Reportagem

"O 25 de Abril está vivo". Marcelo descreve Portugal como plataforma entre culturas e povos

por Cristina Sambado, Carlos Santos Neves - RTP

Tiago Petinga - Lusa

A Assembleia da República assinalou esta terça-feira os 49 anos da Revolução dos Cravos. A sessão solene foi antecedida de uma cerimónia de boas-vindas ao presidente brasileiro, Lula da Silva, que ficou marcada por um protesto do Chega. Nos discursos sobre o 25 de Abril, Augusto Santos Silva defendeu que se respeite "o tempo de cada instituição sem atropelos" e Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que Portugal deve um pedido de desculpa pela exploração e pela escravatura no período colonial. Deixou também uma pergunta: "Como podemos nós ser egoístas perante os dramas dos imigrantes?".

Mais atualizações

14h00 - "Absolutamente miserável". Vasco Lourenço critica postura do Chega
"Espero que o povo português seja capaz de vencer o Chega", afirmou, após a sessão solene desta terça-feira na Assembleia da República, o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço.


13h41 - Livre elogia convite a Lula da Silva

Rui Tavares elogiou o convite a Lula da Silva para estar presente no Parlamento e criticou a atitude do Chega.


13h35 - Depois da sessão solene no Parlamento, o líder do Chega dirigiu-se aos manifestantes que contestaram a presença de Lula da Silva em São Bento.


13h34 - IL fala em tentativas de apaziguar

Rodrigo Saraiva, líder da bancada parlamentar da Iniciativa Liberal considera que o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa e Santos Silva foram "tentativas de apaziguar e relativizar o que é uma crescente insatisfação social na sociedade portuguesa".


13h32 - PCP frisa que "Abril está vivo"

Nos Passos Perdidos, o secretário-geral do PCP concorda com as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa que afirmou que "Abril está vivo". Paulo Raimundo recorda as conquistas da data.


13h30- PAN destaca duas mensagens de Marcelo

Inês Sousa Real destaca o facto do Presidente da República reconhecer que "Abril está por cumprir" em várias áreas e linha traçada aos "que visam alimentar o discurso do ódio".


13h25 - PS fala em dia de festa

Para o líder parlamentar do PS, a presença de Lula da Silva no parlamento quando se assinala os 49 anos do 25 de Abril "foi um dia de festa". Eurico Brilhante Dias considera ainda que o "parlamento foi capaz de enfrentar a extrema-direita".


13h24 - BE elogia declarações de Marcelo

A coordenadora do Bloco de Esquerda considera importante que o Presidente da República tenha pedido desculpas pela "colonização portuguesa" ao afirma que Portugal tem de "assumir responsabilidades pela violência" da altura.


13h22 - PSD apela ao respeito e tolerância

Em declarações nos Passos Perdidos, o presidente do PSD apelou ao respeito e tolerância. Montenegro recordou que Portugal é um país de "emigração" e que tem também de "acolher" os que chegam "para ser novos portugueses".


13h19 - “O 25 de Abril está vivo”

“Que este 25 de Abril, que é o começo do 25 de Abril de 2024, seja um momento de evocação da democracia que ele tornou possível, da liberdade que ele permitiu que fosse vivida pelo maior número de portugueses, de passos pela descolonização e pós-descolonização tardias, é certo, mas que ele impôs, e que conheceram altos e baixos, sucessos e fracassos, do desenvolvimento que ele quis acelerar e que tem tido altos e baixos, sucessos e fracassos”, enumerou Marcelo Rebelo de Sousa.


“Última palavra no povo, com o povo tendo a possibilidade que só em liberdade a democracia existe, nunca em ditadura, de continuar a escolher o 25 de Abril que quer, mesmo que saiba que é imperfeito, que durará pouco tempo e ficará aquém das expectativas, com a certeza de que o 25 de Abril está vivo porque nasceu para criar a ambição, para criara a insatisfação, para criar o não acomodamento, para criar a exigência crescente, incessante e imparável de mais e melhor, sempre. Viva o 25 de Abril, viva a liberdade, viva a democracia, viva Portugal”, concluiu.

13h12 - Portugal, “plataforma entre culturas e povos”

“Desígnio nacional não é apenas crescer economicamente mais, ou reduzir a desigualdade, é sermos aquilo que somos e que fomos em tantos casos insubstituíveis, plataforma entre culturas e povos”, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.

“Como podemos nós ser egoístas perante os dramas dos imigrantes que são dos outros?”, questionou-se adiante o presidente da República, aplaudido por quase todo o Parlamento, com a exceção do Chega.

