Paulo Raimundo pautou este domingo a intervenção de encerramento do XXII Congresso do PCP, em Almada, pela ideia de que “este não é o momento para desânimos”, embora o contexto do partido seja “de grande exigência”, diante de um “inimigo” que “tem muita força e muitos meios”. “Não desistimos do país”, lançou o secretário-geral dos comunistas, para garantir que “há forças suficientes” para “travar a minoria que capturou o país”.
“Mas este não é o momento para desânimos e, àqueles que perdem esperança, lhes dizemos olhos nos olhos: olhem para este Congresso, confiem neste partido e juntos, ombro a ombro, vamos resistir, vamos acumular forças e vamos criar condições para avançar e para crescer”, contrapôs.O novo Comité Central do PCP foi eleito no sábado com seis votos contra e oito abstenções. A cúpula comunista passa a ter menos membros e mais mulheres. E fica mais jovem.
Ainda segundo Paulo Raimundo, "há forças e forças suficientes, se organizadas e mobilizadas, para travar a minoria que capturou o país, ajoelhou o poder político e domina a economia ao saber dos grupos económicos”.
“Há forças e forças suficientes, se organizadas e mobilizadas, para enfrentar a política de classe ao serviço dos poderosos e pôr fim às desculpas esfarrapadas de que nunca há dinheiro para aumentar salários e reformas”, insistiu. Na ótica do secretário-geral, “o que serve ao país não é a submissão aos interesses dos grupos económicos e das multinacionais. O que serve ao país, o que serve a quem produz a riqueza e põe o país e a economia a funcionar, é uma política ao serviço do povo, ao serviço da maioria”.
Olhando aos três dias deste XXII Congresso, Paulo Raimundo deu como cumpridos “todos os objetivos” naquela que constituiu “uma manifestação de força, determinação, coragem e de esperança para milhares e milhares que justamente ambicionam uma vida melhor”.
“Quem achava que vínhamos ao XXII Congresso para carpir mágoas, mais uma vez se enganou. Quem esperava que confundíssemos resistência com desistência, encontrou aqui um partido consciente do terreno que pisa, das dificuldades e do exigente quadro que o nosso povo enfrenta, mas que aqui está a resistir”, acentuou, colhendo aplausos e as palavras de ordem “assim se vê a força do PC”.
“Quem esperava fraqueza, encontrou força, unidade, determinação, encontrou confiança e coragem. Quem esperava isolamento, encontrou um partido ligado à vida e à realidade, disponível e empenhado em juntar forças com todos aqueles que justamente estão preocupados com o rumo atual do partido”, prosseguiu Paulo Raimundo.Na sexta-feira, primeiro dia do Congresso, em entrevista à RTP, o secretário-geral do PCP afirmara não estar preocupado com as presidenciais, assegurando, ainda assim, que o partido não faltaria a nenhuma batalha. Paulo Raimundo dissera ainda que os comunistas saberiam retirar lições dos maus resultados nas urnas.
“Os que propositadamente confundem mensagem nova com demagogia, mentira e desinformação, aqui encontraram quem não abdica da mensagem da verdade. Quem esperava pessimismo, encontrou a alegria”.
“Lamentamos desiludir os que tomam os seus desejos por realidade: o PCP cá está, com a força do seu projeto, a determinação do seu coletivo, a coragem de quem não tem medo. O PCP cá está a desmentir e, acima de tudo, pronto a enfrentar e a derrotar todos quantos gostariam que o partido se vergasse ao poder e interesses do grande capital”, frisou o secretário-geral comunista.
Dando como adquirido um partido “mais forte, mais preparado e determinado para tomar a iniciativa”, Paulo Raimundo prometeu ação “em todos os níveis”, sobretudo “pelo aumento dos salários e das pensões, contra as injustiças e desigualdades, pelos serviços públicos, por uma rede pública de creches gratuitas para todas as crianças, pelo direito à habitação”.
No próximo dia 14 de janeiro, o PCP vai realizar 100 ações em todo o país tendo em vista reunir 100 mil assinaturas para o abaixo-assinado no quadro da campanha Aumentar salários e pensões, para uma vida melhor.
“Intensificar a preparação das autárquicas”
Na passagem do discurso dedicada às próximas eleições autárquicas, Paulo Raimundo quis deixar uma nota de confiança, propugnando que o projeto da CDU para o poder local “não se confunde com nenhum outro”. Excluídas do texto ficaram as eleições presidenciais de 2026.No sábado, Jerónimo de Sousa subiu ao púlpito do Congresso para recordar que o PCP sempre se ergueu em momentos desafiantes. Para o ex-secretário geral dos comunistas, também agora é o PCP que assume a luta em prol dos trabalhadores e contra ofensivas às conquistas do 25 de Abril.
“Aproveitemos esta experiência para tomar a iniciativa e intensificar a preparação das próximas eleições autárquicas. Façamos das eleições autárquicas uma grande jornada de contacto e mobilização popular”, exortou o dirigente comunista, para quem o PCP deve concretizar “uma ampla ação de apoio popular à CDU, espaço de ampla convergência, onde cabem todos os que anseiam resolver os problemas concretos das populações, dos que querem justamente viver melhor na sua terra”.
“Mobilizemos comunistas, ecologistas, mobilizemos independentes, mobilizemos todos independentemente das suas opções partidárias para dar ainda mais força a um projeto”.
“Quem tem um projeto autárquico sem paralelo como o dos comunistas e com provas dadas; quem tem eleitos ligados às populações como são os da CDU; quem tem como marca trabalho, honestidade e competência; quem se lança numa ampla jornada de contacto, mobilização e envolvimento de apoio popular, só tem razões para ter confiança para a batalha das eleições autárquicas”, rematou.
PSD, PS, BE, Livre e PEV fizeram-se representar no encerramento do XXII Congresso do PCP. Chega, IL e CDS-PP não receberam convite.
c/ Lusa
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