Pela paz e cooperação. PCP contra o envio de armas para teatros de guerra
O secretário-geral do PCP foi o entrevistado desta segunda-feira no Telejornal da RTP. É a quarta de uma série de entrevistas da RTP aos líderes dos partidos com assento parlamentar quando faltam menos de dois meses para eleições legislativas antecipadas de 18 de maio. A posição do partido no conflito russo-ucraniano marcou a intervenção de Paulo Raimundo que condena o "envio de armas" como "caminho para a paz".
De acordo com Paulo Raimundo, “os partidos que aplaudiram aqueles deputados ucranianos são os mesmos que condenaram a Ucrânia, há três a esta parte, a uma guerra e que levaram milhares de ucranianos à morte”.
“Aliás estão disponíveis, inclusive, para que a guerra continue até ao último ucraniano”, acusou o secretário-geral do PCP.Por isso, segundo Raimundo, “a melhor forma de mostrar solidariedade com o povo ucraniano é parar esta guerra que está a destruir território, a destruir a vida de milhares de pessoas”. E "eese é que era o grande contributo que devíamos dar ao povo ucraniano".
O líder comunista apresentou ainda uma segunda razão para a posição do partido sobre esta questão: “uma larga percentagem dos deputados portugueses que aplaudiram os deputados ucranianos na Assembleia da República se estivessem na Ucrânia não podiam ser deputados (…) porque a Ucrânia tem ilegalizados um conjunto de partidos”.
“Não somos hipócritas. Solidariedade com o povo ucraniano, condenamos a guerra desde o princípio (…) e não devemos perder nenhuma oportunidade de acabar com a guerra”.
“Perante oportunidades que há para a paz, aquilo a que estamos a assistir não é a construção desses caminhos de paz”, apontou. “É o caminho de mais armas, mais destruição”.
Na perspetiva do PCP, “havia várias formas” de o Governo se solidarizar com a Ucrânia, mas optou “pelo envio de mais armas”.
Questionado sobre se há alguma circunstância em que o PCP defenda o envio de armas, o líder partidário respondeu que o necessário é “o caminho da paz, da cooperação e do respeito do direito internacional”. Acrescentou ainda que "é preciso que as forças em conflito se juntem e encontrem os caminhos para as soluções”.
Referindo ainda o conflito no Médio Oriente, Paulo Raimundo assumiu que também não é a favor do envio de armamento para o Hamas em Gaza.“Estamos perante uma situação no mundo em que o mundo está em perigo”, constatou. “Temos de escolher hoje se esse perigo é para aumentar ou para diminuir. Se o conflito é para escalar ou para descalar”.
E se for para pôr termo ao conflito, “o caminho não é pôr mais armas” mas sim “abrir todas as vias para desanuviar o conflito e chegar aos caminhos da paz”. O que considera válido para a Ucrânia, para a Palestina e “para todos os sítios onde há conflitos”.