13h08 - "Não é apenas pedir desculpa"

"Também isso nos serve para nós olharmos para trás, a propósito do Brasil. Mas seria também possível a propósito de toda a colonização e toda a descolonização, e assumirmos plenamente a responsabilidade por aquilo que fizemos", vincou Marcelo Rebelo de Sousa.

"Não é apenas pedir desculpa - devida, sem dúvida - por aquilo que fizemos, porque pedir desculpa é às vezes o que há de mais fácil, pede-se desculpa, vira-se as costas e está cumprida a função. Não, é o assumir a responsabilidade para o futuro daquilo que de bom e de mau fizemos no passado", enfatizou o presidente.

De acordo com Marcelo, a colonização do Brasil também teve fatores positivos: "a língua, a cultura, a unidade do território brasileiro".

"De mau, a exploração dos povos originários, denunciada por António Vieira, a escravatura, o sacrifício do interesse do Brasil e dos brasileiros", fez notar. "Um pior da nossa presença que temos de assumir tal como assumimos o melhor dessa presença. E o mesmo se diga do melhor e do pior, do pior e do melhor da nossa presença no império ao longo de toda a colonização", acrescentou.

13h05 – A guerra, o “bom-senso” do povo, Lula e a descolonização

O presidente da República refere-se à guerra na Ucrânia, para assinalar a posição oficial portuguesa de contestação da invasão russa. Lembra em seguida a guerra no Iraque, em 2003.

“O povo vai escolhendo com sentido de Estado, com bom-senso, com moderação e educação, ao longo do tempo, o 25 de Abril que quer”, afirma o chefe de Estado.

Referindo-se, na mesma linha, à presença de Lula da Silva em São Bento, o presidente da República fala de uma “feliz coincidência”.

“O 25 de Abril começou por existir por causa da descolonização”, aponta Marcelo. “Faz sentido termos tido hoje entre nós quem foi pioneiro da descolonização 200 anos antes, o Brasil”, insiste.

13h01 - “O tempo não volta para trás”

Marcelo Rebelo de Sousa aborda o que descreve como segmentos da sociedade que expressam saudosismo face “ao 24 de abril de 1974”. Marcelo Rebelo de Sousa afirma que “o tempo não volta para trás” e contesta quaisquer ficções ou mitos relativamente à situação da ditadura que antecedeu a Revolução.

Marcelo evocou, em particular, a Guerra Colonial: “Ter milhares e milhares homens, anos sem fim, a cumprir missões decididas por outros, missões que não tinham futuro político”.

“Há aqueles que consideram que o 25 de Abril é hoje imperfeito. Tem a ver com o 25 de Abril que os mais velhos sonharam e que não se concretizou ou se concretizou em parte. E têm razão”, prosseguiu, para desfiar diferentes perceções do que constituiu a Revolução: Costa Gomes e António de Spínola, Mário Soares e Álvaro Cunhal foram alguns dos nomes citados para ilustrar esta ideia.

Marcelo Rebelo de Sousa falou depois das sucessivas revisões da Constituição da República. No final da década de 1990, “uns tinham vencido, outros tinham perdido”.

“Houve ganhadores e perdedores e a concretização dos sonhos de cada ato eleitoral foi diversas vezes largamente frustrada”, continuou, para dizer que “se ansiava e anseia-se por melhor democracia”. Também por “menor pobreza e falta de coesão social e territorial”, um “flagelo”, nas palavras de Marcelo.

12h54 – “50 anos pela frente”

Marcelo Rebelo de Sousa já discursa. O presidente da República sublinha o facto de se assinalar, dentro de um ano, meio século da Revolução dos Cravos: “Tempo de evocação, tempo de reflexão crítica, tempo de esperança, tempo de partilha. Em 25 de abril de 2024 se falará do tempo do futuro, dos 50 anos pela frente”.

Em seguida, o chefe de Estado rendeu homenagem aos capitães de Abril. Marcelo pretende condecorar todos os capitães até às cerimónias do próximo ano.

12h51 - Augusto Santos Silva pautou todo o seu discurso pela defesa da estabilidade do mandato parlamentar.

“As palavras que dizemos e as palavras que não dizemos contam muito. Deixo aqui uma defesa convicta do ciclo democrático”, enfatizou, na parte final da sua intervenção.

12h48 - “Devemos respeitar o tempo de cada instituição sem atropelos”

“Os tempos políticos são diferenciados e pautarem-se os vários órgãos de soberania por diversas temporalidades é um dos ingredientes fundamentais da estrutura em que repousa a democracia”, prosseguiu o presidente da Assembleia da República

“O ritmo da política não se pode confundir com a cadência própria de outros atores do espaço público”, acrescentou Augusto Santos Silva.

