O primeiro-ministro insurgiu-se contra a notícia de hoje do jornal SOL que escreveu que José Sócrates "mentiu ao Parlamento sobre a TVI" quando disse que desconhecia o negócio da compra pela PT. "Classifico isso apenas como um insulto", afirmou o chefe de Governo. Sócrates exige saber se é possível, "num Estado de Direito", ser pessoalmente escutado "meses a fio".
Mas, acrescentou, "outra coisa muito diferente - e esse é o ponto e importa não confundir as coisas - é saber se durante meses a fio eu fui escutado - porque isto está a passar todas as marcas -, se essas escutas foram legais e se é possível fazê-las num Estado de Direito. Eu tenho o maior interesse em ser esclarecido sobre isso", disse.
"Desconheço as escutas, não estou a par de nada e sei apenas o que vem nos jornais. Espero que o senhor procurador, com o esclarecimento que prometeu, possa esclarecer-nos a todos", acrescentou.
PM volta a afirmar que desconhecia negócio da PT com a TVI
O primeiro-ministro garantiu esta manhã que nem ele "nem o Governo tinham qualquer conhecimento oficial, nem nenhuma informação prévia de nenhuma intenção empresarial da PT" sobre o negócio de compra da TVI.
O jornal SOL destaca na edição desta sexta-feira que "as escutas do processo Face Oculta provam que o primeiro-ministro faltou deliberadamente à verdade quando disse no Parlamento que desconhecia" esse negócio.
"Isso não passa de um insulto desse jornal, que não dá uma notícia, mas faz um insulto", afirmou José Sócrates. "Mantenho tudo o que disse no Parlamento e não tenho nada a acrescentar".
"Uma coisa é naturalmente discutirmos, com amigos, como fiz, relativamente a notícias que são publicadas nos jornais e a conhecimentos informais. Outra coisa é, como disse no Parlamento, como primeiro-ministro, o conhecimento oficial e o conhecimento prévio desse negócio", disse Sócrates.
Questionado por que razão não revela o conteúdo das conversas telefónicas que teve com Armando Vara, e que foram gravadas no âmbito do processo "Face Oculta", o primeiro-ministro respondeu: "Era só o que me faltava que agora me pusesse a comentar conversas que tive com pessoas amigas ao telefone e, principalmente, as versões que um jornal diz que eu tive nessas conversas."
Ainda esta semana, no Parlamento, a líder do PSD defendeu que "cabe, sem sombra de dúvidas, ao senhor primeiro-ministro" um "esclarecimento" ao país sobre as escutas a conversas suas com o arguido do processo "Face Oculta" Armando Vara que motivaram certidões judiciais.
Na altura, em resposta a Ferreira Leite, o líder parlamentar do PS acusou-a de sucumbir "à tentação do justicialismo populista mais primário" numa tentativa de "politização da justiça" que "não a dignifica, não a honra e não prestigia este Parlamento", transformando o PSD "num agrupamento populista, irresponsável e profundamente demagógico".
"Não é sustentável em nenhum país que haja um primeiro-ministro que esteja sob suspeita. E é esta contribuição que eu gostaria de dar para que o primeiro-ministro ajudasse a eliminar essa suspeição", reforçou, depois, Manuela Ferreira Leite.