Foto: Nuno Veiga - Lusa
Tinha 90 anos. Resistente antifascista, Camilo Mortágua era pai das deputadas do Bloco de Esquerda, Mariana e Joana Mortágua. Durante a ditadura, participou em várias ações contra o regime de Salazar, como o assalto ao paquete Santa Maria em 1961. Em junho de 2005 foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem da Liberdade. Na página da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa deixa uma mensagem pesar às deputadas Joana e Mariana Mortágua pela morte de "um lutador contra a ditadura durante muitas décadas" que teve uma "longa e multifacetada vida ao serviço dos ideais que abraçava".
Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado apresenta o seu pesar "às deputadas Mariana e Joana Mortágua e restante família, amigos e admiradores de Camilo Mortágua".
No texto, Marcelo Rebelo de Sousa recorda Camilo Mortágua como um "lutador contra a ditadura durante muitas décadas do século passado" que morreu hoje "ao fim de uma longa e multifacetada vida ao serviço dos ideais que abraçava".
Camilo Mortágua, residtente e antifascista
Natural de Oliveira de Azeméis, Camilo Mortágua emigrou para a Venezuela em 1951, com 17 anos. Foi a partir desse país que começou a lutar contra o fascismo em Portugal, integrou a Direção Revolucionária Ibérica de Libertação e participou no assalto ao navio Santa Maria, em 1961, sob o comando do capitão Henrique Galvão.
Nesse mesmo ano, juntamente com o revolucionário Palma Inácio e outros antifascistas, desviou um avião da TAP no percurso entre Casablanca (Marrocos) e Lisboa para largar sobre a capital portuguesa 100.000 panfletos contra o regime salazarista.
Já em 1967, esteve envolvido num assalto à filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz para financiar a atividade antifascista. Nesse mesmo ano, está na fundação da Liga de Unidade e Ação Revolucionária (LUAR).
Após a revolução de 25 de Abril de 1974, Camilo Mortágua dinamizou a ocupação da Herdade da Torre Bela, no Ribatejo, da qual resultou a criação da cooperativa Torre Bela.
Concentrou então a sua atenção no desenvolvimento rural e local desde a vila de Alvito, no Alentejo, onde se fixou nos anos 80 do século XX e da qual Mariana e Joana Mortágua são naturais.
Em 1991 fundou a Associação Terras Dentro, nas Alcáçovas, e foi presidente da Presidente da Associação para as Universidades Rurais Europeias (APURE).
Camilo Mortágua publicou as suas memórias em dois volumes, intituladas "Andanças para a Liberdade", nas quais percorre a sua vida desde a infância na Beira Litoral até ao 25 de Abril.
c/ Lusa