido de Estado e dignidade pessoal e política", salientam.
Ao nível governativo, os presidentes das federações do PS, destacam a sua gratidão e admiração pelo extraordinário trabalho desenvolvido" por António Costa "em tempos sempre difíceis, desde a recuperação pós-troika, ao enfrentar da pandemia, à crise internacional e aos novos desafios da guerra".
Referem ainda um "excelente legado governativo no contexto nacional e europeu, permitindo ao país a sua afirmação internacional e aos portugueses a demonstração da confiança eleitoral".
O secretário-geral do PS, António Costa, convocou para quinta-feira uma reunião da Comissão Política Nacional do seu partido.
De acordo com uma nota do PS, a reunião do órgão de direção alargada desta força política, que está agendada para as 21:00, terá como ponto único da ordem de trabalhos a análise da situação política.
Na terça-feira, António Costa, na comunicação que fez ao país a partir de São Bento, adiantou que, em caso de eleições legislativas antecipadas, não será pelo PS recandidato às funções de primeiro-ministro.
A Câmara de Montalegre vai interpor uma providência cautelar para travar a exploração de lítio no concelho, anunciou hoje a autarquia, referindo-se a um dos projetos na origem da investigação que na terça-feira levou à demissão do primeiro-ministro.
A informação foi avançada à agência Lusa pela presidente daquele município do norte do distrito de Vila Real, Fátima Fernandes.
"Vamos interpor uma ação administrativa e providência cautelar no tribunal para parar a exploração na mina do Romano", afirmou a autarca socialista, lembrando que a autarquia está contra o projeto da empresa Lusorecursos.
Quanto à investigação revelada na terça-feira e que levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa, Fátima Fernandes disse confiar "totalmente na justiça", que, acredita, "fará o seu caminho e irá apurar aquilo que houver a apurar".
A investigação visa as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas, também no distrito de Vila Real), um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines (distrito de Setúbal) e o projeto de construção de `data center` desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.
Os dois projetos mineiros obtiveram uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, mas condicionada à concretização de medidas de compensação e de mitigação.
Fátima Fernandes especificou que a ação judicial pretende impedir que a mina do Romano avance para a fase de exploração.
"Porque consideramos que há matéria que nos permite fazer esta ação administrativa e porque verdadeiramente consideramos que é um projeto que não traz nada de bom para o nosso território", justificou.
A autarca apontou para o impacte "muito negativo" na água da barragem do Alto Rabagão, um bem que considerou essencial quer para o consumo público, quer para a alimentação dos animais e a irrigação dos campos.
Além disso, indicou a necessidade de proteger o lobo-ibérico, considerou um contrassenso "destruir a natureza em nome do ambiente" e disse ainda que "não se pode considerar normal desalojar" pessoas que residem na zona onde vai ser implantada a mina.
"E temos um projeto muito maior que é o facto de sermos Património Agrícola Mundial. Esse, sim, é que nos pode projetar para o futuro, temos a certeza disso", defendeu.
A mina de lítio do Romano obteve em 07 de setembro uma DIA favorável condicionada por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que impõe a alocação de `royalties` ao município de Montalegre, medidas compensatórias para as populações locais e de minimização para o lobo-ibérico.
A Lusorecursos já disse que tenciona iniciar a exploração mineira em 2027.
A Associação Montalegre Com Vida, criada para lutar contra a exploração mineira, disse que a investigação divulgada na terça-feira "põe em causa toda a lisura do procedimento na atribuição da concessão de exploração do lítio em Montalegre".
Por isso mesmo, exigiu às entidades competentes que "ajam em conformidade e procedam à anulação de todo o processo".
Desde o início que a associação apontou para "a falta de transparência" no processo.
A concessão mineira do Romano foi assinada em 28 de março de 2019 entre a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e a Lusorecursos Portugal Lithium, uma empresa constituída três dias antes da assinatura do contrato.
Na terça-feira, o primeiro-ministro pediu a sua demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que o chefe do Governo é alvo de uma investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre os projetos de lítio e hidrogénio.
Marcelo Rebelo de Sousa convocou para hoje os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.
