PCP promete posição construtiva mas também de combate ao Governo
O secretário-geral do PCP apresentou esta quarta-feira as conclusões da reunião do Comité Central, que analisou os resultados das eleições legislativas. Jerónimo de Sousa reconhece que o resultado obtido fica aquém do esperado e teve uma "significativa perda de deputados". O líder comunista assegura que continua disponível para o diálogo e para aprovar as medidas do novo Governo que considere positivas, mas garante que irá "travar a luta" contra as restantes.
“Neste quadro mais difícil, o PCP reafirma a sua determinação de prosseguir e intensificar a intervenção em defesa dos trabalhadores e do povo”, afirmou, lembrando os problemas estruturais do país que foram agravados pela pandemia.
Garantiu ainda que o partido está “pronto para contribuir com soluções”, com disponibilidade para o diálogo e para aprovar medidas que considere positivas, mas também “pronto para o combate, caso as medidas e a prática política do Governo não corresponda a esses anseios a essas aspirações e à profundidade dos problemas económicos e sociais”.
Mesmo com menor representação parlamentar, Jerónimo de Sousa garante que “os trabalhadores e o povo podem contar com o PCP” no combate contra “projetos reacionários e antidemocráticos” e em “rutura com a política de direita”.
O secretário-geral comunista promete lutar no Parlamento mas também nas ruas, uma intervenção “centrada na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo”.
“A casamentos e batizados não vás sem ser convidado”
Questionado sobre se já houve contacto com o líder socialista, Jerónimo de Sousa responde de forma categórica: “Não falei com António Costa. Não falei, é um facto”.
Prometeu, de novo, promover a convergência mas só caso as medidas sejam positivas do ponto de vista do PCP. “Estamos ali para construir mas simultaneamente para dar combate”, acrescentou.
Sobre o novo líder parlamentar dos comunistas na Assembleia da República, depois de João Oliveira ter falhado a reeleição, Jerónimo de Sousa adianta que serão encontradas soluções “no quadro atual”.
Reconhece que as forças do PCP no Parlamento estão “mais reduzida” e que os seis deputados terão “uma carga de trabalhos”, mas considera que os mandatos concedidos pelas eleições “serão um instrumento fundamental para uma intervenção qualificada”.
“Usaremos os votos que o povo português nos atribuiu”, assegurou.
Ainda questionado pelos jornalistas sobre a eleição de um vice-presidente no Parlamento vindo do Chega - que se tornou a terceira força política na Assembleia da República - Jerónimo de Sousa garante apenas que “não será com os votos do PCP que o Chega terá esse lugar institucional”.