O líder do PSD assistiu à tomada de posse do novo presidente, mas declinou o convite para almoçar e voou para Londres, a participar na conferência de uma obscura confraria de debates.
Do mesmo modo, a reclamação de "ir mais longe na qualidade da educação, saúde, justiça e do próprio sistema político", tal como a formulou o novo presidente, não se harmonizava com a insistência do PSD em voltar aos rigores austeritários mais extremos. Igualmente, casaria mal com a aguerrida disposição do PSD calar e consentir em discursos como o do presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, apelando a uma independência do novo chefe do Estado - em relação aos partidos e, supõe-se, à sua própria matriz partidária.
Passos Coelho esteve portanto ausente no almoço com o presidente de Portugal, com o rei de Espanha e com o presidente da Comissão Europeia. Para justificar a ausência invocou o debate que organizava a "Oxford Union", sociedade privada que tem acolhido como palestrantes David Cameron e o Dalai Lama.
O líder do PSD não quis desvalorizar a conferência em que participava como mero encontro de "jotas", antes a descrevendo como uma confabulação dos "jovens políticos de amanhã".
E, aos "jovens políticos", manifestou o seu cepticismo sobre a bondade das medidas que o Governo possa acordar com a sua maioria parlamentar como "Plano B", dando por suposto, desde logo, que seriam inevitáveis essas medidas adicionais.
No discurso, citado pela agência Lusa, Passos Coelho perguntou-se qual seria a natureza do programa consensualizado entre o governo e a sua maioria e onde ele nos pode conduzir no futuro próximo".
Ao Governo e especialmente aos seus apoiantes comunistas e bloquistas falta, segundo Passos Coelho, a compreensão de que a austeridade "não é de direita nem de esquerda, não é conservadora nem liberal, é apenas o que resta quando não há acesso a financiamento".
Esta compreensão seria, ainda segundo o ex-primeiro ministro, tanto mais incontornável quanto "estamos numa área monetária comum, onde não podemos desvalorizar unilateralmente a moeda".
Passos Coelho reafirmou, portanto, os "resultados positivos" da política levada a cabo pelo seu Governo, que considera ter atraído "muitos investidores estrangeiros que contribuíram para criar riqueza e emprego".
Por isso, e ao contrário do caminho que atribui ao Governo de António Costa, considera que seria necessário "prosseguir nos próximos anos as políticas de mudança estrutural que melhorem a produtividade". E reforça: "Esta deveria ser a ação política, económica e social em que Portugal deveria estar empenhado neste momento".