Está explicado porque é que Marcelo Rebelo de Sousa protagonizou, na noite de terça-feira, um enigmático passeio por Belém. É um gesto político tão subtil que praticamente passou despercebido. O presidente da República levou os jornalistas ao Beco do Chão Salgado, local de profundo significado político relacionado com a traição.
Foto: António Cotrim - Lusa
A antiga ministra Alexandra Leitão considera que a Procuradoria-Geral da República deve dar mais explicações sobre o processo que envolve o primeiro-ministro.
Pedro A. Pina - RTP
A antiga eurodeputada socialista e ex-candidata à Presidência da República defende que o Partido Socialista tem de ser mais eficaz nas questões da transparência.
Lusa
O Partido Socialista desperdiçou a maioria absoluta e tão cedo não vai ter melhores condições de governar. A convicção é do antigo porta-voz socialista Vitalino Canas.
O Presidente são-tomense disse que acompanha com atenção a situação política em Portugal, após o pedido de demissão do primeiro-ministro português, António Costa, e acredita que o país encontrará solução para a situação.
"Temos estado a acompanhar nos canais informativos, mas o que posso dizer é que tudo isso é um fenómeno político previsto nos regimes que têm o Estado de direito democrático e dentro deste respaldo também encontrarão resposta e solução de certeza, porque é um problema político e isso acontece em qualquer país", disse Carlos Vila Nova.
"Vamos acompanhar, ter mais elementos e seguir com atenção porque [Portugal] é um grande parceiro de São Tomé e Príncipe e é um dos membros da CPLP, da nossa comunidade", acrescentou o chefe de Estado são-tomense que falava na noite de terça-feira, no aeroporto de São Tomé, antes de viajar para o Reino da Arábia Saudita.
Carlos Vila Nova referiu que estará de passagem por Portugal depois do dia 11 de novembro quando terminar a visita à Arábia Saudita.
Na terça-feira, o primeiro-ministro, António Costa, pediu a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
O Presidente convocou para hoje os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.
Numa declaração no Palácio de São Bento, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a Justiça "em tudo o que entenda necessário".
Foto: Pedro Pina - RTP
Um dia depois da demissão apresentada por António Costa, o presidente da República recebe os partidos políticos, antes de tomar uma decisão sobre o futuro da governação do país.
Marcelo Rebelo de Sousa saiu do Palácio de Belém pouco depois das 22h00 para dar um passeio a pé. Perante a insistência dos jornalistas, o chefe de Estado recusou-se a falar e a responder a quaisquer questões.
Foto: José Sena Goulão - Lusa
O dia da eclosão da crise política começou com as buscas, logo ao início da manhã, que envolveram mais de 150 elementos da PSP e Autoridade Tributária.
João Galamba foi constituído arguido pelo Ministério Público no inquérito relacionado com os negócios do lítio e hidrogénio. Durante o dia o Ministério das Infraestruturas e a casa de João Galamba foram alvo de buscas.
No âmbito da investigação aos negócios do lítio e hidrogénio verde foram detidos esta terça-feira o chefe do gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus e um consultor detidos no âmbito da investigação aos negócios do lítio e hidrogénio verde
O Ministério Público suspeita de favorecimentos do Governo ao consórcio escolhido para o projeto de hidrogénio verde em Sines, que junta a EDP, Galp e REN. O projeto de hidrogénio verde implica um investimento de mil e 500 milhões de euros.
Foto: Mário Cruz - Lusa
Desde o assumir de funções a 30 de março de 2022 que a maioria absoluta do partido socialista foi marcada por instabilidade. Em pouco mais de um ano e meio, várias polémicas e "casos e casinhos" marcaram a governação do atual Governo socialista: contam-se 13 demissões e vários protestos contra a crise na habitação, educação e saúde.
O ministro das Infraestruturas foi constituído arguido esta terça-feira pelo Ministério Público numa investigação relacionada com os negócios do lítio e hidrogénio verde. Em causa está o contrato aprovado por João Galamba, a 26 de março de 2019, quando era secretário de Estado da Energia, membro da equipa do então ministro do Ambiente, João Matos Fernandes.
Foto: Lusa (arquivo)
Marta Temido descarta a hipótese de uma candidatura a secretária-geral do Partido Socialista. Entrevistada no 360 da RTP3, a ex-ministra da saúde argumentou que não tem "história política" suficiente para assumir a liderança.