Adiante, o responsável sustentou que “em democracia tudo pode ser questionado” e que “o tempo democrático é por natureza passageiro, plástico, diferenciado”.

“Devemos respeitar o tempo de cada instituição sem atropelos”, vincou Augusto Santos Silva, colhendo o aplauso da bancada parlamentar do PS.

12h43 - Augusto Santos Silva e “a natureza cíclica” da democracia

O presidente da Assembleia da República principiou o seu segundo discurso, desta feita na sessão solene de celebração do 25 de Abril, a afirmar que a revolução “libertou-nos o tempo”.

“O porvir passou a estar em aberto, disponível e declinável em várias possibilidades de transformação”, acentuou Augusto Santos Silva, para falar, adiante, de “uma radical aceleração do tempo”.

Santos Silva recordou em seguida os anos quentes que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 e as primeiras eleições que visaram estabilizar “a ordem democrática”.

“O tempo, parâmetro central de transição pôde representar-se como aquilo que realmente é: um feixe de múltiplos eventos, ritmos, escalas e durações que deixa em aberto o porvir e nos convida a pensar e fazer. Também por isso, por terdes sacudido o imobilismo e reposto o movimento da roda da História, vos agradecemos, capitães de Abril”, clamou o presidente da Assembleia da República.

Santos Silva descreveu então o regime democrático como mecanismo de cíclica transição de poderes: “A eleição é periódica porque nenhum poder é eterno, devendo ser regularmente aferida a vontade das pessoas”.

12h27 – PS agradece aos capitães de Abril

O deputado socialista recorda que o partido foi fundado pouco antes do 25 de Abril de 1974. 

Na sua intervenção, o "número dois" da direção do PS não se referiu diretamente à ideia de o chefe de Estado usar o seu poder de dissolução do parlamento, mas deixou o recado de que "melhorar a democracia é respeitar a vontade popular, a estabilidade, os mandatos que o povo confere".

"Melhorar a democracia é garantir que a democracia política e a democracia social caminham lado a lado, porque os populismos são fruto da exclusão. Melhorar a democracia é rejeitar a vida como um campo de minas, onde quem passar, passou, como nos sugerem e propõem as visões neo e ultraliberais da sociedade, ancoradas no individualismo e na negação da igualdade de oportunidades", declarou.

“Saudamos todos os democratas”, acrescentou lançando um ataque aos deputados do Chega que acusa de serem “xenófobos”.

“Os ataques à democracia chegam desde logo dos que se sentam à extrema direita deste hemiciclo”.

"São os que se servem das velhas fórmulas, como o populismo e a demagogia --aliados eternos da ignorância, da iliteracia política - para sabotar a crença na democracia, o respeito pelo pluralismo, o contrato entre representantes e representados. São os que tentam criar brechas na muralha do progresso com vista aos mais ignóbeis retrocessos, com políticas racistas, xenófobas, homofóbicas, misóginas, desumanas", declarou numa alusão ao Chega.

Mas fez também advertências ao campo político da direita democrática.

"Como diz a sabedoria popular, tão ladrão é o que rouba como o que consente. E, por isso, cada vez mais nos deve preocupar a influência que o populismo exerce na direita democrática, uma direita que sempre respeitamos, mas para quem parece não haver limites nem tabus quando o que conta é a vã cobiça do poder pelo poder, custe o que custar", assinalou.

Para o deputado, “o PS está a cumprir a vontade do povo português”.

12h19 – PSD recorda os que arriscaram para terminar com a ditadura

Joaquim Miranda Sarmento frisa que o 25 de Abril permitiu a Portugal ter “uma democracia pluralista, paramentar e de inspiração ocidental”. O depurado do PSD recorda a Ucrânia ao afirmar: “hoje homenageamos também aqueles que na Ucrânia combatem contra o agressor russo”.

Joaquim Miranda Sarmento frisa que “os portugueses têm que voltar a ter esperança no futuro”.

O líder parlamentar do PSD afirmou ainda que em Portugal o empobrecimento se junta à "forte degradação da vida política e da qualidade das instituições", gerando um aumento dos populismos, "quer de extrema-direita, quer de extrema-esquerda".

"A quebra da qualidade dos políticos, a descredibilização da política, a perda da autoridade e do prestígio das instituições e do Estado, bem como os fenómenos da corrupção, do compadrio e do nepotismo minam a confiança dos cidadãos na democracia", considerou, acrescentando a estes problemas "o descrédito da Justiça, com a morosidade e a impunidade em casos de corrupção que atingem poderosos".

12h08 – Chega afirma que “25 de Abril era para acabar com elitismo”

André Ventura recordou Lula da Silva e José Sócrates para afirmar que : “esta casa não pode ser um aplauso a quem foi condenado”.


