O Parlamento debateu esta terça-feira uma moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega. Esta foi a terceira que o executivo enfrentou desde o início da atual legislatura e já tinha chumbo garantido.
O Parlamento debateu esta terça-feira uma moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega. Esta foi a terceira que o executivo enfrentou desde o início da atual legislatura e já tinha chumbo garantido.
Foto: António Cotrim - Lusa
O líder social-democrata, Luís Montenegro, desvalorizou hoje a moção de censura ao Governo afirmando está a preparar um projeto de esperança para o país, enquanto PS e Chega se juntam "no amor ao combate ao PSD".
"Quem está interessado no debate é o casal de namorados da política portuguesa, que é o doutor António Costa e o doutor André Ventura, que hoje estão unidos no propósito de darem um beijinho um ao outro e o mesmo significa atacarem o PSD, portanto, juntarem-se no amor ao combate ao PSD e, de permeio, vão dando uns arrufozinhos", afirmou.
O líder do PSD disse ainda que "o futuro de Portugal não depende do debate de hoje na Assembleia da República" mas sim das "soluções para os problemas reais" do país.
"O que quero dizer aos portugueses é que enquanto eles perdem tempo a debater dentro de quatro paredes assuntos recorrentes, independentemente da sua importância, eu estou na rua, no terreno, a falar com as pessoas, a ouvi-las, e a preparar um projeto de futuro e de esperança para Portugal", vincou.
Montenegro falava aos jornalistas à entrada da escola secundária Solano de Abreu, em Abrantes, no âmbito da iniciativa "Sentir Portugal em..." que esta semana decorre no distrito de Santarém e que inclui contactos com a população, visitas a empresas e instituições públicas e privadas ou do setor social, entre outras.
"Não estamos favoráveis a esta iniciativa parlamentar mas não vamos dar uma ideia errada aos eleitores portugueses de que, de alguma maneira, temos alguma espécie de apoio político ao governo, porque nós censuramos o governo, só que fazemo-lo todos os dias, não fazemos com números políticos parlamentares", disse Luís Montenegro.
O presidente do PSD voltou a responsabilizar o Governo pelos "quase 100 mil alunos" sem professor pelo menos a uma disciplina, alegando que a falta de docentes no país tem-se agravado anualmente.
O parlamento debate hoje uma moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega, a terceira que o executivo enfrenta nesta legislatura, e que tem chumbo garantido devido ao voto contra da maioria absoluta do PS.
Além do PS, PCP e Bloco já anunciaram antecipadamente que vão votar contra a iniciativa, ao passo que o PSD se irá abster, isolando o Chega e a Iniciativa Liberal no voto favorável, tendo Luís Montenegro afirmado que o debate só interessa ao Chega e ao PS para "atacarem" o PSD.
Questionado sobre a situação do secretário-geral do Ministério da Defesa Nacional, que continua em funções depois de ter sido constituído arguido em agosto para ser investigado num processo autónomo ao "Tempestade Perfeita", Luís Montenegro disse que João Ribeiro deveria ter sido suspenso e que cabe ao Governo dar explicações.
"É mais um exemplo, no caso o secretário-geral do Ministério da Defesa que se manteve em funções já depois de ser constituído arguido", observou o líder do PSD.
Para Montengro, "cabe à ministra da Defesa e ao primeiro-ministro dar nota do porquê de ele não ter sido afastado", afirmando esperar que António Costa "tenha ocasião para o fazer" hoje, "no debate no parlamento".
O primeiro-ministro colocou hoje a hipótese, entre diferentes cenários, de privatizar a totalidade do capital da TAP, apesar de indicar que o montante ainda não foi definido e irá depender do parceiro escolhido.
Em resposta ao líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, no debate da moção de censura do Chega ao Governo, Costa referiu que o montante da TAP que será privatizado "variará necessariamente" consoante o parceiro privado que for escolhido.
"Ao contrário do que diz, nós não vamos vender a um qualquer privado. Só iremos privatizar e vender parte, ou a totalidade do capital, tendo em conta a defesa dos interesses da companhia, de Portugal e dos portugueses", disse.
O primeiro-ministro recusou qualquer contradição com a sua postura em 2015, quando o Governo readquiriu capital da TAP, salientando que, nessa altura, o plano de reestruturação negociado com a Comissão Europeia já previa uma futura privatização da companhia.
"Desde o início que dissemos que era uma intervenção que fazíamos e não era para permanecermos `ad aeternum` como detentores de 100% do capital, mas que o fazíamos para responder a uma situação de crise", indicou.
Costa defendeu ainda a decisão do seu executivo de intervir na TAP em 2015, referindo que, caso não o tivesse feito, essa intervenção acabaria por ter sido "muito superior", tendo em conta a "crise que atingiu toda aviação comercial durante a pandemia".
"Teríamos de assegurar 100% do capital e não só a injeção que foi necessária para salvar a companhia", disse.
Na sua intervenção inicial neste debate, António Costa anunciou que o Governo vai aprovar no Conselho de Ministros do próximo dia 28 o diploma que irá estabelecer o enquadramento do processo de privatização da TAP.
"Como reconhece a Comissão Europeia, estamos a implementar o plano de reestruturação com sucesso e posso confirmar que, na próxima semana, aprovaremos o diploma que estabelece o enquadramento da privatização da TAP, defendendo a companhia e os interesses de Portugal e dos portugueses", declarou António Costa.
Antes, neste ponto da sua intervenção, o líder do executivo procurou salientar que, no ano passado, "a TAP não só não deu prejuízo, como apresentou lucros".
"Este ano, já foram transportados 7,6 milhões de passageiros no primeiro semestre, atingindo já o valor de 96% dos passageiros transportados no período pré pandemia" da covid-19, acrescentou.