OE: PSD satisfeito com "responsabilidade" do PS. Socialistas insistem que "não há acordo" com o Governo

por João Alexandre

Troca de argumentos, esta manhã, entre os deputados António Rodrigues e Marina Gonçalves no programa Entre Políticos.

Na reta final do debate do Orçamento do Estado na fase da especialidade, o PSD aponta "sentido de responsabilidade" ao PS e mostra-se convicto de que a proposta do Governo não sairá, afinal, desvirtuada após a apreciação das mais de duas mil propostas de alteração ao documento.

António Rodrigues, deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, considera ainda que, depois da votação final global, não haverá motivos para vitimização por parte do Executivo de Luís Montenegro.

"Não creio que haja aqui desvirtuamento, até porque houve uma responsabilização, houve um sentido de responsabilidade por parte do Partido Socialista em não condicionar em excesso", argumentou, na Antena 1, o deputado social-democrata, que acrescenta: "Nenhum governo se pode vitimizar depois do parlamento aprovar as propostas. Concordando ou discordando delas".

Ainda assim, António Rodrigues chama a atenção para as "múltiplas situações" em que o PS colocou obstáculos ao Governo através de propostas no parlamento, e atira: "Nunca foram tão condicionados quanto este Governo foi (...) O efeito que se pretende é destruir o governo, quer à esquerda quer à direita".

Quanto à proposta do PS para um aumento extraordinário e permanente das pensões - votada esta quinta-feira na Assembleia da República e que, com o anúncio da abstenção do Chega, deve ser viabilizada -, António Rodrigues adianta que os deputados vão "deixar a expectativa" até ao momento da votação.

"A nossa preocupação, naturalmente, é conseguirmos gerir o país com os meios que temos e não com aqueles meios que os outros querem nos impor", sublinhou, no programa Entre Políticos, o parlamentar social-democrata, que, ainda sobre o aumento de pensões, argumenta: "Se nós tivermos uma maior capacidade financeira, nós gastamos mais. Se nós tivermos uma capacidade financeira individual menor, nós gastamos menos. O Estado não pode estar sistematicamente numa situação de obrigatoriedade".

"Abstenção é pela estabilidade", insiste ex-ministra Marina Gonçalves
Marina Gonçalves, deputada e vice-presidente do grupo parlamentar do PS, reitera que "não há nenhum acordo" entre os socialistas e o Governo sobre a margem orçamental à disposição da oposição para fazer passar propostas de alteração ao Orçamento do Estado nem qualquer tipo de "cumprimento de regras do Governo".

"Quem define a margem com que o PS se move na especialidade é, na verdade, o PS, com base numa responsabilidade e numa posição que assumiu desde o primeiro momento", sublinha a ex-ministra do Governo de António Costa, que insiste que, apesar da abstenção, os socialistas estão contra a proposta do Executivo de Luís Montenegro.

E afirma: "O Orçamento é do Governo, nós abstemo-nos no Orçamento do Estado não pela sua substância, mas precisamente para dar alguma estabilidade e permitir ao país e aos portugueses não terem mais um momento de instabilidade (...) Nós temos a cumprir a regra que nós próprios traçámos por respeito aos portugueses".

Em declarações na Antena 1, a deputada socialista defende ainda que tem havido uma postura de "responsabilidade" por parte do PS: "Fomos rigorosos na apresentação de propostas, mas fomos também rigorosos na forma como interviemos em problemas mais estruturantes e urgentes do país".

Quanto ao caso particular do aumento das pensões, Marina Gonçalves destaca ainda que o Governo do PS foi o responsável por "seis aumentos estruturais das pensões" ao mesmo tempo que "aumentava a sustentabilidade da Segurança Social.

"Portanto, estamos conversados sobre a previsibilidade, a estabilidade e o impacto do aumento das pensões na sustentabilidade", insistiu a ex-ministra da Habitação, que conclui: "Eu acho que o PSD tem muita dificuldade em dizer que não quer assumir que é uma opção política esperar e entregar um bónus [através das pensões] em agosto".
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