O líder do Chega referiu-se ao antigo primeiro-ministro José Sócrates como "suspeito de roubar os portugueses em milhões de euros milhões", antecipando que "não irá provavelmente a julgamento".

O dirigente do Chega disse que "quem roubou milhões anda de cravo ao peito, mas fica com os milhões na carteira".

Ventura deixou também um "enorme aplauso, orgulho sentido e admiração aos valorosos juízes, procuradores, inspetores da PJ que, mesmo com todo o condicionamento, mesmo com todas as mordaças que o Governo quer pôr na justiça, não tiveram medo e no momento mais difícil levantaram-se para dizer que o lugar do ladrão é na prisão".

O presidente do Chega considerou que "de nada vale celebrar Abril" se a justiça não funcionar, referindo o caso do antigo primeiro-ministro José Sócrates, e defendeu que os portugueses vivem um "dos momentos mais negros".

"De nada vale celebrar Abril se não concretizarmos aquilo que os portugueses mais esperam de nós, que a justiça verdadeiramente chegue a este país. E ela tarda tanto, tanto, tanto, que muitos já perderam a fé e a esperança", afirmou.

André Ventura considerou necessário devolver a justiça a Portugal, sustentando que os portugueses "sabem que já não vale de nada celebrar, se a conta não chegar para o supermercado, se quando vão a tribunal perdem o ordenado para pagar custas judiciais, se quando chegam ao fim do mês têm a Autoridade Tributária a pedir impostos, mas veem que outros que nada pagam têm todas as benesses e benefícios do Estado".

Na sua intervenção, o presidente do Chega defendeu também que este é um "dos momentos mais negros dos portugueses" que "não conseguem pôr comida na mesa".

André Ventura começou a sua intervenção referindo-se à cerimónia de boas-vindas ao Presidente do Brasil - durante a qual o Chega protestou -, reiterando que constituiu um "tremendo erro".

"Normalizar a corrupção e branqueá-la, para nós, nunca será solução, esta casa não pode ser um circo de corrupção", afirmou.

O presidente do Chega considerou também que "as mesmas autoridades portuguesas que enviaram material militar para a Ucrânia, que ouviram Zelensksy, receberam hoje, aqui, um Presidente que atacou a União Europeia por ajudar militarmente a Ucrânia".

Ventura acusou o presidente da Assembleia da República e o Presidente da República de darem "a mão a Zelensky durante o dia e a mão a Lula e à China durante a noite", classificando esta posição de "vergonha e hipocrisia tremenda".

André Ventura discursou sem cravo ao peito, tal como se encontram os deputados da sua bancada, ao contrário da maioria dos deputados dos outros partidos.

12h00 – Iniciativa Liberal recorda a história do país

Rui Rocha recorda que a 25 de Abril de 1974, “Portugal fez-se de novo outra vez”.
“O 25 de Abril não tem donos” Rui Rocha invoca a falta de liberdade na China, no Afeganistão, em Cuba e na Venezuela.

O líder da IL criticou ainda o "longo ciclo de decadência socialista que condena os portugueses a empobrecer ou a emigrar", defendendo que "em democracia há sempre alternativa e o vento da mudança já começou a soprar em Portugal".

"Se hoje Portugal se apresenta mais anoitecido do que queríamos, mais triste do que merecíamos, mais estreito do que sonhávamos, é porque alguém que não fez o suficiente", criticou Rui Rocha na primeira intervenção como presidente da IL na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República.

Dizendo "não a todos as tentativas de cercear a liberdade", Rui Rocha diz "sim ao país", considerando que "os diagnósticos estão feitos sobre o longo ciclo de decadência socialista que condena os portugueses a empobrecer ou a emigrar".

"Em democracia há sempre alternativa e o vento da mudança já começou a soprar em Portugal", defendeu.

Para o líder da IL, "onde realmente se constrói alternativa é na afirmação de soluções que opõem a confiança ao medo, a esperança ao conformismo, a exigência ao facilitismo, a excelência à mediocridade, a urgência da acção à negligência, o crescimento económico à estagnação, a sede de futuro ao atavismo, as oportunidades ao nepotismo e ao determinismo social".

Recordando que a liberdade foi conquistada "a pulso", Rui Rocha reiterou que "o 25 de Abril não tem donos" e, caso tivesse, não se "cumpriria a vontade de devolver o país a todos os portugueses", motivo pelo qual os liberais vão desfilar hoje na Avenida da Liberdade.


11h52 – PCP recorda a libertação de Portugal da ditadura

O deputado comunista, Manuel Loff, afirma que da “Revolução saiu uma das mais arrojadas democracias do mundo”.

