Natal em Belém. "Cooperação estratégica" pauta troca de cumprimentos entre Montenegro e Marcelo
O primeiro-ministro fez-se esta quarta-feira transportar com o seu elenco governativo a bordo de um autocarro da Carris até ao Palácio de Belém, onde apresentou os tradicionais cumprimentos de Natal ao presidente da República. Luís Montenegro descreveu a sua relação com Marcelo Rebelo de Sousa como “solidariedade estratégica e cooperação produtiva”. O chefe de Estado falou, por sua vez, de uma governação “em contarrelógio” e recomendou "cooperação estratégica".
“Tem sido um privilégio interagir com a Presidência da República e, em especial, com o senhor presidente da República”, afirmou ainda Montenegro, naquela que foi a sua primeira sessão de cumprimentos de Natal desde a tomada de posse como primeiro-ministro, a 2 de abril.
“As conversas que temos mantido, os encontros que temos realizado, as reflexões que temos trocado têm sido imprescindíveis”, enfatizou o chefe do Executivo, para então resumir a relação com a Presidência como uma combinação de “solidariedade estratégica” e “cooperação positiva”.
“Temos estado juntos a pensar e a realizar análises prospetivas para o país e na procura de resultados”, vincou.O Governo chegou de autocarro à residência oficial do presidente da República, vindo da reunião do Conselho de Ministros.
Lembrando que o Governo tem “pouco mais de oito meses de exercício de funções”, Montenegro salientou que o presidente da República “tem acompanhado de forma muito próxima”.
Foto: António Antunes - RTP
“O senhor presidente da República é uma personalidade que tem efetivamente uma sensibilidade social muito acentuada e que nos transmite e sensibiliza também. Isso tem sido importante para nós aprimorarmos todas as medidas que garantem um Estado social salvaguardado, ao mesmo tempo que lançam as bases de estimular a criação de riqueza, porque só a criação de riqueza é capaz de promover a justiça social”, afirmou o chefe do Governo.
Montenegro concluiu a sua intervenção com o desejo de um período de festas “preenchido de alegria, preenchido de saúde e preenchido também de um momento de algum descanso e de algum recarregar de baterias para o próximo ano de 2025”.
“Um feliz Natal, uma quadra festiva muito intensa e, sobretudo, um ano de 2025 excelente para o senhor presidente da República, para Portugal e para os portugueses”, rematou.
“Corrida em contrarrelógio”
Por seu turno, o presidente da República declarou que o Governo de Montenegro está há oito meses “em contrarrelógio”.
“Foram oito meses de corrida em contrarrelógio por parte deste Governo. Sabe que um dia perdido pode ser irrecuperável”, avaliou Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência da intervenção do primeiro-ministro.
Ainda segundo Marcelo, o primeiro-ministro tem tentado “estar em toda a parte ao mesmo tempo”.
Olhando à conjuntura internacional, que retratou como complexa, Marcelo Rebelo de Sousa afirmaria ainda que “solidariedade institucional é importante, mas não é suficiente”. “Não basta a solidariedade institucional. A solidariedade institucional foi sempre boa entre o presidente da República e os sucessivos governos e continua a ser agora. Mas não é suficiente. É fundamental haver no presente a cooperação estratégica”, carregou o presidente.
“Se há uma estratégia nacional, o poder executivo é quem gere, a Assembleia da República é quem define e o presidente tem de intervir, quer na legislação do Governo, quer na legislação da Assembleia da República. Então, há que conjugar tudo muito bem, quer em domínios da política interna, quer na política externa e de defesa nacional. A cooperação estratégica é essencial, exige a estabilidade, segurança e previsibilidade. Ademais, num período, que é o próximo, de cerca de um ano, com duas eleições nacionais”.O presidente da República considerou a aprovação do Orçamento do Estado para 2025 “uma conquista fundamental para o próximo ano”.
Portugal, observou também Marcelo, aludindo ao PS, tem atualmente um Governo que “sucede a um período muito longo de governação de outro hemisfério político” e “tendo permanentemente de estar atento ao alargamento da sua base social de apoio, partindo da atual base minoritária de suporte na Assembleia da República”.
“Percebe porque é que o presidente da República, agora, perante um mundo mais difícil, uma Europa mais difícil e um contexto mais difícil, tem, naturalmente, uma reforçada obrigação não só de solidariedade institucional, como de cooperação estratégica”, acentuou.
O Governo tem por diante, na perspetiva do presidente, “vários desafios” associados ao contexto internacional, desde logo em matéria de fundos europeus e migrações.
“A ideia é não deixar que a aceleração da história, lá fora com reproduções cá dentro, acabe por atingir medidas, decisões, programas, promessas, concretizações, de forma irreparável”, recomendou.
Na ótica de Marcelo, ainda assim, Portugal “é mais estável em termos políticos, económicos e sociais do que grandes economias e grandes países europeus”: "Os números económicos - há que reconhecer que também fruto do Governo anterior, mas que foram confirmados durante esta governação -- são em geral mais favoráveis do que os números de outros grandes países europeus”.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou igualmente as escolhas de António Costa para presidente do Conselho Europeu e de Teresa Anjinho, antiga secretária de Estado, para provedora de Justiça da União Europeia.
c/ Lusa
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