Pedro Nuno Santos diz que Chega é herdeiro da "direita radical derrotada no 25 de Novembro"
Foto: Tiago Petinga - Lusa
O secretário-geral do Partido Socialista considerou esta quarta-feira que a intervenção do líder do Chega no Parlamento a propósito do 25 de Novembro "ofende a democracia". Pedro Nuno Santos considerou que o partido de André Ventura é o "herdeiro" da "direita radical" derrotada há meio século.
Pedro Nuno Santos considerou que o “desrespeito” que André Ventura “vai revelando sobre os outros partidos, sobre a democracia, a todos tem de nos preocupar e não só a quem é dos partidos mais à esquerda ou do Partido Socialista”.
Para o secretário-geral do PS, o discurso do Chega na cerimónia que assinalou o 25 de Novembro “não honra Abril, não honra a democracia (…); antes pelo contrário, ofende-nos a todos, ofende a democracia, ofende a liberdade, o direito a pensar diferente”.
“É um discurso que na verdade não nos serve de muito, mas é um discurso perigoso”, defendeu, referindo que o líder do Chega “tem ultrapassado demasiadas vezes o respeito pelo outro” e “isso a mim preocupa-me muito enquanto democrata”.
“Há uma direita que foi derrotada no 25 de Novembro: é o Chega o herdeiro dessa direita radical”, acrescentou.
Pedro Nuno Santos afirmou ainda que “não deixa de ser caricato vermos a direita tentar resgatar uma data e dar-lhe uma dimensão, quando na realidade pouco fizeram por essa data”.
Esta quarta-feira, o partido Livre pediu ao presidente da Assembleia da República que começasse o debate em plenário com uma nota de repúdio à intervenção do líder do Chega no 25 de Novembro por "apologia de crimes de guerra".
"Deixem-me citar o final do discurso do deputado André Ventura: 'como dizia Jaime Neves sobre a guerra do ultramar, era mesmo assim. Quando nos mandavam limpar, nós limpávamos tudo' e depois apontou para as bancadas da esquerda e disse 'já começámos, vamos continuar'. Nós todos aqui sabemos o significado da palavra limpar na citação de Jaime Neves. Todos sabemos bem o que significa", criticou a deputada Isabel Mendes Lopes.
O presidente do Parlamento, Aguiar-Branco, registou a observação da deputada, mas disse que não "permitiria a reabertura do debate sobre aquilo que é o debate do 25 de Novembro", e alertou-a que a figura regimental da interpelação à mesa deve ser usada sobre as conduções dos trabalhos de hoje, recebendo aplausos da bancada do Chega.