Preços da habitação. "Governo só responde a uma minoria", aponta o PS

por João Alexandre - Antena 1
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa

O PS considera que os mais recentes números do Eurostat sobre a habitação são o reflexo de medidas "erradas" por parte do Governo da AD e defende que a coligação PSD/CDS-PP só tem apresentado propostas para uma "minoria" da população.

"O Governo opta por uma via que só responde a uma minoria de pessoas. Nós compreendemos que há uma minoria de pessoas que acedeu a medidas de crédito - e para as quais possam ter sido medidas importantes -, mas, na verdade, teve um efeito de aumento dos preços para todos", diz, em declarações à Antena 1, Maria Begonha, depois de o gabinete de estatísticas da União Europeia ter indicado que Portugal apresentou a terceira maior subida dos preços das casas durante o último trimestre do ano passado e em comparação com igual período de 2023.

Para a deputada e vice-presidente do grupo parlamentar do PS, os dados dão razão aos socialistas nas críticas feitas ao Executivo de Luís Montenegro, desde logo nas propostas relacionadas com o aumento da oferta, mas também nas medidas sobre a procura.

"Nós temos vindo a alertar que as medidas de estímulo à procura, de estímulo ao crédito, a isenção do imposto de selo e do IMT, estas medidas - que pareciam positivas para os poucos que conseguiam aceder - teriam obviamente um efeito muito negativo para o conjunto da maioria das pessoas. E, foi isso que aconteceu", insiste. Os socialistas consideram que os primeiros sinais foram dados logo no início de funções do atual Governo, em 2024, quando Luís Montenegro "anunciou ao país que ia ter um choque de oferta".

"O que temos visto é que [as medidas do Governo] recuam no choque de oferta que importava, porque a oferta que importava era mobilizar os edifícios devolutos e era continuar a investir no parque público de habitação. O Governo recua até nos compromissos e investimentos do PRR para a classe média", lamenta a deputada.

O PS considera ainda que as "falhas" do Governo se estendem também aos apoios ao arrendamento, sobretudo pela "falta de resposta" às solicitações por parte das pessoas.

"O Governo também falhou - e, aí, por incompetência, nem sequer é por opção - e também falha nos apoios que não chegam às pessoas. O Porta 65 não tem resposta para ninguém há 7 meses, os apoios extraordinários à renda que foram cortados e que não chegam às pessoas. Portanto, queremos também melhorar os apoios e que as pessoas tenham de facto um apoio efetivo ao arrendamento". Maria Begonha sublinha ainda que, em tempo de pré-campanha, é preciso salientar as "diferenças" entre o projeto do PS e o da AD, mas insiste: "Não é apenas por estes dados negativos que estamos a ver que a política da AD falhou, a política deste Governo falhou na habitação em toda a linha".

No programa eleitoral apresentado nos últimos dias, o PS propõe simplificar o acesso aos apoios ao arrendamento e alargar a base de incidência dos apoios que já existem. Os socialistas propõem ainda que parte dos dividendos da Caixa Geral de Depósitos sejam canalizados para uma conta corrente do Estado que permita financiar as autarquias na construção de mais casas.
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