Numa referência à atitude do Chega, Manuel Loff afirma: “Derrotar a maior ameaça contra a democracia brasileira diz bem dos perigos”.

"Praticamente meio século depois do 25 de Abril e das melhores esperanças que nele depositaram milhões de portugueses, milhões de democratas por todo o mundo que sentiram a nossa Revolução como sua, a democracia está sob ameaça", alertou Manuel Loff na sessão.

Na opinião do deputado do PCP, essa ameaça à democracia ocorre "em todos os lugares, a começar por Portugal", onde não se cumprem "as naturais justíssimas, expectativas de quem espera que a democracia seja sempre acompanhada de bem-estar e justiça social", do direito à saúde, educação, habitação, ou trabalho com direitos e garantias.

"Sempre que algum ou todos estes direitos se não concretizam nas nossas vidas, alimenta-se a descrença na democracia e esta estará sempre ameaça", sustentou.

Com os membros do Governo a ouvi-lo, Manuel Loff criticou diretamente o executivo, salientando que quem tem responsabilidades executivas não pode "comemorar o 25 de Abril, a Revolução e a democracia e ao mesmo tempo deixar degradar a condição de vida dos portugueses".

Quem tem responsabilidade executivas não pode comemorar o 25 de Abril "depois de se terem enterrado incontáveis recursos públicos no apoio aos grandes grupos económicos e financeiros ou a cativar dinheiro do Estado, de todos nós, para lograr as chamadas 'contas certas', as mesmas que nunca estarão certas sem se assegurar condignamente o funcionamento dos serviços públicos de que se faz para todos nós a democracia no dia a dia", acrescentou.

No entanto, o deputado do PCP salientou que a ameaça à democracia se faz também "pelo fascismo", acrescentando que "é ilusório" julgar que "o assalto da extrema-direita fascista está a fazer ao poder deixa incólume a democracia".

"Importa, pois, que quando se celebra a democracia e a liberdade não se desvalorize o significado desta ameaça, trivialize a mentira, a manipulação, o racismo, o branqueamento dos crimes e da violência fascista e colonial do passado, o oportunismo descarado ao fingir defender-se hoje o que no passado sempre se rejeitou", frisou.

11h43 – Catarina Martins recorda prémio a Chico Buarque

A líder do Bloco de Esquerda afirma, várias vezes, “foi bonita a festa” numa alusão a uma das músicas do 25 de  Abril.“Foi bonita a festa e estendeu a esperança ao mundo onde era mais preciso”.


Para a deputada bloquista “à recusa de tanto que ficou por fazer juntam-se os recuos democráticos”.

O BE considerouainda que "o maior perigo das celebrações de Abril é que se transformem em cerimónias fúnebres" e defendeu que um "Governo que se esconde na vitimização" não cuida da semente da revolução, recusando afogá-la "em formol".

"Um governo que se esconde na vitimização com a pandemia ou a guerra, que se transforma numa agência de publicidade e 'powerpoints' em que já ninguém acredita, por muitos cravos que espete ao peito, não cuida da semente de Abril", acusou Catarina Martins na última sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República como líder do BE.

Recorrendo a várias frases da música "Tanto Mar", que o brasileiro Chico Buarque compôs em homenagem à Revolução dos Cravos, a líder do BE alertou que "o maior perigo das celebrações de Abril é que se transformem em cerimónias fúnebres" com "palavras repetidas, cravos esquecidos no peito, frases feitas, declarações antifascistas em tom inflamado e sem nenhuma tradução concreta".

"E se sempre que o bafio fascista se faz sentir, no parlamento como na vida, estaremos juntos sem hesitação para o combater, recusamos determinadamente a subalternização de todos os debates substanciais da política às arruaças da extrema-direita. Queremos uma democracia que faça germinar a semente de abril. Recusamos afogá-la em formol", enfatizou.

A líder do BE elogiou "todo um povo que cuida dessa semente".

"É dessa semente que cuidam os professores que saem à rua, os milhares que exigem habitação, saúde e vida digna, que marcham pela igualdade, que ocupam pelo clima. Que bonita é essa festa, que enche ruas e avenidas, que resiste e propõe, em que nos encontramos e encontraremos. Essa é a semente e o compromisso da esquerda. É dessa semente que nascerá a alternativa política, popular, que se constrói a cada dia", enalteceu.

Se "é certo que se sente o cheiro do bafio em tantos cantos do mundo, que se propagam os fungos do ódio nas caves escuras das redes sociais, que até pode haver manchas de bolor num parlamento democrático", para a coordenadora do BE "não é menos certo que estes fungos podem ser derrotados e que o bafio desaparece sob o mesmo sol que germina semente".

