Passos segura Ventura e defende "posição não racista" do PSD

por Carlos Santos Neves - RTP
Passos Coelho na apresentação pública da candidatura “Primeiro Loures”, encabeçada por André Ventura, na passada quinta-feira Nuno Fox - Lusa

O apoio do PSD de Passos Coelho a André Ventura em Loures não cai. Foi o próprio líder social-democrata quem o vincou esta terça-feira, dia em que ganhou ainda mais corpo a controvérsia em torno de declarações do candidato autárquico contra o que este considera ser uma “excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas”. Posição que já levou o CDS-PP a dar um passo atrás.

À entrada para um jantar do grupo parlamentar do PSD, Pedro Passos Coelho foi questionado pelos jornalistas sobre a polémica desencadeada por um par de entrevistas de André Ventura, candidato à presidência da Câmara Municipal de Loures, ao portal Notícias ao Minuto e ao jornal i. Em particular sobre a decisão do CDS-PP, que retirou o seu apoio à candidatura.

“A clarificação que o doutor André Ventura fez de uma entrevista que deu clarifica muito bem a posição, quer dele quer do PSD, quanto à matéria. Eu estou tranquilo quanto àquilo que é a nossa posição, uma posição não racista, não xenófoba. Nunca foi, não é e, atrevo-me a dizer, nunca será”, redarguiu o líder laranja.
PSD e PPM mantêm o apoio político a André Ventura.

Relativamente ao que o partido de Assunção Cristas optou por fazer, Passos disse apenas respeitar.

“O PSD é um partido com tradições plurais muito grandes, teve sempre um respeito por todas as minorias e isso não está em causa nesta campanha, nem nas autárquicas, nem em Loures em particular”, insistiu o ex-primeiro-ministro.

“Feita esta clarificação, estamos todos tranquilos quanto à campanha que pode ser feita pelo nosso candidato”, rematou Passos Coelho, para apontar o que descreveu como “a ausência de qualquer elemento discriminatório” nas justificações de André Ventura.

O CDS-PP anunciou ao início da tarde desta terça-feira a intenção de tomar “um caminho próprio” em Loures, quebrando de facto a aliança local com o PSD. O partido exprimiu mesmo “profundo incómodo” face às palavras do candidato, em particular sobre a etnia cigana.
“Acima das regras”

Em entrevista publicada na segunda-feira pelo i, André Ventura apontou o dedo a pessoas que ”vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado” e que, nas palavras do candidato, entendem “que estão acima das regras do Estado de direito”. O que, considerou Ventura, sucede particularmente com a comunidade cigana.

Alexandra André, João Martins, Paulo Nunes - RTP

Quatro dias antes, entrevistado pelo site Notícias ao Minuto, o candidato havia já feito referência a uma “excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas”.

As declarações de Pedro Passos Coelho referem-se a um comunicado emitido na segunda-feira por André Ventura, no qual o candidato alegava ter criticado situações de incumprimento da lei, sem incidir em questões étnicas.

“O que preocupa a candidatura são questões de segurança e cumprimento da lei, na defesa do património público e das pessoas de bem, independentemente da raça ou etnia. [...] Boa parte das pessoas que fica muito incomodada quando são denunciadas estas situações nunca se deslocou a algumas dessas zonas e não tem ideia do barril de pólvora que lá se vive diariamente”, argumentou.

c/ Lusa
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