Passos não exclui inscrever corte de pensões em programa eleitoral

por Christopher Marques - RTP

Foto: Arménio Belo, Lusa

Pedro Passos Coelho volta a afirmar que é necessário encontrar uma solução para o problema das pensões em Portugal e sublinhou o compromisso assumido com Bruxelas no Programa de Estabilidade. Apesar de admitir que um corte nas pensões possa ser inscrito no programa eleitoral, considera que esta é uma hipótese pouco provável. O assunto tem de ser debatido com o CDS e deixar espaço para consensos à esquerda, defendeu-se o primeiro-ministro.

Maria Luís Albuquerque trouxe o tema para a agenda política há quase uma semana. Um eventual corte das pensões afigurava-se necessário para assegurar a sustentabilidade da Segurança Social, defendia a governante. Este sábado Passos Coelho voltou a acenar com esta eventualidade.

“Alguma medida terá de ser encontrada nesse sentido. Temos dito, e penso que bem, que toda a reforma da Segurança Social deve refletir um entendimento mais alargado possível”, afirmou o primeiro-ministro. Passos fez ainda referência à meta traçada o Programa de Estabilidade enviado à Comissão Europeia.
No Programa de Estabilidade 2015-2019, o Governo prevê poupar 600 milhões de euros em 2016 com uma reforma do sistema de pensões, mas não adianta como pretende fazê-lo.

Como "hipótese meramente técnica", justificou Albuquerque no Parlamento, o Governo manteve a proposta que estava no Documento de Estratégia Orçamental do ano passado relativamente à reforma de pensões.

“Nós temos um problema, não vale a pena fazer de conta. Nós temos de o resolver e a melhor forma de o fazer é com um entendimento alargado”, numa referência implícita a um consenso com o Partido Socialista.

O apelo tinha já sido feito por diferentes dirigentes do PSD e do CDS.  António Costa já rejeitou.

A solução do PS para a sustentabilidade da Segurança Social recusa “liminarmente qualquer solução proposta pelo Governo de corte nas pensões que já estão formadas”, explicou o secretário-geral.

Vieira da Silva também já garantiu que o PS não será “parceiro dessa poupança”.
"Não venham agitar o papão"

A resposta de António Costa chegou pouco depois das polémicas declarações de Maria Luís Albuquerque. As palavras da ministra obrigaram o titular da pasta da Segurança Social a esclarecer a situação.

Pedro Mota Soares garantia não estar nenhuma proposta em discussão. Também a ministra das Finanças tentou aliviar as suas declarações.

“Não há nenhuma decisão, não há nenhum desenho de cortes nas reformas. Não venham agitar o papão”, pedia a sucessora de Vítor Gaspar. O “papão”, como lhe chamou a ministra, já rompia pela agenda política e concentrava a atenção da comunicação social, dos partidos e dos cidadãos.Programa eleitoral
Este sábado, o jornal Expresso avança que o próprio programa eleitoral conjunto do PSD e do CDS não terá uma solução para as pensões. Os partidos da maioria não vão propor qualquer solução concreta, deixando o tema dependente de uma solução de consenso com o Partido Socialista.

“Não faz sentido aparecer com uma solução fechada à partida”, avançaram fontes partidárias ao semanário. Esta tarde, o primeiro-ministro explicou não poder confirmar a informação, uma vez que programa “não está feito” e é da responsabilidade dos dois partidos. No entanto, a intenção parece mais clara.

“É pouco provável que haja uma solução muito definida na medida em que nós achamos que não devemos comprometer a possibilidade de construir uma solução alargada”, frisou Passos.
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