"Saibamos nós cuidar a semente de Abril", pediu.

A intervenção de Catarina Martins terminou tomando de novo emprestadas as palavras de Chico Buarque: "'Canta a primavera, pá'. Façamos a festa hoje. Viva o 25 de Abril".

11h39 – PAN lamenta atitude do Chega

A deputada Inês Sousa Real elogiou a atitude de Santos Silva ao afirmar “partilhamos do mesmo embaraço pelo desrespeito ao nosso povo irmão”.
A deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, considerou hoje que, 49 anos depois da revolução que pôs fim à ditadura, Portugal "é ainda um país com subalimentados do sonho" e das "liberdades que Abril almejou".

Na sua intervenção na sessão solene do 25 de Abril, na Assembleia da República, a líder do PAN assinalou o centenário de Natália Correia e recorreu a um poema da sua autoria para afirmar que, "volvidos 49 anos de democracia, Portugal é ainda um país com subalimentados do sonho".

"A pandemia e a guerra empurraram ainda mais pessoas para a vulnerabilidade e para um custo de vista incomportável e em que as famílias continuam a não conseguir quebrar o ciclo da pobreza, a passar frio nas suas próprias casas, em que falhámos no objetivo de erradicar as barracas, ou continuamos a não ter um parque habitacional condigno e público, continuamos a ter subalimentados do sonho", afirmou.

"Estamos subalimentados das liberdades que abril almejou", considerou Inês de Sousa Real, salientando que "as aspirações e a vontade de mudança de paradigma são claras e o rumo democrático que a maioria desta casa parlamentar pretende definir é também ele bem claro".

A deputada pediu aos deputados que sejam "impacientes na revolução e nas liberdades que estão por cumprir".

"Se há razão por que celebramos esta madrugada aqui e por esse mundo fora, é esta ânsia, esta fome impaciente pelo sonho e pela força da mudança tornados realidade, tornados Abril", defendeu a líder do PAN.

Inês de Sousa Real considerou que Portugal "vive obcecado com o défice, mesmo que tal seja à conta da asfixia das famílias, que não investe na saúde ou nos demais serviços públicos essenciais" e lamentou que os "pensionistas e reformados recebem pensões de valores que os obriga a optar entre comer ou pagar a medicação".

"Num país com facilidade dá salários e indemnizações milionárias para os cargos de topo, mas em que os recém-licenciados têm de passar todas as provas e provações para conseguir um mísero salário de mil euros, quase sempre sem vínculo efetivo ou sem poderem sonhar ter casa própria, continuamos a ter subalimentados do sonho", criticou.

A deputada única do PAN afirmou também que "o direito à infância continua a ser negado a crianças e jovens marcados pelo flagelo do abuso físico ou da violência doméstica", existem "números avassaladores de violência doméstica e de género", e continua a luta "pela erradicação das múltiplas formas de discriminação".

Quando "o ódio continua a falar mais alto, mesmo nesta casa da democracia, do que a tolerância e o respeito, e não se apresenta como solução alternativa, continuamos a ter subalimentados do sonho", disse.

A deputada única do Pessoas-Animais-Natureza lamentou ainda que, "mesmo numa crise de inflação", se arranje "sempre dinheiro público para financiar as touradas, nem que ao PRR tenha de recorrer se for preciso" mas "não há dinheiro para apoiar socialmente as famílias que detêm animais de companhia e para a proteção animal".

"No limiar dos 50 anos de Abril, o que falta para uma verdadeira revolução social e ambiental não é um revisionismo histórico de um modelo e de uma governança que todos conhecemos e Abril derrubou, muito pelo contrário. Precisamos de um modelo de desenvolvimento que respeite o bem-estar a e a felicidade de todas as pessoas e promova a transição ambiental que o desafio climático exige", defendeu a deputada única do PAN.

11h33 - Rui Tavares do Livre é o primeiro  a discursar na sessão solene

O deputado único afirma que a “democracia não está garantida e vive o maior risco da sua existência desde o período pós-revolucionário".
Rui Tavares garante que “haverá sempre mais portugueses a defender a liberdade do que o autoritarismo”.

"O principal risco para a democracia não está nos autoritários, que serão sempre uma minoria, mas naqueles que lhes quiserem dar a mão. O que é preciso é que todos aqui dentro saibamos é que uns e outros - autoritários e os que lhes derem a mão - ficarão manchados na história do nosso país e perderão o respeito do povo", defendeu Rui Tavares.

O deputado e dirigente do Livre - que tem feito vários pedidos para que o PSD rejeite expressamente qualquer entendimento com o Chega - falava na sessão solene comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril, na Assembleia da República, com o líder social-democrata, Luís Montenegro, a assistir.

