Presidenciais. Entrevista ao candidato Marcelo Rebelo de Sousa

por RTP

Marcelo Rebelo de Sousa foi o candidato entrevistado esta terça-feira na RTP. O candidato presidencial e atual Presidente da República realçou os três reparos ao Orçamento do Estado, promulgado esta terça-feira, mas também as razões para ter promulgado o documento. Marcelo Rebelo de Sousa destaca que quis chamar a atenção para um problema de futuro sobre a pobreza gerada pela pandemia e pela necessidade de olhar para o tecido social.

Numa entrevista em que o próprio disse não poder separar-se da "pele" de Presidente, e sobre a TAP e a polémica do aumento dos salários a gestores, o candidato deixou um apelo para que não haja aumentos na empresa numa altura de reestruturação da empresa e de sacrifícios pedidos aos funcionários. Marcelo avisa o Governo que “o que parece, é” e que “deve fazer-se mais para a percepção ser melhor”.

O Presidente da República e recandidato ao cargo elogiou a atuação do ministro da Administração Interna em matéria de incêndios e anunciou que, a pedido do seu homólogo ucraniano, irá dirigir uma mensagem de Ano Novo àquele país.

Em entrevista à RTP, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que, se se tivesse repetido a tragédia dos incêndios de 2017, não se teria recandidatado e Belém, e disse ter testemunhado que, "em matéria de fogos, o ministro foi irrepreensível".

"Claro que não vou comentar as declarações do senhor ministro, se entusiasmado considerou que isso tinha sido decisivo na minha candidatura... foi uma interpretação do senhor ministro", acrescentou.

Já sobre o caso a morte do cidadão ucraniano nas instalações do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras no aeroporto de Lisboa, em março, o chefe de Estado recusou responder se Eduardo Cabrita ficou com a sua autoridade diminuída, dizendo tratar-se de "comentário político", mas disse querer dar "uma notícia".

"O Presidente da Ucrânia, com quem vou falar amanhã [quarta-feira], quer que eu envie uma mensagem de feliz Ano Novo para a Ucrânia, que eu vou gravar amanhã ou depois de amanhã", disse.

Questionado se as palavras que usou sobre a necessidade de mudar de protagonistas após a morte de Ihor Homenyuk eram um convite à saída do ministro, Marcelo Rebelo de Sousa recusou essa interpretação.

"Não se aplica ao ministro, falei na administração pública, e tive o cuidado de dizer: se se apurar que não é um caso isolado", referiu.

Sobre o processo de vacinação contra a covid-19, Marcelo confessa que a sua inclinação era a de incluir mais idosos no primeiro grupo de vacinação. No entanto, diz que aceita a opinião diferente que resulta do parecer dos especialistas, dizendo não querer impor a sua opinião.

Afirma que ter falado com farmacêuticas sobre a quantidade de vacinas para a covid-19 depois de ter dito que os portugueses foram enganados quanto à vacina da gripe, não representa qualquer desrespeito ou falta de confiança na ministra da saúde.

Marcelo Rebelo de Sousa considera que há condições para os Orçamentos do Estado serem aprovados mais dois anos, dizendo que o OE2021 não foi mais difícil de aprovar do que os dois anteriores. O atual Presidente diz que nunca sentiu que o Governo quisesse ir para eleições.

"Avançar para eleições por iniciativa do próprio Governo é um risco enorme para o próprio Governo", alertou.

Questionado se a direita tem razões para estar desiludida com o seu primeiro mandato, o candidato recusou a interpretação que tenha estado `colado` ao Governo, referindo que vetou mais diplomas nestes primeiros cinco anos do que os seus três antecessores.

"Eu estive sempre com os portugueses, não estive com o Governo, e os portugueses perceberam-me sempre e mantiveram sempre um juízo estável sobre o que estava a fazer", afirmou, dizendo que foi recebendo mensagens como "aperte-os, mas não deite abaixo o Governo, continue a coabitar com o Governo".

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que não é "um presidente de fação", mas independente.

"Uma vez não gostam os socialistas, outras não gostam os sociais-democratas, é a vida", afirmou.

Questionado se algumas das posições do partido Chega podem violar a Constituição, o Presidente da República e recandidato ao cargo voltou a remeter esse juízo para o Tribunal Constitucional e para o Ministério Público a avaliação, a pedido de qualquer cidadão, de uma eventual ilegalização de uma força partidária.

"Na minha opinião, a melhor maneira de lutar por ideias é o combate das ideias, não é interdição de secretaria", sublinhou, recusando-se a comentar ideias do programa de um partido político que vai receber em audiência na próxima segunda-feira, na qualidade de chefe de Estado.

Em relação ao diploma que o parlamento deverá aprovar em breve para legalizar a eutanásia, reiterou que mantém "todos os cenários em aberto" (promulgação, veto e envio para o Tribunal Constitucional), mas assegurou que o facto de ser católico não irá influenciar o seu julgamento.
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