Oposição implica Governo na suspensão do Jornal de sexta-feira da TVI
"Estranho", "incómodo", "acto de censura", foram algumas palavras utilizadas pela Oposição na avaliação política à suspensão do Jornal Nacional de sexta-feira na TVI e consequente demissão em bloco da Direcção de Informação. O PS exige "à administração da TVI uma explicação cabal das razões que motivaram a decisão".
O ministro dos Assuntos Parlamentares exigiu por isso uma "explicação cabal sobre as razões que motivaram esta decisão" e pediu a intervenção "da entidade competente, que é a Entidade Reguladora para a Comunicação Social, no sentido de averiguar se o princípio constitucional e legal da independência da informação perante o poder económico e se as leis da comunicação social em Portugal, designadamente a lei da televisão - e as responsabilidades que confere às direcções de informação -, foram cumpridos".
Augusto Santos Silva desafiou ainda todos aqueles que tenham elementos sobre o caso Freeport que os publiquem "sem medo". O ministro reagia assim às declarações de Manuela Moura Guedes que disse esta tarde que a redacção do Jornal Nacional de sexta-feira tinha uma investigação sobre o Freeport "que contradiz as informações que têm sido publicadas".
PSD diz que estão em causa "liberdades fundamentais" conquistadas pelo 25 de Abril
Pela voz do vice-presidente, o PSD afirmou que "hoje Portugal e a democracia estão de luto". José Pedro Aguiar-Branco disse que a demissão em bloco da Direcção de Informação na TVI é "a prova acabada de uma estratégia contínua e intencional de condicionamento, interferência e silenciamento de um orgão de comunicação social, próprio de uma sociedade que vive um cada vez mais insuportável clima de asfixia democrática".
Para o PSD, esta situação demonstra que o primeiro-ministro e o Governo "convivem mal com as liberdades e que não olham a meios enquanto não conseguem controlar ou silenciar quem os critica ou ousa pensar diferente".
Os sociais-democratas aprofundam as críticas ao afirmarem que "o encerramento do Jornal Nacional hoje consumado é o culminar de todo este atentado a liberdades conquistadas pelo 25 de Abril e que são liberdades fundamentais".
PCP relaciona "incómodo" do Governo com suspensão do Jornal de Moura Guedes
Em comunicado, os comunistas indicam que "a avaliação sobre a decisão de suspensão do Jornal Nacional da TVI e a subsequente demissão apresentada pela Direcção de Informação desta estação não é separável do conhecido e notório incómodo que, quer o Governo quer o primeiro-ministro, vinham demonstrando face aos conteúdos e critérios dominantes na edição deste serviço noticioso nas noites de sexta-feira".
"A confirmar-se uma qualquer relação entres estes acontecimentos e eventuais pressões para influenciar num sentido favorável interesses políticos e eleitorais do partido do Governo", acrescenta o PCP, seria "um facto da maior gravidade no plano da liberdade de imprensa mas também no próprio ambiente e condições do debate eleitoral".
CDS diz que cancelamento do Jornal de sexta-feira é "ordem socialista"
Paulo Portas considerou "evidente que se trata de um acto de censura a três semanas das eleições" e vai mais longe ao afirmar que estamos perante "uma ordem socialista através do seu aliado, a PRISA".
"É uma ordem vinda de Espanha mas que afecta directamente uma liberdade essencial dos portugueses", disse.
Bloco de Esquerda acha "estranho" cancelamento do Jornal da TVI
A deputada do BE Helena Pinto comparou a situação actual com o afastamento de Marcelo Rebelo de Sousa da mesma estação. "O que tivemos hoje faz-nos lembrar um episódio que ocorreu durante o Governo PSD e CDS-PP na mesma estação de televisão que levou ao afastamento de Marcelo Rebelo de Sousa porque os seus comentários incomodavam o Governo da altura. As pressões foram imensas e resultaram exactamente no seu afastamento", disse.
A deputada do Bloco considerou "estranho" o fim do Jornal Nacional de sexta-feira que "tem que ser totalmente explicado". "A suspensão do Jornal Nacional que nada previa que acontecesse tem lugar num contexto muito especial marcado pelo facto de o primeiro-ministro ter escolhido como alvo de críticas este programa e esta estação de televisão e, por outro lado, ocorre a três semanas de se realizarem eleições importantíssimas no país".