"A nossa democracia não só não está garantida como vive o maior momento de risco à sua existência desde o período pós-revolucionário. Os 50 anos do 25 de Abril serão a ocasião de celebrar tudo o que conquistámos em conjunto. Estes 49 anos devem servir para alertar para tudo aquilo que podemos perder", alertou.

Na opinião de Rui Tavares, o principal risco para a democracia portuguesa é aceitar "a intimidação e a dominação da agenda pelos autoritários", afirmando que esta tarde na Avenida da Liberdade, em Lisboa, estarão "muitos mais milhares defensores da democracia e do 25 de Abril do que há seus inimigos".

"Haverá sempre mais portugueses a defender a liberdade do que o autoritarismo. Saibamos confiar no nosso povo, nos democratas que conquistaram a democracia a duras penas e dar-lhes confiança. Tenho orgulho de pertencer a um povo que dirá sempre que for necessário: 25 de Abril, sempre! Não voltarão", defendeu.


10h45 - Lula da Silva diz que protesto do Chega foi "cena de ridículo" e "papelão"

O Presidente brasileiro, Lula da Silva, desvalorizou hoje o protesto do Chega durante o seu discurso no parlamento, considerando que quando as "pessoas quando não têm uma coisa boa para aparecer" fazem "essa cena de ridículo", um "papelão".

10h29 – Lula da Silva recorda a importância da Revolução dos Cravos

O Presidente brasileiro prosseguiu o discurso com a Democracia que começou em Portugal depois do 25 de Abril e recordou que “a democracia no Brasil viveu recentes ameaças”. 

Lula da Silva recordou ainda que o Brasil “está empenhado na redução das desigualdades”.
Lula da Silva condenou ainda a “agressão territorial da Ucrânia” e acrescentou que “a guerra não pode seguir indefinidamente e frisou que “é preciso falar de paz”.

O presidente do Brasil voltou a insistir na “reforma do conselho de segurança da ONU” e acrescentou que o “Brasil assim como Portugal está obstinado pela paz”.

E terminou o discurso com a frase: “Viva a liberdade e democracia, não ao fascismo”.


10h28 – Chega protesta

Os deputados do Chega interromperam o discurso de Lula da Silva com um protesto.  O que levou a uma intervenção de Santos Silva quechamou a atenção dos deputados portugueses do partido de extrema-direita: "Os senhores deputados que se querem permanecer na sessão plenária devem comportar-se com urbanidade, cortesia e a educação que é exigida a qualquer representantes do povo de português, chega de degradarem as instituições, chega de porem vergonha no nome de Portugal".

“Chega de insultos, de porem vergonha em Portugal”.


10h24 – Lula da Silva discursa no Parlamento

O presidente do Brasil afirmou que recebeu com “muita alegria” o convite para vir a Portugal, que “coincidiu com as celebrações do 25 de Abril”.

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse sentir-se em casa em Portugal e considerou o 25 de Abril um "salto para o futuro" do país com destino ao "desenvolvimento económico com justiça social".

"Nos últimos dias tive aqui em Portugal a inconfundível sensação de estar em casa, sentimento que acredito que é compartilhado por todos os brasileiros que vivem em Portugal e todos os portugueses no Brasil"

10h07 - Santos Silva abre a sessão de boas-vindas a Lula da Silva

O presidente da Assembleia da República agradeceu a visita do presidente brasileiro e recordou as boas relações entre os dois países.

“Em nome da Assembleia da República agradeço todos estes gestos de atenção fraterna”.

Santos Silva frisou que a forma como os brasileiros elegem o presidente “é sempre bem-vinda no parlamento português”. E relembra que quatro presidentes brasileiros foram recebidos em sessão solene em São Bento.

Lula da Silva já foi recebido duas vezes o que “aumenta a nossa alegria, porque sabemos a amizade que dedica a Portugal”.

"Consigo Brasília volta a abrir-se ao mundo, porque em si reconhecemos o líder político cujas políticas sociais contribuíram decisivamente para a redução da pobreza e das desigualdades no Brasil. Em si reconhecemos o estadista que se apresentou e venceu eleições livres e que, depois, quando alguns tentaram invadir e derrubar as instituições democráticas brasileiras, soube defendê-las sem qualquer hesitação", declarou o presidente da Assembleia da República.

Santos Silva realçou ainda a “cooperação bilateral que tem criado oportunidades” e sublinhou que “com Lula, Brasília voltou a abrir-se ao mundo”.
O presidente da Assembleia da República recordou ainda que a data da visita, que coincide com o 25 de Abril, uma “revolução democrática que une os dois países”.

