Pela paz e cooperação. PCP contra o envio de armas para teatros de guerra

por Inês Moreira Santos - RTP
Foto: João Marques - RTP

O secretário-geral do PCP foi o entrevistado desta segunda-feira no Telejornal da RTP. É a quarta de uma série de entrevistas da RTP aos líderes dos partidos com assento parlamentar quando faltam menos de dois meses para eleições legislativas antecipadas de 18 de maio. A posição do partido no conflito russo-ucraniano marcou a intervenção de Paulo Raimundo que condena o "envio de armas" como "caminho para a paz".

A entrevista começou com a posição do Partido Comunista Português, desde o início do conflito na Ucrânia. Na opinião do líder comunista "mostrar solidariedade é parar a guerra".

Questionado sobre o facto de o PCP ter sido o único partido que não aplaudiu, na quarta-feira passada, os deputados ucranianos que estiveram na Assembleia da República, Paulo Raimundo começou por considerar que a questão devia “ser feita aos outros partidos”.

De acordo com Paulo Raimundo, “os partidos que aplaudiram aqueles deputados ucranianos são os mesmos que condenaram a Ucrânia, há três a esta parte, a uma guerra e que levaram milhares de ucranianos à morte”.

“Aliás estão disponíveis, inclusive, para que a guerra continue até ao último ucraniano”, acusou o secretário-geral do PCP.Por isso, segundo Raimundo, “a melhor forma de mostrar solidariedade com o povo ucraniano é parar esta guerra que está a destruir território, a destruir a vida de milhares de pessoas”. E "eese é que era o grande contributo que devíamos dar ao povo ucraniano". 

"É nesse contributo que o PCP está profundamente empenhado”, continuou.

O líder comunista apresentou ainda uma segunda razão para a posição do partido sobre esta questão: “uma larga percentagem dos deputados portugueses que aplaudiram os deputados ucranianos na Assembleia da República se estivessem na Ucrânia não podiam ser deputados (…) porque a Ucrânia tem ilegalizados um conjunto de partidos”.

E acrescentou: "O que o Partido Socialista fez quando bateu palmas de pé foi aprovar a ilegalização do seu partido irmão na Ucrânia, assim como os sociais-democratas”.

“Não somos hipócritas. Solidariedade com o povo ucraniano, condenamos a guerra desde o princípio (…) e não devemos perder nenhuma oportunidade de acabar com a guerra”.

Pelo PCP, sublinhou ainda, "a guerra nem tinha começado".

Sem confirmar nem desmentir que o partido é contra o envio de armas para Kiev, Paulo Raimundo voltou a frisar que a guerra “tinha de ser evitada” e que se devia ter “feito tudo para que acabasse”. No entanto, afirmou que, pelo contrário, intensificou-se o conflito.

“Perante oportunidades que há para a paz, aquilo a que estamos a assistir não é a construção desses caminhos de paz”, apontou. “É o caminho de mais armas, mais destruição”.

Na perspetiva do PCP, “havia várias formas” de o Governo se solidarizar com a Ucrânia, mas optou “pelo envio de mais armas”.
Paulo Raimundo, repetindo que o partido é contra o “envio de armas” caso haja outras opções, garantiu que esta “é uma posição universal”. Citando a Constituição de República portuguesa, o líder comunista considera que Portugal “é um país que procura os caminhos políticos” e diplomáticos e é “pela paz e cooperação”.

Questionado sobre se há alguma circunstância em que o PCP defenda o envio de armas, o líder partidário respondeu que o necessário é “o caminho da paz, da cooperação e do respeito do direito internacional”. Acrescentou ainda que "é preciso que as forças em conflito se juntem e encontrem os caminhos para as soluções”.

Referindo ainda o conflito no Médio Oriente, Paulo Raimundo assumiu que também não é a favor do envio de armamento para o Hamas em Gaza.“Estamos perante uma situação no mundo em que o mundo está em perigo”, constatou. “Temos de escolher hoje se esse perigo é para aumentar ou para diminuir. Se o conflito é para escalar ou para descalar”.

E se for para pôr termo ao conflito, “o caminho não é pôr mais armas” mas sim “abrir todas as vias para desanuviar o conflito e chegar aos caminhos da paz”. O que considera válido para a Ucrânia, para a Palestina e “para todos os sítios onde há conflitos”.

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