Para Santos Silva, o “traço de união mais firme” entre os dois países, “está nas centenas de milhares de portugueses que vivem no Brasil e de brasileiros que vivem em Portugal”. Dois países “irmãos pela história e liberdade democrática”.


10h01 - Santos Silva e Lula da Silva entram no Hemiciclo onde vão discursar

9h39 - Santos Silva dá as boas- vindas a Lula da Silva

O presidente da Assembleia da República recebeu o presidente brasileiro na escadaria nobre do Parlamento.
Lula da Silva, com um cravo na lapela, foi recebidor com honras militares. A Banda da GNR tocou os hinos do Brasil e de Portugal.  


9h16 – Presidente da República chega à Assembleia da República

Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido com honras militares.


O Presidente da República fez hoje um balanço "muito bom" da visita do chefe de Estado do Brasil a Portugal, considerando que permitiu "afinar divergências" e foi benéfica para os dois países.

Em declarações à RTP enquanto descia a Calçada da Estrela, a caminho da Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre o balanço que faz da visita de Estado de Luiz Inácio Lula da Silva a Portugal, que termina hoje.

"Muito bom, muito, muito bom. Muito bem do ponto de vista humano político, empresarial, que era muito importante, e até do ponto de vista de afinar divergências que existem, mas afiná-las num sentido político externo. Muito bom para os dois países", respondeu .

Nestas curtas declarações, o Presidente da República foi interrogado sobre a solução encontrada pelo parlamento para Lula da Silva discursar no dia 25 de Abril: o chefe de Estado brasileiro irá intervir numa sessão de boas-vindas dedicada para o efeito, antes do início, às 11h30, da tradicional sessão solene da Revolução dos Cravos, à qual já não irá assistir.

Foi "uma forma muito hábil, que é ser no dia 25 de Abril, mas em duas cerimónias consecutivas. Foi muito bem. Acho que foi inteligente, ficou tudo satisfeito", disse.

9h00 – Atenções concentram-se em São Bento

A sessão solene no Parlamento está marcada para as 11h30, ao contrário do habitual. Isto porque, pelas 10h00, realiza-se uma primeira sessão de boas-vindas ao presidente brasileiro, a cumprir uma visita de cinco dias a Portugal.

O convite para a participação de Lula da Silva numa sessão, na Assembleia da República, em dia de comemoração o 25 de Abril gerou controvérsia, motivando a contestação dos partidos mais à direita no hemiciclo, Iniciativa Liberal e Chega. Este último anunciou mesmo uma manifestação de repúdio em São Bento.

De resto, espera-se outras três concentrações nas proximidades na Assembleia da República. O corpo de intervenção da Polícia de Segurança Pública está presente.Lula da Silva, que vai discursar durante a sessão de boas-vindas, já não estará, todavia, na sessão solene de comemoração da Revolução dos Cravos. O presidente do Brasil parte nas próximas horas para Madrid, onde vai avistar-se com o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e o rei Filipe VI.

Durante a sessão solene haverá intervenções das oito formações partidárias com assento na Assembleia, por ordem crescente de representatividade - Livre, PAN, Bloco de Esquerda, PCP, Iniciativa Liberal, Chega, PSD e PS.

Vão também intervir, como habitualmente, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e o presidente da República. O discurso de Marcelo Rebelo de Sousa encerra a sessão.

Em 2022, Marcelo deu destaque ao investimento nas Forças Armadas; as celebrações tiveram lugar dois meses depois do início da invasão russa da Ucrânia.
Desfile na Avenida da Liberdade
Durante a tarde realiza-se o desfile popular na Avenida da Liberdade, no coração de Lisboa. Mais de 40 movimentos da sociedade civil partidos e sindicatos promovem esta marcha, desde logo a Associação 25 de Abril, CGTP, UGT, PCP, PEV, BE e PS.

Fonte da Iniciativa Liberal, citada pela Lusa, adiantou que o partido vai também integrar o desfile, desta feita.A comissão promotora do desfile aponta a educação, a saúde e as condições de vida em Portugal como domínios em que “é preciso cumprir Abril”.


O Parlamento vai estar aberto ao público entre as 15h30 e as 18h00, tal como a residência oficial do primeiro-ministro.
PSP preparou operação de segurança

Estão previstas para esta terça-feira várias manifestações, o que obrigou a PSP a preparar uma operação de segurança em larga escala.

São esperados manifestantes pró e contra a presença de Lula da Silva em Portugal. A polícia quer minimizar os riscos e tem vindo a monitorizar a atividade online de vários grupos.
Antena 1

Os locais de concentração previstos em Lisboa são a Avenida da Liberdade, Restauradores, Rossio e Assembleia da República.